3 de março de 2025

Óculos de realidade virtual viram arma contra o câncer e ajudam pacientes em sessões de quimioterapia no ES


Objetivo é transformar a experiência de pacientes que fazem tratamento, auxiliando na saúde mental e emocional. Três mil pessoas são atendidas via SUS no hospital que adotou a tecnologia. Pacientes com câncer vão ter óculos de realidade virtual em sessões de quimioterapia no ES
Pacientes em tratamento de câncer começaram a contar com uma nova tecnologia para ajudar durante o tratamento de quimioterapia em Vitória, no Espírito Santo. Óculos de realidade 3D oferecem uma experiência imersiva e levam a pessoa para outros países, transportam para museus e oferecem opções de aventura enquanto a medicação é ministrada. Tudo isso sem precisar sair da sala de atendimento.
Os óculos estão sendo utilizados pelo Hospital Santa Rita, que é referência em tratamentos oncológicos. A unidade atende, atualmente, três mil pessoas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
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Os óculos oferecem 19 opções de vídeos, que incluem países, aventura, relaxamento e museus. A escolha do que será exibido fica a critério do paciente.
“A imersão em realidades virtuais pode reduzir níveis de estresse e ansiedade, aliviando também dores relacionadas ao tratamento. A distração proporcionada pelo ambiente virtual favorece a produção de endorfina, hormônio do bem-estar, que contribui para a melhoria da qualidade de vida”, ressaltou o cirurgião oncológico e diretor clínico do Hospital Santa Rita, Luiz Augusto de Castro Fagundes.
Cinco óculos já estão disponibilizados para uso pelos vinte pacientes que ocupam a sala de medicação por vez. Mas a ideia é ampliar e chegar a 20 equipamentos, ou seja, uma unidade por paciente em cada sessão.
Hospital oferece óculos de realidade virtual para pacientes durante a quimioterapia no Espírito Santo.
Divulgação
“Inicialmente, essa experiência é para os nossos pacientes atendidos via SUS. A meta é, muito em breve, expandir para pacientes atendidos pelos convênios e particulares. Queremos proporcionar uma jornada agradável para aqueles que estão sob nossos cuidados, já que momentos assim refletem diretamente na adesão às terapias e na evolução clínica”, pontuou Luiz Augusto.
O projeto Realidade Transformada é pioneiro no Espírito Santo. Os óculos foram doados pela Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer (Afecc), ONG mantenedora do hospital.
Primeira impressões
Os pacientes que fazem quimioterapia no hospital ficam em uma sala que comporta 20 pessoas de cada vez, que podem ir sozinhas ou acompanhadas. Durante a quimio, elas podem usar o celular ou ouvir música.
O óculos, entretanto, vem como uma alternativa mais imersiva, promovendo um distanciamento psicológico do ambiente hospitalar e dos desafios do tratamento. É como se o paciente se “desligasse” daquele ambiente hospitalar durante o tratamento.
Os primeiros que puderam experimentar a novidade relataram sinais como diminuição da percepção de dor e passagem mais rápida do tempo de espera.
O dentista Gilberto Candido Alves Junior, 36 anos, iniciou o tratamento para um câncer no intestino e utilizou os óculos durante a primeira sessão de quimioterapia.
“Estou bem confiante. Estava aqui sentado para receber a medicação, mas, ao mesmo tempo, era como se estivesse na praia, curtindo um pôr do sol, vendo as pessoas caminhando na praia, a água batendo nos pés. Eu adorei!”, enfatizou.
Entre as opções, os pacientes podem escolher entre viagens para Sidney, na Austrália (veja como funciona); Londres, na Inglaterra; um vídeo 360° de Dubai; e um passeio para Salvador, no Brasil.
Já entre as opções de aventura estão surfe no Tahiti, vídeo de prática de ski e paraquedas, passeio de montanha-russa (veja como funciona) e até em autódromo de Fórmula 1.
Para quem curte um passeio mais histórico, as opções são o Coliseu, na Itália; e o Museu do Louvre, na França (veja como funciona). Ou, quem preferir relaxar, pode escolher entre cachoeira (veja como funciona), floresta e praia.
A auxiliar de saúde bucal, Isabel Rodrigues Moraes, de 58 anos, descobriu um câncer retossigmoide em abril de 2024. Passou por uma cirurgia de retirada da parte afetada pelo tumor e, desde setembro, começou as sessões de quimioterapia.
Desde então, foram quatro idas ao hospital por mês, sempre em sessões de quimioterapia que podem durar duas ou quatro horas.
“O tempo que eu fico lá geralmente é com o celular. Às vezes, a pessoa do lado quer conversar, ou trocar experiência. Eu também falo rapidinho com os enfermeiros e uso o tempo para descansar”, contou Isabel.
Isabel Rodrigues Moraes, de 58 anos, utilizou o óculos de realidade virtual para pacientes durante a quimioterapia pela primeira vez. Espírito Santo.
Divulgação
Ela experimentou o óculos na primeira semana e pretende usar novamente no seu próximo atendimento, que vai ser a última sessão.
“Foi primeira vez que eu coloquei um óculos de realidade virtual. Achei que dá para distrair. Para quem é mais tímido, e não conversa tanto, vai ser uma opção muito boa. […] O começo as pessoas não estavam querendo usar muito. Depois que experimentarem e tiverem mais opções, vai ser uma boa”, falou.
Para diretor clínico do hospital, é importante deixar o paciente confortável neste momento, porque isso influencia em qual vai ser o estado após o tratamento.
“Se esse processo for doloroso demais, a gente, às vezes, cura o corpo mas deixa cicatrizes mentais. Pacientes ficam deprimidos, tentam suídício, perdem o prazer da vida. E a gente quer que esse processo seja completo, a ideia é curar e devolver para sociedade são”, falou o diretor clínico do hospital.
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