17 de outubro de 2024

Pacientes denunciam desativação do setor de nefrologia da Fundhacre; órgão diz que eles foram remanejados

Pacientes foram transferidos para clínicas privadas e reivindicaram contra a mudança nesta terça-feira (15). Pacientes fazem manifestação em frente ao Serviço de Nefrologia da Fundhacre
Reprodução/Rede Amazônica
Dezenas de pacientes renais se reuniram em frente ao serviço de nefrologia da Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre), na última terça-feira (15), para reclamar sobre a desativação desse setor da unidade que antes funcionava em três turnos, depois ficou somente em um e agora, foi suspenso.
A presidente da Fundhacre, Ana Beatriz Souza, informou os pacientes foram remanejados por conta de problemas com a empresa que faz a entrega de insumos para a realização da hemodiálise. (Confira o posicionamento mais abaixo)
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A direção da Fundhacre informou aos pacientes que eles seriam transferidos para as clínicas que foram terceirizadas e prestam serviços para o SUS. Na capital, apenas duas têm esse convênio. Reginaldo Sousa faz tratamento há quatro anos e contou que chegou acamado ao hospital.
“Disseram que tá com falta de insumos, mas eu acho que não, porque tem uma equipe só pra isso. Aqui tem mais de 20 anos e nunca tinha faltado”, assegura ele.
Nefrologia é a especialidade médica que trata de doenças do sistema urinário, principalmente as relacionadas aos rins. O espaço onde ficava o serviço de nefrologia estava há mais de 10 anos sem reformas e foi revitalizado e entregue no final de dezembro do ano passado. Foram investidos mais de R$ 1,3 milhão. Com o prédio novo, os pacientes não concordam em ter que mudar para as clínicas.
“Eles tiraram nós sem mais nem menos e nos jogaram como joga um lixo no vaso, sem dizer quando a gente voltava. Como é que o governo quer acabar o único hospital do rim aqui? Ele tem que criar é mais e não acabar. Não vamos abrir mão desse hospital, nem que a gente vá para frente da casa do governador, do palácio, da avenida, mas a gente quer nosso hospital funcionando”, declarou o pensionista Rubens Andrade.
Já o pensionista Marcos Lima reivindica a retirada dos turnos e fechamento do local. “O que a gente quer é que retorne o atendimento da nefrologia como era. Nós nos sentíamos tranquilos, a gente estava nos nossos lares, se tivesse problema nos acessos, a gente vinha direto aqui, as meninas atendiam a gente e a gente ia para casa. Hoje não, a gente é encaminhado para o PS. Lá no PS nem todo enfermeiro quer atender a gente, porque é uma área diferente tem que ter uma especialização”, protesta ele.
Pacientes denunciam desativação do setor de nefrologia da Fundação Hospitalar
Outra alegação dos pacientes é quanto aos transplantes. Eles afirmam que os exames são lentos e acabam vencendo antes de conseguirem completar todos os pedidos dos médicos.
“Falaram pra gente que os transplantes voltaram, eu já iniciei os meus exames, só que eu fiz dois exames há três meses, eu não consegui finalizar os outros. Quando você termina a bateria de exame o primeiro tá vencido, você tem que começar tudo de novo e eu acho que isso não pode acontecer”, lamenta Lima.
O que diz o órgão
A presidente da Fundhacre, Ana Beatriz Souza, informou que a empresa que entrega o produto para a realização da hemodiálise acabou atrasando, por isso os pacientes foram remanejados. “Estamos fazendo um estudo técnico sobre esse caso. O fornecedor não cumpriu com sua demanda, que era entregar soluções, com isso a gente teve que interromper o atendimento aqui dentro da Fundação no serviço de Nefrologia dos pacientes que estão em casa”, explicou.
Ana Beatriz ainda disse que esses pacientes foram transferidos para as clínicas que já atendem pacientes do SUS. “É um contrato de 2020. São apenas 64 pacientes que a gente atendia pela manhã e a gente transferiu somente os pacientes do domicílio”, declarou ela.
As clínicas já atendem em média 300 pacientes e a ideia do estado é efetivar esse tipo de atendimento, para utilizar a estrutura do serviço de nefrologia para aumentar os leitos de UTI na unidade. 17 leitos que estão no INTO devem ser remanejados para a Fundhacre e mais três novos devem ser criados no local, totalizando 20 leitos.
Sobre os exames médicos para os transplantes, a Fundhacre informou que prioriza a agilidade para quem está na fila de exames. “Existe uma sequência de exames que os médicos pedem aos pacientes e que a gente acompanha. Todos que estão prontos para fazer transplante, a gente está conseguindo agilidade. Existem exames específicos onde a Secretaria de Saúde viabilizou também pra gente alguns que a gente não tinha contrato e isso está sendo feito, só que existe um rito. Então a gente não pode colocar um exame final no lugar de um base”, alega Ana Beatriz.
Função dos rins
Os rins têm diversas funções, não se limitando apenas à eliminação de líquidos do organismo, fator mais conhecido. A urina não é composta somente de água, mas também de uma série de substâncias que precisam ser excretadas do organismo junto com a água. Esses órgãos, portanto, cumprem as seguintes funções:
limpar as impurezas e as toxinas do nosso corpo;
controlar a pressão arterial;
manter a saúde dos ossos;
controlar a formação das células vermelhas do sangue; e
contribuir com o equilíbrio do pH sanguíneo.
Os rins, normalmente, estão presentes em dupla em nosso organismo. Porém, se um deles não funcionar adequadamente ou se houver a presença de apenas um rim em bom estado de funcionamento, é possível ter uma vida saudável. Quando as doenças renais são diagnosticadas em um ou em ambos os rins de forma precoce, sua progressão pode ser controlada ou retardada, na maior parte dos casos.
VÍDEOS: g1

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