20 de novembro de 2024

O que se sabe sobre o caso do jovem que morreu no Lourenço Jorge em episódio que família acusa médico de agressão

O rapaz deu entrada no Lourenço Jorge esfaqueado, ficou agitado na unidade de saúde e a família diz que ele morreu após ser agredido por um médico. Já a Secretaria Municipal de Saúde diz que jovem precisou ser contido, mas, como sangrava muito, não resistiu. Richard tinha 20 anos
Arquivo pessoal
A Polícia do Rio segue investigando a morte de Richard Ferreira da Cruz, de 20 anos, no último sábado (10). O rapaz deu entrada em um hospital da Zona Oeste do Rio esfaqueado, ficou agitado na unidade de saúde e a família diz que ele morreu após ser agredido por um médico.
Já a Secretaria Municipal de Saúde diz que jovem atacou a equipe e precisou ser contido, mas, como sangrava muito, não resistiu.
Veja, abaixo, o que se sabe sobre o caso até o momento:
Em que condição Richard chegou ao hospital ?
O rapaz foi encontrado com um ferimento no pescoço e duas sacolas de compras em frente ao Carrefour da Barra da Tijuca. Ele foi levado pelos bombeiros para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, que fica a poucos metros do estabelecimento.
Segundo a família, ele sofreu um assalto.
O que aconteceu antes da morte, segundo a família?
A mãe de Richard, Alessandra Ferreira da Silva, contou que recebeu uma ligação do hospital no início da madrugada de domingo (11) informando que o filho estava muito agitado. Ela disse que foi ao local e explicou para a equipe do plantão que o filho sofria de depressão e bipolaridade, e que já tinha tentado o suicídio.
De acordo com Lidiane Teixeira, que se considera tia de Richard, Alessandra cogitou transferi-lo a uma unidade particular. A própria Lidiane, entretanto, recomendou deixá-lo no Lourenço Jorge, “porque ele estava falando e estava bem, que o sangue já estava estancado”.
Richard, no entanto, começou a ficar muito agitado. A mãe foi chamada para acalmar o rapaz, que disse: “Mãe, eu quero sair daqui. Estão me maltratando, eu quero sair daqui”, segundo Lidiane.
Antes da confusão, segundo a tia, o médico acusado pela família pela agressão ainda disse: “A senhora sabe que seu filho precisa de tratamento psicológico urgente, né?”
A mãe disse que pediu que o filho fosse sedado. Foi quando, segundo ela, ele levantou da cama e disse que iria embora.
A mãe de Richard relatou ainda que uma enfermeira deu uma advertência a ele, dizendo que precisava ficar deitado. Em seguida, o médico, de forma agressiva, gritou com o filho, dizendo que ele não podia se comportar daquela maneira.
O que causou a morte?
Segundo a tia, Richard começou a retirar os acessos e a gritar. O médico, ainda segundo ela, interveio: “Quem manda aqui sou eu! Você cala a sua boca! Quem manda aqui sou eu!”
O jovem teria se levantado e empurrou o médico. O profissional revidou com chutes e socos, e um dos golpes acertou o ferimento, que voltou a sangrar. Richard acabou morrendo.
O relato da mãe também afirma que filho foi na direção do médico, que o teria agredido, reabrindo a ferida causada pela facada. O paciente teria começado a sangrar e foi levado para a sala vermelha. Ele morreu em seguida.
A mãe disse que ainda tentou impedir a agressão, mas disse que foi ameaçada pelo médico.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde disse que o paciente estava agressivo e atacou a equipe médica, que precisou se proteger.
Afastamento de profissionais
Dois funcionários do Hospital Municipal Lourenço Jorge foram afastados temporariamente enquanto a Polícia Civil investiga se uma briga com um médico causou o óbito de Richard.
“É importante destacar que o paciente se apresentava agitado e agressivo e, conforme o relato da equipe de plantão, ele atacou os profissionais de saúde, que precisaram adotar medidas de proteção até conseguir contê-lo e encaminhá-lo à sala vermelha. Devido ao intenso sangramento, o paciente não resistiu e, infelizmente, veio a óbito”, disse o órgão.
Em nova nota, a Secretaria Municipal de Saúde disse queo afastamento é para os servidores estarem disponíveis para esclarecimentos e receberem suporte ocupacional.
O que diz o secretário de Saúde?
Em entrevista ao Bom Dia Rio desta segunda-feira (12), o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, informou que vai apurar o caso “com todo o rigor e com total imparcialidade”. Ele diz que quer saber “se houve um excesso, uma agressão do médico” no episódio.
Soranz considerou a denúncia “gravíssima”. “É muito importante que todos sejam ouvidos, todos os profissionais de saúde ou outros pacientes que estavam no local”, disse. Segundo o secretário, Richard já estava “estabilizado” quando começou a confusão.
“Tinha muita gente no hospital. Pelo relato da equipe, o paciente [Richard] estava muito agressivo, se negando a receber os cuidados, e o médico alega que teve que conter o paciente numa situação muito delicada e de muita agressividade”, descreveu Soranz.
“Fato é que era um paciente que tinha tido uma lesão por arma branca no episódio anterior, também uma situação delicada, e tinha um sangramento intenso”, detalhou.
“Então, para conter esse sangramento intenso, o paciente precisava ficar em repouso tranquilo. Tudo que ele não estava; também não era possível utilizar nenhum tipo de contenção química devido à instabilidade que o paciente tinha”, prosseguiu.
Quem é o médico ?
A identidade do médico não foi divulgada. Soranz afirmou que o profissional “não tem nenhum histórico de agressão anterior”.
A investigação policial
O caso foi registrado domingo (11) na Polícia Civil – inicialmente registrado pela 16ª DP (Barra da Tijuca) e depois pela Delegacia de Homicídios.
Delegacia de Homicídios morte de jovem durante atendimento no Lourenço Jorge

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