Eliane Cristina Alves Caetano, de 44 anos, realizou um procedimento na OdontoCompany Del Rey, em 2022, quando procurou a unidade para substituir uma prótese dentária antiga que havia quebrado. Eliane Cristina Alves Caetano, de 44 anos, tenta obter acesso a uma indenização no valor de R$ 17 mil após realizar um procedimento de próteses sobre implantes mal sucedido
Arquivo pessoal
A paciente Eliane Cristina Alves Caetano, de 44 anos, tenta obter acesso a uma indenização no valor de R$ 17 mil após realizar um procedimento de próteses sobre implantes malsucedido, em Cuiabá, em 2022, e não conseguir mais mastigar. Em agosto do ano passado, a clínica responsável pelo procedimento, OdontoCompany Del Rey, foi condenada a indenizar a vítima por danos morais, mas, até a publicação desta reportagem, a Justiça de Mato Grosso não havia liberado o valor para a paciente.
Ao g1, a Corregedoria de Justiça informou que o processo está sob sigilo e, por isso, não consegue dar um retorno sobre a demanda. Já a defesa da clínica alega que, como o processo tramita em segredo, não passará detalhes sobre o caso.
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Conforme a sentença, assinada pelo juiz Yale Sabo Mendes, Eliane iniciou o tratamento na clínica após ser atraída por uma propaganda nas redes sociais e contratou os serviços em abril de 2022 para instalação de próteses sobre implantes.
No entanto, após o procedimento, a paciente começou a sentir fortes dores na boca e dificuldade para se alimentar. Com isso, a vítima tentou contato com a clínica para resolver o problema, mas não obteve sucesso e, mesmo após dois anos e com dor, ela segue com os implantes na boca.
Eliane informou que os problemas começaram quando ela procurou uma unidade da OdontoCompany para substituir uma prótese dentária antiga que havia quebrado. Durante a consulta, os profissionais sugeriram a colocação de um protocolo de implantes dentários. A paciente explicou como o procedimento mal-executado afetou sua autoestima.
“Não deveriam ter feito isso na minha boca. Só fico isolada dentro de casa, tenho vergonha da minha boca, da minha fisionomia. Quando vou sair tenho que colocar a prótese que me machuca ou coloco uma máscara por causa da vergonha. Nunca imaginei na minha vida que passaria por isso”, contou.
Após o procedimento, paciente começou a sentir fortes dores na boca e dificuldade para se alimentar
Arquivo pessoal
A defesa de Eliane alega que o procedimento feito apresentou diversas falhas que afetaram gravemente a qualidade de vida da paciente. Segundo uma manifestação da advogada Laisy Steffler, os problemas estão relacionados à instalação de uma prótese sobre implantes, cujo resultado foi insatisfatório.
Além disso, a advogada explica que o dentista responsável pelo procedimento “pode não ter especialidade em implantodontia, o que é possível caracterizar negligência e imprudência, por não ter realizado um planejamento prévio, ou imperícia, por não ter a técnica e aptidão para o feito”.
O documento também aponta que os implantes foram posicionados em locais inadequados. O procedimento correto, nesses casos, seria remover os implantes, aguardar a cicatrização e, posteriormente, instalá-los novamente, mas essa abordagem não foi adotada. Além das complicações físicas, a manifestação destaca que tratamentos odontológicos que não atendem às expectativas podem gerar frustrações e transtornos para os pacientes.
Além das dores físicas, o impacto emocional se intensificou quando a paciente foi diagnosticada com depressão e precisou de acompanhamento psiquiátrico, além de usar medicamentos controlados. A perda da mãe durante esse período agravou ainda mais a situação.
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“Eu não consegui viajar para o velório dela por causa da minha saúde debilitada. Fiz tudo por videochamada”, disse a vítima.
Atualmente, Eliane enfrenta dificuldades para se alimentar, cuidar da filha de três anos e realizar atividades cotidianas. Sem conseguir trabalhar devido às dores e tonturas frequentes, ela depende de ajuda de familiares e amigos para sobreviver.
“Não estou bem. Tenho vergonha de mim mesma e não consigo mais me olhar no espelho há muito tempo. Além disso, não consigo mastigar, tenho que engolir os alimentos por inteiro. Minha gengiva fica toda exposta, o que machuca, dá afta e ferida, os pinos infeccionam”, concluiu.
Para o juiz, ficou evidente a falha na prestação de serviço. “A autora, ao procurar um tratamento dentário, buscava solucionar os problemas havidos em seus dentes, bem como melhorar a sua saúde bucal, razão pela qual, a falha da prestação dos serviços, foi suficiente para lhe ocasionar sentimentos de enorme frustração”.
Além da indenização, a clínica foi condenada a pagar honorários advocatícios fixados em 20% do valor da condenação. Caso o processo transite em julgado, a decisão será definitiva.