20 de setembro de 2024

O que são as ‘guerras’ com bolinhas de gel e por que elas acendem um alerta para autoridades em SP

Partidas têm regras próprias, e armas de brinquedo utilizadas podem custar até R$ 700. Secretaria de Segurança Pública diz que prática é ‘perigosa’ e ‘pode gerar inúmeros transtornos’. ‘Guerras’ com bolinhas de gel ganham adeptos em Campinas, e polícia alerta para perigos
As regras são claras e alinhadas pelos líderes de cada equipe antes das partidas: não é permitido bater no “marcador” – como são chamados os equipamentos utilizados – de outro participante ou iniciar brigas. Se a munição acabar, é só levantar a mão para sair do jogo.
Poderia ser a descrição de um videogame, mas é, na verdade, a forma como são organizadas as “guerras” com armas de bolinhas de gel nas ruas de Campinas (SP), segundo um participante. A prática, que tem atraído adeptos em vários bairros, acendeu um alerta para as autoridades.
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A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) definiu a prática como uma “brincadeira perigosa” que pode gerar acidentes de trânsito, ferimentos e até “mal-entendido ao ser confundida com uma arma real”. Na capital, a Polícia Militar deteve 18 pessoas em um evento semelhante.
Já quem participa defende que as regras são criteriosas. “[Estamos] sempre prezando para não ficar no meio da rua quando tiver carro, ou não se jogar, não tentar tirar as pessoas do carro, não tentar ‘relar’ no carro, para não acarretar nada que possa estar prejudicando a saúde de alguém”, conta o autônomo Lucas Camargo.
‘Guerra’ de bolinhas em gel ganhou adeptos em bairros de Campinas (SP)
Instagram/Reprodução
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Para o jogador, o maior trunfo da prática é a possibilidade de reunir pessoas de todas as idades e incentivar a brincadeira de rua, desconectada de celulares. “É difícil você ver as crianças na rua brincando de esconde-esconde, de pique-bandeira. As mães não deixam, têm medo de ir para o lado errado”.
“A partir do momento que começou a fazer essa brincadeira, a gente está vendo crianças, jovens, adultos, todo mundo junto no seu ideal, que é só se divertir ali. Isso é muito gratificante porque você tira totalmente o foco das coisas erradas no mundo e puxa aquele essencial, que é a brincadeira de rua, que é um negócio de ensina bastante para as pessoas”, diz.
Grupos marcam partidas por meio de aplicativo de mensagens
Arquivo pessoal
‘Marcadores’ de até R$ 700
O jogador relata que as partidas são marcadas em grupos do WhatsApp que reúnem membros de diversas regiões da cidade. É justamente por isso que as “guerras” acontecem sempre em lugares diferentes.
Segundo Lucas, a última partida realizada pelo grupo reuniu 92 pessoas em meio às ruas do bairro. O interesse crescente na brincadeira também inflou os preços dos equipamentos utilizados pelos jogadores, especialmente as armas de brinquedo e a munição.
“Começou baratinho. Primeira vez que a gente comprou isso, a gente pagando R$ 100, R$ 150 no marcador. Mas agora, o mais simples, hoje em dia, tá R$ 280. Para começar a jogar, tem que pagar R$ 280 reais no mais simples. Mas aí varia, tem modelos que chegam até R$ 700 reais”, afirma.
A fabricação e venda de réplicas de armas, no entanto, é vedada pelo Estatuto do Desarmamento, segundo a SSP-SP. Já quem participa das “guerras” reforça que os equipamentos de brinquedo têm aparência pouco semelhante à dos reais.
“Eu não vi o perigo na arma. Porque ela é toda ilustrativa também, não tem como considerar que alguém possa fazer assalto com essa arma, não tem como considerar que tem que ser uma arma verdadeira porque, praticamente, só tem armas assim em jogos”, analisa Lucas.
Em 10 de setembro, a PM deteve 18 pessoas durante prática com armas que disparam bolinhas em gel
Secretaria da Segurança Pública de São Paulo/Divulgação
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