Crime aconteceu na vicinal do Surrão, no município do Cantá. Gravação registrou uma conversa entre o casal e os suspeitos de cometer o crime. Dois suspeitos foram presos e ao menos outras três pessoas são investigadas por participação no crime Áudio registra conversa e seis tiros em 15 segundos no assassinato de casal em disputa por
Um áudio gravado durante o ataque que matou o casal de agricultores Flávia Guilarducci de Souza, de 50 anos, e Jânio Bonfim de Souza, de 57 anos, no município de Cantá, interior de Roraima, revela que houve uma conversa entre o casal e os suspeitos de cometer o crime. O registro, obtido pela Rede Amazônica, mostra ainda que seis tiros foram disparados em cerca de 15 segundos. Ouça acima.
O ataque aconteceu na vicinal do Surrão, na propriedade do casal. Jânio foi atingido no abdômen e morreu um dia depois do crime, na quarta-feira (24). A esposa dele, baleada na cabeça e na boca, morreu cinco dias depois, no domingo (28), no Hospital Geral de Roraima (HGR), onde ficou internada em estado grave na UTI. A suspeita é de que o crime foi motivado por disputa de terra.
Dois suspeitos, Genivaldo Lopes Viana, de 53 anos, e Luiz Lucas Raposo da Silva, de 35 anos, foram presos suspeitos de assassinar o casal, e outras três pessoas são investigadas por participação no crime (entenda mais abaixo). O g1 procurou a defesa dos presos, mas não obteve resposta até a última atualização dessa reportagem.
No áudio, registrado por Flávia, é possível ouvir quando dois homens conversam com o agricultor sobre a posse da propriedade onde ele vivia com a esposa. Na conversa, um dos suspeitos diz que o terreno é dele e faz uma proposta para que Jânio se mude, o que foi negado por ele. Veja na transcrição abaixo.
Flávia Guilarducci e Jânio Bonfim foram baleados após ter a casa onde viviam invadida por quatro homens, em Roraima.
Arquivo pessoal
Jânio Bonfim: (…) Agora você vem fazer a proposta para querer tirar eu da terra pra me levar pra outra [terra] falando que esse local é seu (…) não, não, não (sic).
Outro homem explica que entende a situação do agricultor, que já teve um gasto na propriedade, mas relata que registros de ocorrência foram feitos e que a situação seria resolvida. Em uma parte da gravação, que tem mais de seis minutos, Flávia afirma que a propriedade deles está regularizada.
Suspeito 2: Vai parar, já foi feito registro de ocorrência, foi feito tudo, já foi enviado lá. Ontem mesmo eu falei lá com a presidente, entendeu? A gente vai desenrolar essa situação (…) mas tá bom, a gente veio aí para ver.
Na sequência, enquanto o agricultor conversa com eles, Flávia ressalta que querem “tomar nossa terra tudo (sic)”. Ela é interrompida por um dos homens, o primeiro que conversa nos áudios, e o casal é baleado em seguida (confira abaixo a transcrição do momento).
Suspeito 1: Falaram que eu estava armado, não sei o quê. Armado eu tô mesmo ô.
Após isso ouvem-se dois disparos de arma de fogo e gritos.
Suspeito 2: Não faz isso não, não faz isso não.
Suspeito 1: Bora, bora, bora.
Na sequência ouvem-se mais quatro tiros.
Procurada, a Polícia Civil informou que a Delegacia Geral de Homicídios (DGH) passou a atuar na investigação de duplo homicídio, após designação formal da Delegacia-Geral diante de “novos acontecimentos, dando conta de arquivos de mídia registrados pelo agricultor” e armazenados em um celular apresentado na sede da DGH.
“As investigações estão buscando alcançar todos os envolvidos no caso, assim como esclarecer a identidade dos interlocutores que constam na gravação viralizada nas redes sociais sobre o caso”, ressaltou.
Caso ocorreu na vicinal do Surrão, no Cantá.
PMRR/Divulgação
Dois suspeitos presos
Após o crime, os agentes da Polícia Civil iniciaram investigações e apuraram que uma testemunha que prestou socorro ao casal também foi ameaçada pelos quatro homens no dia anterior ao crime. Dois homens foram presos.
A testemunha e o agricultor haviam combinado de fazer uma plantação de feijão numa parte da terra. Na segunda-feira (22), a testemunha olhava o local onde fariam a plantação quando chegaram os quatro homens e um deles estava armado com uma pistola calibre 380.
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Segundo a testemunha, que ainda chegou a conversar com o agricultor sobre as ameaças, este afirmou que a terra lhe pertencia e estava toda documentada.
“A vítima disse a essa testemunha que era dono da terra e que tinha toda a documentação comprobatória, mas que já tinha recebido outras ameaças anteriormente dos suspeitos e, inclusive, registrado um Boletim de Ocorrência dessas ameaças”, disse o delegado titular do município, Ronaldo Sciotti.
As investigações ainda apontaram que os dois homens estiveram numa loja e compraram munição e também estavam juntos quando as vítimas tiveram suas terras invadidas e foram baleadas.
Genivaldo Lopes, de 53 anos, e Luiz Lucas Raposo, de 35, foram presos um dia após o crime, na quarta-feira (24). Na ocasião, eles foram interrogados pelo delegado, acompanhados de um advogado, e usaram o direito constitucional de somente falar em juízo.
Suspeitos foram presos pela Polícia Civil.
PCRR/Divulgação
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