Inteligência policial considera isolamento, monitoramento e relações com outras facções. Tribunal de Justiça do Rio autorizou a transferência do contraventor do RJ para MS. Transferências complexas de presos de alta periculosidade e alcance criminoso, como é o caso do maior contraventor do Rio de Janeiro, Rogério Andrade, levam em conta critérios de monitoramento e de inteligência.
São premissas objetivas, que seguem um padrão para garantir a segurança no transporte e também dentro da penitenciária de segurança máxima.
Rogério de Andrade, maior bicheiro do Rio, é preso na manhã desta terça-feira, 29, no Rio de Janeiro
JOSE LUCENA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
1. Um dos critérios é o isolamento. Ou seja, retirar o criminoso do eixo onde sua organização criminosa é forte e, assim, afastá-lo também de contatos de integrantes do grupo.
“A análise de inteligência pensa na retirada como padrão de tirar o criminoso da sua área de influência”, disse um dos investigadores ao blog.
2. Outro critério: com quem o preso vai conviver. A chamada ‘vivência’ é o critério para decidir para onde o criminoso vai. Se vai ficar no mesmo presídio de alguma facção ou até se é melhor escolher outro destino.
A inteligência policial e penitenciária muitas vezes recomenda um presídio em que algum possível aliado esteja, caso entenda que será interessante para rastrear os passos de facções parceiras.
Isso porque todo presídio de segurança máxima é monitorado por áudio e vídeo: tudo o que é feito ou dito é gravado, inspecionado.
Esses são os eixos principais, além também de rotinas dentro do presídio. Os agentes penitenciários trabalham em rodízio para manter o padrão de ‘afastamento’ e não ter um agente com quem o preso queira estabelecer algum vínculo criminoso.
É por isso que toda a ação de transferência é sigilosa: porque leva em conta dados cruciais, determinantes para a estratégia de isolamento do preso dar certo.
Rogério Andrade é transferido para presídio federal no Mato Grosso do Sul
Caso Rogério Andrade
O contraventor Rogério de Andrade, patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel e o maior bicheiro do Rio, está sendo transferido, nesta terça-feira (12), para o Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, por determinação da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.
O bicheiro deixou Bangu escoltado por 4 viaturas do Serviço de Operações Especiais (SOE), que é o Grupamento de Escolta Penitenciária da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) — e foi levado até a Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador.
Lá, uma aeronave da Polícia Federal (PF) o aguarda para fazer a transferência. O avião com agentes federais o levará voo rumo ao Centro Oeste do país.
A ida do contraventor para o presídio federal foi confirmada na quarta-feira (6) pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), que vinha negociando a transferência com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), ligada ao Ministério da Justiça. Ele ficará no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).