Esforço de entidades de preservação de espécies ameaçadas de extinção, em extremos do país, está conseguindo devolver à natureza um casal de aves que não teria nem a chance de nascer. Um esforço de entidades de preservação de espécies ameaçadas de extinção, em extremos do país, está conseguindo devolver à natureza um casal de aves que não teria nem a chance de nascer.
Um tratamento especial para um casal de moradores da Serra da Aratanha. O lugar é umas das cinco áreas do Ceará onde o periquito cara-suja, espécie ameaçada de extinção, ainda está na natureza, além de uma pequena região da Bahia.
Mas estas duas aves não são da região. Nasceram muito longe, a mais de três quilômetros. Os pais delas estavam em um grupo de doze periquitos que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) resgatou na região cinco anos atrás.
“Alguns já estavam no destino final, que são as pessoas que compram pra criar essas aves e algumas outras ainda estavam no poder dos traficantes para serem vendidas”, contou Fábio de Paiva Nunes, coordenador do projeto cara-suja.
ONG no Ceará recebe herdeiros de aves que se livraram do tráfico de animais
Reprodução/ TV Globo
O Ibama encaminhou os animais para o Parque das Aves em Foz do Iguaçu, no Paraná, uma referência no cuidado de espécies que correm risco de extinção. A equipe do parque conseguiu fazer os periquitos se reproduzirem.
“Não é fácil. Os animais requerem uma série de ajustes, uma série de características ambientais relacionadas à umidade, a clima, e nem sempre dá certo. Às vezes, indivíduos simplesmente não se aceitam. Então a gente precisa criar todo um ambiente propício para que essa reprodução aconteça”, explicou Paloma Bosso, diretora técnica do Parque da Aves.
Pela primeira vez, filhotes nascidos no parque foram enviados de volta ao ambiente natural da espécie.
“Conversando com essa ONG que faz esse trabalho no ambiente natural, a gente entende quais são as ações necessárias e fala: ‘bom, eles estão precisando disso, então a gente aprimora os nossos trabalhos aqui. A gente refina mais os nossos manejos aqui, pra poder ter esse resultado final de enviar esses indivíduos pra eles'”, completou Paloma.
O casal de irmãos foi para um recinto pra se acostumar com o clima, conviver com outros da espécie e aos poucos começar a sair pra experimentar a liberdade na mata de onde, um dia, os pais foram capturados.
Para a ONG Aquasis, que luta pela preservação da espécie no Ceará, receber estes herdeiros de aves que se livraram do tráfico de animais representa muito.
“A gente só perde animais pro tráfico. E aí, nesse processo inverso, trazer uma ave que nasceu a milhares de quilômetros, voltando para a natureza, para a Serra da Aratanha, podendo voltar a contribuir com a ecologia desse ambiente, com serviços ambientais e ecossistêmicos que elas podem trazer de volta, né? Então isso é muito importante”, finalizou Fábio de Paiva Nunes, coordenador do projeto cara-suja.
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