Em um áudio, empresário conta como foi a ‘conversa franca’ que teve com a suspeita de matá-lo, a partir da qual decidiu ‘dar um voto de confiança’. Brigadeirão: Ormond disse a amiga que choro de Júlia o impressionou
Foi num reencontro em que Júlia Andrade Cathermol Pimenta “chorou muito, de soluçar”, que Luiz Marcelo Ormond decidiu “dar um voto de confiança” e reatar com a ex-companheira — e pensar em assumir uma união estável com ela.
“Eu achei que ela foi bem, bem, bem, bem convincente, principalmente no choro dela. Não foram lágrimas de crocodilo. E ela nem é atriz da Globo. Nem sei se atriz da Globo conseguiria fazer aquilo que ela fez, realmente foi bem triste”, declarou.
Júlia Andrade Cathermol Pimenta
Reprodução/TV Globo
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O relato consta de um áudio (ouça acima) enviado pelo empresário, encontrado morto no último dia 20 em casa, a uma amiga. Na mensagem, Ormond explica como se reaproximou da psicóloga, suspeita de matá-lo com um brigadeirão envenenado. Júlia está foragida.
“Eu vi que ela estava sendo franca”, disse Ormond. “Era um papo franco, honesto, para saber quais eram as intenções dela, o que ela estava pretendendo da vida, se ela estava querendo dar uma de esperta”, disse. “Nessa hora ela chorou pra cacete.”
Segundo as investigações, Ormond e Júlia tiveram casos curtos e espaçados entre 2013 e 2017. Há 2 meses, tornaram a se ver, e desta vez o empresário cogitou engatar um namoro mais firme, mas desistiu — e esse recuo teria levado Júlia a decidir matá-lo.
“Pelo que eu entendi, cara, ela se sente desamparada. Por causa de mim, ela brigou com a mãe, e a mãe dela não tá nem falando com ela”, destacou Ormond. “Ela terminou com o relacionamento que ela tinha com um cara de 2 anos, 2 anos e meio”, emendou.
“Mas ela chorou muito. De soluçar. E eu vi que não foi brincadeira. Então, por isso que me fez pensar bem e entender o que ela estava falando.”
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Motivos para o enlace
Para essa mesma amiga, Ormond explicou que o motivo de assumir uma união estável com Júlia era não ter ninguém para deixar os seus bens, caso morresse.
“Mas eu também tenho que ter uma companhia, né? Se eu morrer amanhã, minhas coisas ficam todas para o Estado. Não tenho ninguém para deixar as minhas coisas”, justificou Luiz Marcelo para a amiga.
Antes do crime, ele ainda teria dito à amiga que queria fazer tudo com calma, mas admitiu que Júlia estaria fazendo pressão para que oficializassem logo a união.
“Não é nada para ontem não. Ela que está na maior pressão. Já foi lá no cartório na segunda-feira para ver negócio de casamento. Mas eu tô segurando. Eu não vou fazer nada pra ontem não. Até porque tem que gastar grana pra fazer isso, entendeu?”, disse Luiz Marcelo.
Júlia Andrade Cathermol Pimenta é procurada pela morte do namorado, o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond
Reprodução
Motivação econômica
Segundo o delegado que investiga o caso, Júlia agiu com extrema frieza. Em seu depoimento, a suspeita disse que Luiz serviu o café da manhã dela na segunda de manhã, o que é impossível de acordo com a necropsia, já que o empresário já estava morto.
“Ela teria permanecido no interior do apartamento da vítima, com o cadáver, por cerca de 3, 4 dias. Lá ela teria dormido ao lado do cadáver, se alimentado, ela teria inclusive descido para a academia, se exercitado, retornado para o apartamento onde o cadáver se encontrava”, disse o delegado Marcos Buss, da 25ª DP (Engenho Novo).
Buss afirmou ainda que Júlia teve motivação econômica para a prática do crime.
Segundo o investigador, Júlia não gostou de saber que o namorado havia desistido de formalizar a união estável com ela.
“A motivação é econômica. Nós temos elementos que a Júlia estava em processo de formalização de uma união estável com a vítima. Mas, em determinado momento, o que nos parece, é que a vítima desistiu da formalização da união”, comentou Buss.
“Isso até robustece a hipótese de homicídio e não de um latrocínio, puro e simples, porque o plano inicial me parecia ser realmente eliminar a vítima depois que essa união estável estivesse formalizada”, analisou o delegado.