10 de janeiro de 2025

ONU critica Meta por afrouxar políticas contra discurso de ódio: ‘Regular esse conteúdo não é censura’


Na terça-feira (7), a Meta anunciou que vai suspender seu programa de verificação de fatos e mudou sua política contra conteúdos prejudiciais. Empresa passou a permitir, por exemplo, que público termos relacionados a doenças mentais sejam associados a gênero ou orientação sexual. Mark Zuckerberg anuncia que Meta vai encerrar sistema de checagem de fatos
Regulamentar discurso de ódio na internet “não é censura”, disse o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Türk. A declaração foi feita nesta sexta-feira (10), três dias após a Meta anunciar que vai suspender seu programa de verificação de fatos.
A empresa também alterou sua política contra discurso de ódio em posts no Facebook, no Instagram e no Threads. As diretrizes passaram a permitir, por exemplo, que termos referentes a doenças mentais sejam associados a gênero ou orientação sexual.
“Autorizar discursos de ódio e conteúdos prejudiciais na internet tem consequências no mundo real. Regular esse conteúdo não é censura”, disse Türk, na rede social X, cujo proprietário, Elon Musk, acusou os programas de verificação de informações de censurar vozes conservadoras.
O alto comissário também fez um apelo à “responsabilidade e governança no espaço digital, em conformidade com os direitos humanos”.
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Volker Türk, alto comissário da ONU para os direitos humanos, em foto de 9 de setembro de 2024
Fabrice Coffrini/AFP
Na terça-feira (7), a Meta afirmou que seu programa de verificação de fatos será substituído por um sistema de notas da comunidade semelhante ao usado pelo X, em que os próprios usuários fazem correções ao conteúdo de postagens. A mudança começará pelos Estados Unidos.
Como argumento para sua decisão drástica, o fundador do Meta, Mark Zuckerberg, afirmou que os verificadores de fatos “estão muito politizados e contribuíram para reduzir a confiança em vez de melhorá-la, especialmente nos Estados Unidos”.
Segundo ele, a Meta busca “restaurar a liberdade de expressão em suas plataformas”.
O anúncio da Meta ocorre após republicanos dos EUA como o empresário Musk, que é próximo do presidente eleito Donald Trump e fará parte do governo americano, reclamarem nos últimos anos sobre os programas de verificação de fatos, considerando-os uma forma de “censura”.
O programa de verificação de conteúdo inclui parcerias com veículos jornalísticos. A Meta paga para usar verificações de cerca de 80 organizações ao redor do mundo no Instagram, no Facebook e no WhatsApp.
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Drew Angerer / AFP
Questionada sobre a presença da ONU nas redes X e Meta, Michele Zaccheo, oficial de comunicações da ONU em Genebra, disse que as Nações Unidas “monitoram e avaliam constantemente” esses espaços online.
“É importante que estejamos presentes com informações baseadas em fatos, e é isso que defendemos”, acrescentou.
“Ainda não sabemos como isso vai evoluir”, mas “neste momento continuamos pensando que é importante estar presente nessas plataformas, apresentar as informações baseadas em evidências”, disse.
A porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Harris, presente na coletiva de imprensa, acrescentou que o papel dessas redes para a organização “é fornecer boa informação científica sobre saúde e devemos fazê-lo onde as pessoas procuram, portanto estaremos presentes em todas as plataformas, na medida do possível”.
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