26 de outubro de 2024

Número de mulheres que comandam lares no Brasil é quase igual ao de homens, aponta IBGE

O Censo 2022 mostra que, em 10 estados, elas já ultrapassaram os homens como provedoras. Além do sustento, muitas realizam sozinhas a tarefa de cuidar da família. Censo mostra aumento de pessoas morando sozinhas
Imagem: Reprodução/TV Globo
Novos dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE, mostram que cresceu o número de mulheres responsáveis pelo sustento da família.
Não basta estar bonita. Ela quer ser livre. A professora de jiu-jitsu Milena Beatriz participa do curso profissionalizante de maquiagem no Rio de Janeiro. Depois que se separou do marido, a realidade mudou e ela teve que mudar também.
“Eu sou a provedora do lar. Lá em casa, eu sou a chefe. Eu moro de aluguel, e é tudo comigo”
A Milena não está sozinha. O coro é forte. Rosenilde da Silva é baba há mais de 50 anos e agora quer mais uma opção.
“Aprender uma coisa nova, que é sempre bom. Se não tem uma coisa, tem outra. Aí você vai ganhar dinheiro dos dois lados”, diz.
O curso é um pequeno exemplo da mudança que aconteceu na sociedade brasileira. Este Censo mostra que quase a metade das casas do Brasil é chefiada por mulheres. E, em dez estados, inclusive no Rio de Janeiro, elas já ultrapassaram os homens como provedoras.
Além do sustento, muitas realizam sozinhas a tarefa de cuidar da família. Foi uma mudança significativa em relação ao último Censo, em 2010, quando o percentual de homens responsáveis pelos domicílios era bem maior do que o de mulheres.
“Você tem mulheres mais sobrecarregadas, famílias com mais dificuldade, famílias onde você não tem uma distribuição correta do trabalho, onde você não tem uma remuneração desse trabalho, e isso cria uma situação de instabilidade”, afirma Ana Fontes, professora e especialista em diversidade.
O Brasil tem, hoje, 72 milhões de unidades domésticas, 15 milhões a mais do que em 2010. A familiar formada por um casal, com ou sem filhos, é maioria: 64% do total. Os lares com mesmo sexo aumentaram seis vezes, são mais de 391 mil no país.
Aqueles que optam por morar sozinhos estão cada vez em maior número. A casa de uma pessoa só ultrapassou a chamada família estendida.
A cuidadora de Rosana da Silva Santos está feliz com a escolha de viver só.
“Eu cuido da minha casa, eu me sustento, eu ajudo quem precisar. Eu amo minha solitude, eu curto a minha solitude. Então, a solitude para mim é tudo”, diz.
Aumentou também o percentual de casais que decidem não ter filhos: um em cada cinco. Em 2010, não eram tantos.
“Na média geral, as pessoas estão tendo menos filhos, estão buscando mais um estilo de vida, um padrão de vida diferente para poder conseguir fazer a sua renda, fazer seu desenvolvimento, o desenvolvimento de carreira”, afirma Ana Pontes.
A maquiadora Leila Fernandes não se desenvolveu na carreira simplesmente porque quis. Ela foi vítima de violência doméstica e só conseguiu sair de casa porque fez o curso profissionalizante de maquiadora.
Ela se formou e, agora é também professora. Voltou a sorrir e sabe o que ensinar à filha de 15 anos.
“O importante é você caminhar, e se você tiver que caminhar sozinha, caminha sozinha. O importante é caminhar, de verdade”, diz Leila.
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