14 de abril de 2025

Número de pessoas afastadas do trabalho por problemas psicológicos aumenta em Rio Preto, aponta INSS

Somente nos primeiros três meses deste ano, 119 pessoas foram afastadas das atividades por quadros depressivos, uma média de 40 por mês. Entre eles, Thaís Viena, de 22 anos, que foi diagnosticada com TAG aos 17. Número de pessoas afastadas por problemas psicológicos aumenta em Rio Preto
Com 22 anos, uma agente de logística de São José do Rio Preto (SP) precisou ser afastada temporariamente do trabalho devido ao diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
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À TV TEM, Thaís Viena conta que, com apoio da família, precisou buscar um psiquiatra especializado no caso, aos 17 anos, para começar a tomar a medicação necessária, além da terapia com psicólogo. Em maio deste ano, devido aos sintomas, recebeu a recomendação médica de afastamento do trabalho.
“Eu pedi o afastamento por um semana, depois precisei afastar por mais duas. Me senti como se estivesse doente, o coração parecia que ia sair pela boca, o braço começa a formigar, um desespero, medo. Sentia angústia, não tinha vontade de fazer nada, não conseguia me concentrar”, revela Thaís.
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O caso de Thaís, contudo, não é isolado. A cada ano, dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) obtidos pela TV TEM, revelam um aumento de pessoas que são afastadas do trabalho por problemas psicológicas, sendo a depressão a principal delas, em Rio Preto.
Thaís Viena foi diagnosticada com Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) em Rio Preto (SP)
Thaís Viena/Arquivo pessoal
Somente nos primeiros três meses deste ano, 119 pessoas foram afastadas das atividades por quadros depressivos, uma média de 40 por mês. Em 2023, foram 24 trabalhadores afastados por mês, um aumento de mais de 60%, considerando a média mensal, se comparado a este ano.
Como no caso de Thais, a ansiedade também representa um empecilho quando não tratada. Em Rio Preto, 157 pessoas foram afastadas das atividades no ano passado, uma média de 13 pessoas por mês. No primeiro trimestre deste ano, esse número chega a 62 pessoas, ou seja, em média 21 trabalhadores por mês – um aumento aproximado de quase 60% considerando a média mensal.
No Brasil, o número de afastamentos e aposentadorias por transtornos mentais cresceu quase 40% em 2023, comparado a 2022. Desses, foram quase 290 mil benefícios por incapacidade relacionada à saúde mental.
Juliana Ferrari Spolon é psicóloga organizacional e do trabalho em São José do Rio Preto (SP)
Juliana Ferrari Spolon/Arquivo pessoal
Para a psicóloga e especialista em recursos humanos, Juliana Ferrari, as estatísticas revelam uma realidade conectada ao estilo de vida que os trabalhadores levam no dia a dia: a necessidade de ser produtivo o tempo todo, cumprir metas audaciosas e por vezes, deixar a saúde de lado em prol do sucesso.
À TV TEM, Juliana disse que acredita que é papel das empresas investir em ações que ajudem a melhorar o ambiente corporativo, tornando o local mais saudável.
“Há um aumento de pressão e cobrança no trabalho por conta que nossos clientes estão cada vez mais exigentes, com muita concorrência, pressão para sobrevivência no mercado. Estamos vivenciando a sequela das angústias e sofrimento que tivemos na pandemia. Isso intensificou o trabalho”, explica Juliana.
Afastamento regulamentado
Agência do INSS em São José do Rio Preto (SP)
Reprodução/Google Street View
No Brasil, o afastamento do trabalho por doenças ou problemas psicológicos é regulamentado pela legislação trabalhista e previdenciária. Para solicitar o afastamento, o trabalhador precisa apresentar um atestado médico comprovando a necessidade e passar por avaliação pericial do INSS.
Qualquer pessoa que seja segurada tem direito ao auxílio-doença, incluindo empregados CLT, autônomos, empreendedores, facultativos ou contribuintes individuais.
No ano passado, o Ministério da Saúde publicou uma portaria que atualiza a lista de doenças relacionadas ao trabalho no país, publicada originalmente em 1999.
Carteira de trabalho
Heloise Hamada/g1/Arquivo
O número de patologias quase dobrou: de 182 para 347 e foram incluídas doenças como Covid-19, burnout, abuso de drogas, tentativa de suicídio e transtornos mentais (acesse a lista completa abaixo).
Mas quais direitos tem o funcionário com burnout, depressão ou outra doença relacionada ao trabalho? Leia na reportagem.
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