Missão da organização na Venezuela produziu um documento provisório, que foi compartilhado com autoridades. Especialistas estão avaliando aspectos técnicos do processo eleitoral. Relatório de comissão da ONU acusa o presidente Nicolás Maduro e funcionários do alto escalão de envolvimento em violência sistemática
Reuters via BBC
A ONU anunciou nesta terça-feira (13) que vai divulgar um relatório “confidencial” sobre as eleições na Venezuela. Um documento provisório produzido por técnicos da organização foi entregue ao secretário-geral António Guterres.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
O relatório preliminar também foi compartilhado com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela. Até a publicação desta reportagem, outros detalhes não haviam sido divulgados.
As eleições presidenciais na Venezuela terminaram com o CNE proclamando Nicolás Maduro vitorioso. No entanto, a oposição garante que atas das urnas colhidas após o pleito dão vitória a Edmundo González, por ampla vantagem.
Farhan Haq, um dos porta-vozes de Guterres, afirmou que o relatório da ONU foi produzido por especialistas que compõem um painel eleitoral independente. Membros da equipe viajaram para a Venezuela ainda em junho, antes das eleições de 28 de julho.
Em uma nota publicada em junho, a ONU informou que o painel foi criado após um pedido do CNE da Venezuela. À época, a organização afirmou que os especialistas produziriam um relatório confidencial sobre o andamento das eleições no país.
O objetivo do relatório seria sugerir recomendações e melhorias para futuros pleitos na Venezuela. A nota indicou ainda que o documento seria “independente e interno”, direcionado ao secretário-geral.
Agora, o porta-voz da ONU disse que o relatório preliminar produzido pela equipe de especialistas será publicado. No entanto, ele não indicou uma data.
“O painel continua acompanhando os aspectos técnicos das próximas fases restantes do processo eleitoral, de acordo com seus termos de referência, e fornecerá um relatório final ao Secretário-Geral”, afirmou Haq.
LEIA TAMBÉM
Impasse na Venezuela leva Brasil a estudar proposta de uma nova eleição no país
Ex-primeira-dama argentina diz a tribunal que foi forçada por Alberto Fernández a fazer aborto; veja detalhes da denúncia
Acordo de cessar-fogo em Gaza pode atrasar retaliação do Irã contra Israel, dizem autoridades iranianas
Análise do Centro Carter
Logo após a eleição de 28 de julho, na qual Nicolás Maduro foi proclamado reeleito presidente pelas autoridades eleitorais, o Centro Carter afirmou que o pleito não poderia ser considerado democrático.
Ao todo, 17 observadores do Centro Carter acompanharam as eleições venezuelanas. O órgão já acompanhou 124 eleições em 43 países.
A entidade informou que a Venezuela “violou inúmeras disposições de suas próprias leis nacionais” e que não pôde verificar os resultados declarados pelo Conselho Nacional Eleitoral.
Além disso, o Centro Carter elencou outros problemas, como:
registro de eleitores prejudicados por prazos curtos;
requisitos excessivos, e alguns arbitrários, para cidadãos votarem no exterior, o que resultou em um número baixo de votantes fora da Venezuela;
condições desiguais de competição entre Maduro e Edmundo González, da oposição;
tentativas de restrição da campanha da oposição durante a corrida eleitoral;
falta de transparência do CNE no anúncio dos resultados.
Na mesma linha, a Organização dos Estados Americanos (OEA) produziu um relatório afirmando haver indícios de que o governo Maduro distorceu o resultado.
VÍDEOS: mais assistidos do g1