Prefeito de São Paulo busca à reeleição pelo MDB e participou nesta quinta (22) de agenda como candidato em associação de bares e restaurantes. Ele chamou José Luiz Datena (PSDB) de ‘gagá’, ligou Guilherme Boulos (PSOL) a invasões do MTST, e classificou Pablo Marçal (PRTB) como ‘lunático’. Ricardo Nunes durante encontro com empresários e donos de bares e restaurantes em São Paulo
Kleber Tomaz/g1
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) mudou o tom da campanha eleitoral na disputa por sua reeleição em São Paulo. Nesta quinta-feira (22), mesmo sem citar nomes, o candidato atacou os seus principais adversários políticos no pleito.
Na terça-feira (20), Nunes havia dado um tom mais amistoso quando foi indagado sobre seus adversários políticos. “Eu sei respeitar meus concorrentes. Eles não são meus inimigos, são concorrentes para o pleito eleitoral”, falou durante caminhada na Zona Norte.
Pela ordem, as críticas de Nunes foram direcionadas a José Luiz Datena (PSDB), chamado por ele de “gagá”. Depois ligou Guilherme Boulos (PSOL) ao que considerou serem invasões do MTST. E classificou Pablo Marçal (PRTB) como sendo um “lunático”.
As declarações foram feitas nesta manhã num evento de campanha na sede da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel-SP). Empresários e donos de estabelecimentos comerciais participaram do encontro no Pacaembu, Zona Oeste da capital paulista.
O prefeito-candidato ouviu pedidos da categoria e apresentou suas propostas de governo para as demandas feitas pelos representantes. Usando um adesivo sobre o paletó com seu número na urna, Nunes se sentou à mesa ao lado de dirigentes da Abrasel e usou um microfone para falar.
Durante seu discurso, ele procurou citar cada um dos seus principais oponentes mesmo sem dizer os nomes deles.
Datena
“Agora a gente vive uma guerra de narrativas, né… uma guerra de narrativa, tem um, um…um gagá aí que é candidato a prefeito também… que a vida dele quando tava na televisão era detonar o Centro de São Paulo para buscar audiência… e a gente tinha ali uma ação de desinformação”, disse Nunes sobre o tucano Datena após comentar que 21 mil empresas foram para a região central entre 2021 a junho de 2024.
Boulos
Ainda quando falava ter conseguido trazer empresas de volta a São Paulo, Nunes relacionou Boulos com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). O candidato do PSOL chegou a ser coordenador do grupo no passado. O prefeito votou a criminalizar as ações do MTST de ocupar espaços públicos e privados em protesto para cobrar moradia.
“Acho que existe uma diferença muito grande aí entre os candidatos. Alguém, que agora… a turma dele do MTST… agora, em 2021, invadiram a Bolsa de Valores [B3] no Centro de São Paulo, invadiram. Alguém que invadiu o Ministério da Fazenda e subiu em cima da mesa. Não é possível alguém em sã consciência imaginar, né, que uma pessoa dessa tem o mínimo de capacidade de liderar a cidade que é a maior da América Latina… a décima cidade do mundo, a cidade que está inserida na quinta maior metrópole do mundo.”
Marçal
Se dirigindo à plateia de representantes de bares e restaurantes, Nunes pediu que eles votassem com “consciência” para não escolherem colocar na prefeitura alguém sem conhecimento do que é governar São Paulo. Nesse momento, ele se referiu a Marçal, mas não disse o nome do candidato do PRTB.
“Ou a gente tem um outro lunático que fala que as propostas é fazer um teleférico pra transporte de massa… pra um desconhecimento total. Eu não vou nem falar que ele não mora em São Paulo…”, falou o prefeito. “Mas a falta de conhecimento das reais necessidades da cidade, né, pode nos levar… mas eu tenho certeza que não vai… a um retrocesso na cidade.”
Isenção do IPTU
Nunes participa de encontro com a Abrasel em São Paulo
Kleber Tomaz/g1
Ainda durante o encontro com a Abrasel, Nunes foi provocado por um dos membros da associação para acabar com a cobrança do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) para bares e restaurantes.
“Nós queremos a oportunidade de reivindicar, insistir na isenção do IPTU para os estabelecimentos que estão no Centro da cidade, pelo menos por um tempo, para recuperação da cidade. A outra que nós temos discutido aqui, que é importante, é o tombamento de determinados bares e restaurantes”, falou Percival Maricato, diretor institucional da Abrasel em São Paulo.
Quando comentou a declaração do membro da associação, Nunes alegou que sua administração reduziu a cobrança de taxas.
“Nós eliminamos, por exemplo, o TFA, a Taxa de Fiscalização de Anúncio… já em 2022 eu eliminei essa taxa. Mandei um projeto para a Câmara [Municipal de Vereadores] e nós acabamos… não existe mais TFA na cidade de São Paulo”, disse o prefeito.
E sobre o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) se justificou, dizendo que “com relação aos impostos, a gente só reduziu impostos”. “Nós não aumentamos o IPTU”, reforçou Nunes.
O prefeito não debateu o mérito da suspensão da cobrança, como o membro da Abrasel levantou.
Cracolândia
Ricardo Nunes se encontrou com empresários e donos de bares e restaurantes na Zona Oeste de São Paulo
Kleber Tomaz/g1
Após a reunião com a entidade, Nunes conversou com jornalistas de órgãos de imprensa que cobriam sua agenda, e foi perguntado sobre o que seu programa de governo tem para reduzir os danos para o comércio e usuários na Cracolândia. A região fica no Centro da cidade e é conhecida pelo tráfico e consumo de drogas.
Segundo Nunes, a solução para o fim da Cracolândia passa por ações de segurança pública e saúde. Para os jornalistas, o prefeito citou o nome de Boulos para comentar a sua proposta.
“Deixa eu fazer aqui um comparativo, que é importante. O que eu sempre defendi e já escrevi artigo sobre isso? Eu defendo uma polícia preparada, bem armada, bem remunerada, que é o que eu fiz com a Guarda Civil Metropolitana [GCM]”, falou Nunes.
“O meu adversário, Guilherme Boulos, defende a desmilitarização. Já escreveu sobre isso, já teve isso colocado no seu plano de governo. Então são coisas muito distintas e muito diferentes. Um defende a polícia armada e preparada, que é o meu caso. E outro defende a extinção da Polícia Militar [PM]”, comentou o prefeito.
“Não existe combater o tráfico de drogas se você não tiver a polícia muito forte e atuante”, disse Nunes, que depois falou como pensa a questão dos aparelhos de saúde na Cracolândia. “A gente trabalha com o oferecimento para os dependentes químicos de tratamento”.