Criminosos usavam criptomoedas e empresas de fachada para lavar dinheiro do tráfico. Operação contra tráfico internacional de drogas prende 22 pessoas em Pernambuco
Foi deflagrada, na manhã desta terça-feira (26), uma operação da Polícia Civil de Pernambuco contra uma quadrilha de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Ao todo, foram expedidos 28 mandados de prisão e 45 de busca e apreensão no Grande Recife, no Agreste do estado e em mais seis estados (veja vídeo acima).
Denominada “Ladybug”, a operação começou as investigações em fevereiro de 2022. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Adyr Almeida, a quadrilha é de Paulista, no Grande Recife e tinha um alcance nacional, circulando dinheiro em empresas laranjas de outros estados para facilitar o tráfico de drogas como cocaína.
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“Consistia, grosso modo, de remessa de dinheiro aqui de Pernambuco para empresas fantasmas lá do Paraná, na Região Metropolitana de Curitiba, fazendo com que essas empresas laranjas distribuíssem esse dinheiro advindo do tráfico para zonas de fronteiras aqui do Brasil, principalmente com a Bolívia”, disse.
Os mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos nos seguintes locais:
Recife,
Paulista;
Olinda;
Camaragibe;
Cabo de Santo Agostinho;
Abreu e Lima;
Igarassu;
Limoeiro, no Agreste;
Caruaru, no Agreste;
Pará;
Paraná;
São Paulo;
Mato Grosso;
Rondônia;
Santa Catarina.
Todos os mandados foram expedidos pelo Juízo da Primeira Vara Criminal da Comarca de Paulista e, de acordo com o delegado, 22 dos mandados de prisão foram cumpridos em Pernambuco. Os nomes e idades dos presos não foram divulgados.
Ainda segundo Aldyr Almeida, uma das estratégias da quadrilha era a compra de criptomoedas para que o dinheiro “sumisse”.
“A gente visou identificar todas as pessoas que estavam envolvidos nessa quadrilha, desde aquela pessoa que faz a venda de drogas em comunidades até aquela pessoa que recebe o dinheiro. Em cidades fronteiriças do Brasil, a aquisição de grande quantidade de cocaína. Além disso, nós tivemos também o êxito de aprender as armas utilizadas para a guerra do tráfico”, informou.
Algumas dessas armas foram apreendidas durante cumprimentos de mandados de busca e apreensão na Zona Norte do Recife e em Paulista. Na casa de um dos investigados, um homem de 28 anos que não teve o nome divulgado, os policiais encontraram munições, um fuzil, uma espingarda, duas pistolas glock e um revólver. Além de duas granadas, celulares, pen drives e porções de maconha.
Arsenal de armas foi encontrado na casa de um dos suspeitos no Recife
Polícia Civil/Divulgação
Os presos e o material apreendido foram levados para o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), em Afogados, na Zona Oeste do Recife.
Além disso, a Justiça também determinou o bloqueio judicial de ativos financeiros de cerca de R$ 15 milhões.
As investigações foram assessoradas pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco e pelo Laboratório de Lavagem de Dinheiro.
Conta, ainda, com o apoio operacional do Comando de Operações e Recursos Especiais e das Polícias Civis de São Paulo, Paraná, Pará, Rondônia, Mato Grosso e Santa Catarina.
Quadrilha tem ligação com sequestro e assassinato de adolescente
O nome “Ladybug” foi escolhido por causa do líder de uma quadrilha de traficantes conhecido como “Joaninha”, que atua em Paulista. E, de acordo com o delegado responsável pela operação, a quadrilha tem ligação com o sequestro e assassinato da adolescente Bianka Kauany Alves Rodrigues, na época com 15 anos.
Bianka foi levada de casa na madrugada de 3 de março, no Engenho Maranguape, em Paulista. De acordo com os parentes, a garota dormia com a irmã e com a avó quando homens armados arrombaram a porta da casa, invadiram o imóvel e arrastaram a adolescente até um carro.
Bianka Kauany Alves Rodrigues foi levada de casa por homens armados
Reprodução/WhatsApp
Seis dias depois, um corpo em avançado estado de decomposição foi encontrado no mesmo bairro, a poucos metros da casa da adolescente. Um dia depois, Elias Eduardo Lourenço dos Santos, de 22 anos, foi preso suspeito de envolvimento no sequestro da jovem.
Na época, o delegado responsável pelo caso Ademar Cândido disse que a motivação do crime foi a disputa de drogas na região e disputa pelo território. Ele também disse que Bianka era agenciada como avião, levando drogas, e, por isso, os criminosos achavam que ela guardava drogas dentro de casa.
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