19 de outubro de 2024

O que dizem os planos de Nunes e Boulos sobre crise climática e meio ambiente: prefeito não cita podas, e deputado é genérico

Cidade de São Paulo sofreu com as consequências das mudanças climáticas nos últimos dias, e o assunto ficou no centro do debate. Confira propostas dos dois candidatos que se enfrentam no segundo turno das eleições municipais. Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL)
Montagem/g1 com fotos de RAUL LUCIANO/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO; WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO; ROBERTO SUNGI/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Para concorrer às eleições, os candidatos a prefeito devem publicar na plataforma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seus plano de governo, que contêm as principais propostas para a cidade em diversos aspectos.
O g1 analisou os programas de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) para entender o que eles têm a dizer e quais são suas sugestões de melhoria para a cidade de São Paulo nas temáticas de crise climática e meio ambiente.
De maneira geral, o plano do atual prefeito se concentra em citar realizações feitas ao longo do mandato, e não traz muita inovação, apesar de fazer algumas promessas sobre o tema. Já o documento apresentado pelo deputado federal até busca propor novas ideias para a cidade, mas peca por ser genérico e sucinto.
Podas de árvores 🌳
A capital paulista tem uma fila de 13,9 mil pedidos de poda ou remoção de árvores pendentes. A queda de árvores foi um dos principais fatores que levou ao apagão na cidade e afetou centenas de milhares de pessoas.
O plano de governo de Nunes não cita poda de árvore. Quando aborda a questão da zeladoria, o documento se limita a dizer que houve investimento durante o mandato e que a gestão dobrou o número de funcionários na área.
Já o plano de Boulos traz duas propostas sobre o assunto. O deputado promete usar tecnologia “para monitorar a saúde das árvores e para tornar mais eficientes os serviços de poda e manejo”. Quando fala em zeladoria, o candidato afirma que vai “inovar nos serviços” da área por meio de “tecnologia aos serviços de corte, poda de árvore, capinação e limpeza de bueiros, dando mais eficiência aos processos e diminuindo custos”.
Combate a enchentes ⛈️
Nunes foca, principalmente, em projetos já iniciados durante seu mandato. Ele diz que investiu em programas de drenagem com 218 obras já entregues e 61 ainda em andamento, além de três piscinões entregues e outros oito em obras.
“Para aumentar ainda mais a resiliência da cidade no combate às enchentes, publicamos duas edições do Plano Diretor de Drenagem. […] 76 obras foram concluídas em áreas de risco e mais 44 estão em andamento. […] O Plano Preventivo Chuvas de Verão (PPCV) busca enfrentar os problemas causados por eventos climáticos extremos, como enchentes e deslizamentos”, diz o documento.
O texto ainda cita o PIU Tamanduateí como uma saída para combater enchentes nas zonas Sul e Leste, a publicação do Plano Municipal de Redução de Riscos e a aprovação de Projetos de Intervenção Urbana (PIUs) “em áreas estratégicas também contribuem para uma cidade mais segura”.
Boulos afirma que vai atuar em distritos com menores índices de área verde, trabalho em microbacias e ações de prevenção a enchentes e resiliência climática.
De forma mais específica, o plano do deputado fala em atualizar o Plano Diretor de Drenagem (PDD), “associando obras que utilizem estruturas de retenção convencionais com infraestrutura verde, priorizando áreas permeáveis, como parques lineares, praças de infiltração, jardins de chuva e microrreservatórios”.
Poluição 🚗💨
Os planos de governo de ambos os candidatos não citam o termo de forma específica em um contexto de propostas, apesar de a poluição ser um tema recorrente em São Paulo, uma cidade altamente motorizada.
O documento apresentado pelo deputado federal usa diretamente a expressão apenas ao se referir ao “trânsito caótico”. Ainda sobre o tema, mas de forma genérica, Boulos promete que vai realizar o maior programa de sustentabilidade urbana da história da capital, “com ampliação de áreas permeáveis, universalização da coleta seletiva de resíduos e transição energética para reduzir as emissões de carbono”.
