O presidente do time, Augusto Melo, foi confrontado com essas informações, em entrevista ao repórter Renato Cury. Depoimentos inéditos reforçam a suspeita de desvio de dinheiro de um patrocínio do Corinthians
O Fantástico deste domingo (19) trouxe depoimentos inéditos que estão na investigação policial que apura se houve desvio de dinheiro em um contrato milionário de patrocínio, do Corinthians.
O empresário artístico, Antonio Pereira dos Santos, conhecido como Toninho, e o ex-funcionário dele, Sandro dos Santos Ribeiro alegam que esperavam receber R$ 25 milhões do clube.
“Nós não estávamos lá de graça. A gente estava intermediando para ter uma comissão, como existe no show business. Existe quando o cara vende um imóvel, que é um corretor. Todo mundo tem que ganhar”, disse Toninho em depoimento.
Toninho e Sandro foram ouvidos como testemunhas pelo Ministério Público e pela Polícia Civil na investigação que apura um possível desvio de dinheiro do patrocínio entre o Corinthians e o site de apostas, Vaidebet.
“Toninho me liga um dia: ‘Sandrinho, aciona aquele amigo seu do Corinthians’. Porque o menino da Vaidebet, o André. Cara, eles estão fechando uns patrocínios aí. De repente, a gente põe ele no Corinthians. Falei: ‘Beleza. Bora.’ Na hora, eu já pensei: ‘Uma comissão de um patrocínio do Corinthians, cara. Você está doido? Ganhei meu ano'”, conta Sandro.
Veja a reportagem completa no vídeo acima.
Depoimentos inéditos reforçam a suspeita de desvio de dinheiro de um patrocínio do Corinthians
Reprodução/TV Globo
Comissão milionária contestada
Segundo os depoimentos, o encontro para combinar o patrocínio aconteceu em um hotel em São Paulo, em 27 de dezembro de 2023, cinco dias antes da posse de Augusto Melo como presidente do clube.
As testemunhas dizem que participaram dessa reunião, além do próprio Augusto, o empresário artístico Toninho, o funcionário dele Sandro, o dono da Vaidebet e Marcelo Mariano, diretor administrativo que pediu demissão na semana passada.
O dono da empresa de apostas contou que aceitou a proposta de Augusto Melo de R$ 360 milhões divididos em três anos.
Segundo as testemunhas, Augusto Melo saiu do hotel antes do fim do encontro. Toninho e Sandro dizem que quiseram acertar o valor da comissão naquele momento. Mas que Marcelo Mariano, o Marcelinho, veio com a seguinte conversa:
“Ele falou: ‘O contrato tem que ser feito por empresa que já é cadastrada no Corinthians’. Que era empresa de marketing que já atendia o Corinthians e que era cadastrado, que teria que ser por ela. Falei: ‘Certeza que ele vai dar essa embarrigada em nós’. Pronto. E foi dito e feito”, diz Sandro.
Sandro e Augusto em registro
Reprodução/TV Globo
Conexões com empresas de fachada
No contrato do patrocínio, a empresa “Rede Social Media Design” aparece como intermediária do negócio. Ficou definido que o Corinthians pagaria uma comissão de 7% de cada parcela, totalizando R$ 25 milhões. Os nomes de Toninho e Sandro não são citados no contrato.
“Eu falava com o Marcelinho. Falei, cobrei muito. A Vaidebet não me devia. Quem me devia era o Corinthians. Quem recebe o dinheiro que paga comissão”, destaca Antônio.
Alex Cassundé, dono da “Rede Social Media Design” trabalhou na campanha de Augusto Melo à presidência. No depoimento, o promotor de Justiça mostrou ao dono da Vaidebet uma foto de Cassundé, mas ele negou ter tido qualquer contato com o empresário.
Em março, a Rede Social Media Design recebeu dois depósitos de R$ 700 mil cada um do Corinthians. Segundo a polícia, grande parte do dinheiro foi transferida para empresas de fachada que estão em nome de laranjas.
“Todas empresas ligadas direta ou indiretamente a pessoas do litoral, de Peruíbe. São empresas relacionadas à organização criminosa PCC”, afirma o delegado Tiago Correia.
Depoimentos inéditos reforçam a suspeita de desvio de dinheiro de patrocínio do Corinthians
Reprodução/TV Globo
Processo de impeachment
As supostas irregularidades do contrato com a Vaidebet levaram a um pedido de impeachment do presidente Augusto Melo, que será votado nesta segunda-feira (20) no Parque São Jorge, sede social do clube.
Ao Fantástico, Augusto confirmou o encontro no hotel que definiu o patrocínio de R$ 360 milhões. Disse que Marcelo Mariano, o Marcelinho, ex-diretor administrativo do clube, sempre apresentou a empresa de Alex Cassundé como a intermediadora do negócio.
“A minha parte é negociar e daí para frente fica pelos órgãos competentes do clube que analisam tudo”, declara o presidente.
Supostas irregularidades levaam a um pedido de impeachment do presidente Augusto Melo
Reprodução/TV Globo
O que dizem os citados
O advogado de Alex Cassundé disse que seu cliente “afirma categoricamente que teve contato com a Vaidebet”, inclusive com o assessor do dono do site de apostas”, e que a Rede Social Media Design foi escolhida, após critérios internos do clube.” Sobre os repasses de dinheiro, o advogado falou que “a questão é objeto de investigação e não pode dar detalhes.”
O próprio Marcelinho enviou uma nota para a equipe do Fantástico. Disse que “o contrato foi possível graças à atuação do intermediário”, no caso, Alex Cassundé. E que o patrocínio “foi assinado por todas as partes sem qualquer questionamento, o que comprova a lisura de todo o procedimento.”
Marcelo Mariano falou ainda que “confia nas autoridades e deseja que a investigação se encerre com a maior celeridade possível.”
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