Luis Felipe, de Itu (SP), foi preparador físico da seleção masculina de futebol de cegos no ouro das Paralimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Oito anos depois, ele dá início a uma nova meta, com uma nova equipe e em outra modalidade: o goalball feminino. Preparador físico da equipe de goalball feminino projeta campanha histórica em Paris
Arquivo pessoal
Luis Felipe Campos ainda era jovem quando decidiu estudar e se especializar em educação física adaptada, que permite levar a prática de esportes de forma inclusiva e acessível para todos.
O morador de Itu (SP) sempre sonhou alto, e o destino, quase como uma resposta à sua perseverança, o retribuiu: em poucos anos ele se encontrou com o esporte paralímpico e ajudou o Brasil a conquistar diversas medalhas, dentre elas um ouro nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.
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O ituano foi preparador físico da Seleção Brasileira de futebol de cegos, que foi campeã nas últimas cinco edições das Paralimpíadas. Na edição de 2024, em Paris, ele dá início a uma nova meta, com uma nova equipe e em outra modalidade: o goalball feminino (conheça o esporte), que estreou nesta quinta-feira (29) contra a seleção da Turquia.
Luis foi preparador físico e chamados da seleção brasileira de futebol de cegos, ouro no Rio 2016
Arquivo pessoal
A relação com o esporte paralímpico teve início ainda na graduação, quando Luis estudava educação física na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Eu tive o primeiro contato que foi com a modalidade de rugby de cadeira de rodas. Isso foi no ano de 2007 para 2008. Em 2010, já com o envolvimento que eu tive, comecei a trabalhar com a Seleção Brasileira de futebol de cegos, onde fiquei até 2018”, relembra.
O que motivou Luis a trabalhar com educação física adaptada foi um projeto de esporte para pessoa com deficiência na universidade. “Tive a oportunidade de estar numa disciplina de esporte adaptado e conhecer a modalidade do rugby em cadeira de rodas. Foi o meu primeiro contato com a atividade física adaptada. Então, eu acabei participando desse projeto, em pouco tempo me tornei preparador físico da equipe, depois eu já comecei a participar como treinador e aí fui conhecendo outras modalidades até entrar no Comitê Paralímpico Brasileiro em 2010”, conta.
Nos oito anos em que trabalhou com a seleção, ajudou a conquistar os campeonatos mundiais de 2010, 2014 e 2018, os Jogos Parapan-Americanos de 2011 e as Paralimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.
Preparador físico da equipe de goalball feminino projeta campanha histórica em Paris
Arquivo pessoal
Além de ser preparador físico da seleção, Luis também trabalhava como um guia, o “chamador”. Segundo a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV), o chamador fica atrás do gol adversário orientando o ataque de seu time, como a direção do gol, a quantidade de marcadores, a posição da defesa adversária, as possibilidades de jogada e demais informações úteis.
Conforme a CBDV, o chamador bate nas traves, normalmente com uma base de metal, quando vai ser cobrada uma falta, um pênalti ou um tiro livre.
Com a seleção feminina de goalball, as funções de Luis são diferentes: ele continua atuando como preparador físico, mas também trabalha como analista de desempenho.
Luis com atletas da seleção brasileira feminina de goalball
Arquivo pessoal
Ouro no Rio, ‘pausa’ e convite para Paris
Após trabalhar com a seleção nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, Luis partiu para um novo desafio trabalhando em uma Universidade no Chile, onde ficou por seis anos e, por isso, não esteve nas Paralimpíadas de Tóquio 2020. Em 2023, retornou ao Brasil e passou a trabalhar com o goalball feminino.
Embora tenha diversos títulos junto à seleção, Luis afirma que o ouro no Rio de Janeiro foi indescritível. “Você está dentro do seu próprio país tendo a torcida a seu favor. O legado a respeito da inclusão, tudo que nós podemos vivenciar, de estar conectado com com o povo brasileiro […] Sem dúvida, essa proximidade do povo brasileiro com os atletas foi realmente algo impressionante. E pra nós que estávamos ali trabalhando, recebendo todo esse carinho, toda essa energia de familiares, de amigos e desconhecidos. Foi algo bem marcante”, relembra.
Luis iniciou os preparativos para as Paralimpíadas há seis meses
Arquivo pessoal
Segundo o preparador físico, foi ao retornar ao Brasil por motivos familiares que ele recebeu um convite do técnico da seleção feminina de goalball, o multimedalhista Alessandro Tosim. Agora, oito anos depois do ouro, Luis está de volta a uma Paralimpíada, onde o Brasil é visto como uma potência e vai em busca de novos recordes.
Luis explica que trabalhar na parte física da equipe consiste em fazer toda a análise de desempenho das atletas, mas que o trabalho começou há seis meses.
“Nós sentimos que tivemos a oportunidade de desenvolver um bom trabalho. Tivemos todas as condições para poder preparar essas atletas e, sem dúvida, hoje nós acreditamos que sua participação histórica vai trazer pro Brasil a primeira medalha paralímpica na modalidade do goalball feminino […] nossa perspectiva, nossa meta, nosso objetivo é trazer mais uma medalha pro Brasil com o goalball feminino e, se Deus quiser, nós vamos conseguir atingir essa meta.”
O que é goalball?
Seleção brasileira de goalball feminino treinando em Paris
Renan Cacioli/ CBDV
O goalball foi desenvolvido exclusivamente para pessoas com deficiência visual. Em Paris, 96 atletas vão em busca de medalhas, sendo 48 no masculino e 48 no feminino.
Em uma partida de goalball, duas equipes formadas por três atletas cada entram em uma quadra com as mesmas dimensões utilizadas em jogos de voleibol: 18 metros de comprimento e 9 de largura. As partidas são realizadas em dois tempos de 12 minutos, com três minutos de intervalo entre eles. Entenda todas as regras aqui.
“[Usamos] uma bola específica da modalidade com o objetivo de fazer o gol, e os atletas têm e como objetivo fazer o maior número de gols. […] É um jogo bem objetivo”, explica Luis.
“O Brasil em Paris sem dúvida vai ter uma participação histórica […] O Brasil tem grandes metas, sempre entre os top dez do mundo no ranking de medalhas. Nas últimas duas, três edições nós conseguimos esses resultados e agora não vai ser diferente. O Brasil vai dar um show aqui em Paris 2024”, finaliza.
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