Uma proposta que se relaciona com tema apresentado pelo candidato do PSOL é o estímulo ao uso de combustíveis limpos e renováveis, “com a meta de tornar 50% da frota de ônibus elétrica ou híbrida” e a aplicação da lei municipal 15.997 a fim de promover a política de incentivo ao uso de carros elétricos ou movidos a hidrogênio.
Já o plano de Nunes, de fato, não menciona o termo em si. Sobre o tema, o prefeito diz que vai implementar políticas eficazes que reduzam as emissões de carbono no setor de transporte.
“Neste contexto, buscaremos a integração da eletricidade, biometano e hidrogênio de baixo carbono como fontes sustentáveis de energia para veículos, alinhando-se com os objetivos de sustentabilidade e inovação. Incentivaremos a descarbonização da frota vinculada aos serviços autorizados de táxis e transporte escolar e continuaremos com a substituição da frota a diesel por veículos não poluentes, buscando um transporte mais limpo e eficiente”, diz o documento.
O candidato do MDB também promete expandir a rede de ciclovias, criar parques e expandir as áreas arborizadas. “Adotaremos práticas e tecnologias que reduzam nossas emissões de carbono e promovam uma matriz energética mais limpa e diversificada, a partir do aproveitamento dos resíduos sólidos urbanos”, aponta o plano.
Mudança e emergência climática ⛈️
Boulos fala em liderar projetos de cooperação internacional que envolvam mitigação e adaptação às mudanças climáticas: “Vamos colocar São Paulo em sintonia com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU e a Agenda 2030, atraindo financiamentos internacionais que fomentem projetos para o desenvolvimento justo e sustentável”.
O plano do candidato do PSOL diz que a emergência climática é um dos três grandes desafios a serem encarados na cidade.
O documento também fala na elaboração de um novo Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) e na criação de Centros de Referência de Proteção e Defesa Civil, “reorganizando a estrutura do município para uma gestão permanentemente de riscos e desastres, com políticas preventivas e de preparação para situações de emergência climática”.
Nunes aposta em uma Defesa Civil bem estruturada para lidar com contingências civis e eventos climáticos extremos: “A modernização da frota e a realização de simulados garantem respostas mais eficientes a desastres, enquanto a integração com a Guarda Civil amplia a capacidade de atendimento e auxílio à população em momentos de crise”.
O atual prefeito afirma que vai adotar um conjunto de estratégias para a resiliência da cidade frente a desastres: “O foco principal é fortalecer a Coordenação Municipal de Defesa Civil e consolidar o Plano Municipal de Redução de Riscos”.
O documento continua nesse sentido: “Pretendemos aprimorar o Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo e ampliar o monitoramento de áreas de risco”.
O candidato do MDB também cita que “o Plano Preventivo Chuvas de Verão busca enfrentar os problemas causados por eventos climáticos extremos, como enchentes e deslizamentos, enquanto o Plano de Ação Climática do Município visa aprimorar o acompanhamento das ações de combate aos efeitos das mudanças climáticas e a qualidade das informações fornecidas pelos órgãos responsáveis”.
Arborização e calor extremo 🌡️
Para enfrentar as ondas de calor, o atual prefeito garante que o Programa Local de Adaptação e Resiliência Climática (PLARC) “será expandido, com a criação de áreas verdes estratégicas para melhorar a qualidade de vida”.
Neste tema, o plano de Nunes foca na criação de parques durante seu mandato: “Destinamos mais de R$ 280 milhões para a criação de novos parques, incluindo a aquisição de 235 hectares e a requalificação de 32 parques. Além disso, plantamos 191 mil novas árvores e recuperamos um grande território de áreas públicas de parques”.
Boulos também acredita que novos parques e praças são uma boa saída para a mitigação do calor, além de promover campanhas de arborização.
O deputado federal também fala em criar corredores verdes: “Vamos arborizar vias e áreas públicas, especialmente nas ilhas de calor urbanas”.

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