20 de setembro de 2024

Obesidade já afeta 1 em cada 4 brasileiros adultos; conheça os tratamentos

Doença já é considerada por muitos como epidemia, e pode causar sérios prejuízos à saúde. Médico especialista oferece dicas e orientações sobre o assunto
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O último dia 04 de março foi marcado pelo Dia Mundial da Obesidade. A data, claro, não tem nada de comemorativa: pelo contrário, é um alerta global para os perigos que o excesso de sobrepeso pode oferecer à saúde das pessoas, e uma tentativa de conscientizar a população sobre os cuidados que deve ter com seus hábitos alimentares e seu estilo de vida.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo são portadoras de obesidade. No Brasil, a situação não é muito diferente: dados do Ministério da Saúde apontam que 24,3% dos adultos brasileiros são portadores desta doença – 1 em cada 4.
“A imensa maioria dessas pessoas não se dá conta do risco que estão correndo”, alerta Dr. Allan Rodrigues de Morais, especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo com Pós Graduação em Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Instituto Hélder Polido, centro de referência em saúde em São Carlos e região.
O profissional explica que a obesidade é a base para o surgimento de diversas outras condições de saúde e doenças crônicas, como hipertensão, diabete tipo 2, colesterol alto, infartos, esteatose hepática, AVCs, problemas respiratórios, distúrbios do sono, dores nas costas e nas articulações, e em outras partes do corpo, além de outras patologias associadas.
Dr. Allan R. de Morais, especialista em Cirurgia Digestiva e Bariátrica no Instituto Hélder Polido, em São Carlos
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Mas, afinal, obesidade é uma doença?
Segundo a OMS, sim. Para a entidade, a obesidade não apenas é uma doença crônica, progressiva e recidivante (que pode voltar a aparecer na mesma pessoa), mas também é considerada uma epidemia global. Mais de um bilhão de adultos, em todo o mundo, está acima do peso – destes, 500 milhões são portadores de algum grau de obesidade.
“Os cadernos científicos de Medicina consideram a obesidade como uma doença multifatorial, ou seja, em que fatores genéticos, metabólicos, sociais, psicológicos e ambientais influenciam no seu aparecimento e progressão. Devemos entender e encarar a obesidade como uma doença que precisa de tratamento, e quanto mais precoce se trata a doença menor serão os agravos pelas outras doenças decorrentes dela, sendo que muitas destas podem fazer remissão por completo após tratamento em controle da obesidade”, esclarece Dr. Allan.
O especialista afirma que a obesidade também tem um caráter inflamatório. Ele explica que o excesso de gordura nas células reduz o fluxo sanguíneo e, por conta disso, a quantidade de oxigênio e de nutrientes que chegam a essa região também diminui. Essa situação pode causar danos celulares irreversíveis, e acaba gerando um processo inflamatório no tecido adiposo.
O que causa a obesidade?
Os motivos que levam alguém a ganhar sobrepeso e desenvolver a obesidade podem ser inúmeros. Desde os hábitos alimentares e estilo de vida, até predisposições genéticas, vários fatores podem contribuir para o aumento de peso e acúmulo de gordura em uma pessoa.
“A obesidade é comumente associada ao consumo excessivo de calorias, mas ela também pode ser causada por desequilíbrios hormonais ou transtornos psicológicos e emocionais, que levam à compulsão alimentar. Isso sem falar no aspecto genético, quando o indivíduo tem um metabolismo irregular que leva a ganhar peso com mais facilidade”, esclarece Dr. Allan.
Tratamentos variados para tipos diferentes de obesidade
Dependendo dos fatores que causam a obesidade, protocolos diferentes podem ser propostos para resolver a situação. Eles podem abranger desde mudanças no estilo de vida da pessoa – incluindo mudanças nos hábitos alimentares e combate ao sedentarismo – até tratamentos psiquiátricos e procedimentos cirúrgicos.
Dr. Allan, explica que há várias formas de classificar os casos de obesidade, mas a mais comum é em categorias, que vão de grau 1 a 3 – leve, moderada e grave (esta última, antigamente conhecida como mórbida).
“A opção pela cirurgia bariátrica e metabólica deve ser bem individualizada, de pessoa pra pessoa, e só é indicada para casos de obesidade grau 2 acompanhada de outras patologias classificadas como diabetes, esteatose hepática, doenças de refluxo, patologias de coluna e articulações entre outras, e grau 3, mesmo que não tenha outras morbidades'”, revela o especialista.
Além disso, Dr. Allan orienta que, antes de haver recomendação para a cirurgia bariátrica e metabólica, os pacientes precisam descartar outras causas patológicas para a doença e ter tentado outros métodos de redução de peso, como uso de medicações específicas, reeducação alimentar e realização de atividades físicas regulares, pois segundo ele o tratamento cirúrgico metabólico é uma parte do tratamento e tais medidas comportamentais devem seguir após a cirurgia para potencializar melhores resultados no ganho da qualidade de vida.
Apenas os casos em que essas soluções se mostram ineficazes devem ser conduzidos para cirurgia – mas não sem antes receber acompanhamento psicológico prévio para investigar as causas da obesidade e as motivações da pessoa em realizar o procedimento.
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Dr. Allan e Dr. Hélder Polido participam de uma cirurgi
Como funciona a Cirurgia Bariátrica
A cirurgia bariátrica e metabólica, popularmente conhecida como cirurgia de redução de estômago, recebe esse nome por conta de diferentes técnicas que são aplicadas durante o procedimento. Nela, a forma original do estômago é modificada para reduzir sua capacidade de receber e processar alimentos, bem como impedir a liberação de hormônios e enzimas que inibem a saciedade, impedindo também a absorção de um número exagerado de calorias.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – SBCBM, existem diferentes tipos de cirurgia bariátrica, classificadas em procedimentos restritivos (que induzem à saciedade e reduzem o grau de fome), disabsortivas (que provoca um desvio no trânsito intestinal, reduzindo a área de absorção do alimento, levando ao emagrecimento) e mistos, que utilizam os dois métodos.
Dr. Allan complementa, explicando que existem técnicas variadas para realizar o procedimento, aplicadas conforme o contexto de cada paciente.
“A técnica chamada de Sleeve, ou “manga de camisa”, retira parte do estômago sem alterar o comprimento do intestino. Costuma ser indicada para quadros menos graves de obesidade. Já no método Bypass Gástrico, o estômago é reduzido com cortes ou grampos, e é feita uma alteração no intestino para reconectá-lo à área do estômago que permanecerá funcional”, conta o médico.
O especialista afirma que a técnica do Bypass é a mais comum no Brasil, sendo utilizada em aproximadamente 70% dos procedimentos. Mas existem também outros métodos, como o Switch, que combina Bypass com Sleeve, e a banda gástrica ajustável, que utiliza um anel inflável ao redor do estômago, mas tem caído em desuso devidos os altos índices de complicações, mesmo a longo prazo.
Procedimentos cada vez menos invasivos
Dr. Allan, que também é especialista em Cirurgia Minimamente Invasiva, menciona que a cirurgia bariátrica e metabólica pode ser realizada por meio da videolaparoscopia. Neste tipo de cirurgia, ao invés de longos cortes, são feitos pequenos orifícios, nos quais se introduzem uma microcâmera de vídeo e pinças cirúrgicas com as quais o cirurgião realiza o procedimento, acompanhando o andamento por uma televisão ou monitor cirúrgico.
“A videolaparoscopia representa uma das maiores evoluções tecnológicas da medicina. As vantagens são inúmeras: menos dor no pós-operatório, menor índice de infecção, rápido retorno às atividades normais e menor incidência de hérnias incisionais e altas hospitalares mais precoces. Além disso, o resultado também é esteticamente superior”, pontua o profissional.
A decisão pelo tipo de cirurgia é baseada em critérios de segurança e de acordo com o perfil de cada pessoa, sempre com a orientação do médico, mas também com o consentimento do paciente, explica Dr. Allan. Os resultados tendem a ser bastante satisfatórios, relata.
“A cirurgia bariátrica não é o único tratamento para a obesidade, que fique claro. Ela deve ser considerada em casos específicos. Mas é hoje a técnica mais eficiente, que pode trazer resultado a médio e longo prazo com benefícios significativos para o paciente, não só em termos estéticos e de perda de peso, mas também no controle e até cura das demais doenças associadas”, finaliza o especialista.
CRM 154277
Serviço
Instituto Hélder Polido
Rua Maestro João Seppe, 900
Sala 133, Edifício Medical Center
Jardim Paraíso, São Carlos – SP
Site: www.institutohelderpolido.com.br
Telefone/WhatsApp: (16) 99312 5156 – (16) 3372 7163

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