13 de outubro de 2024

Pai de piloto de parapente morto em acidente diz que filho ‘fez valer cada minuto’; VÍDEO

Lucas Ribeiro Macedo, de 32 anos, morreu após colidir com um conhecido que também voava de parapente e cair de um edifício em Guarujá (SP). Pai afirma que o filho deixou um legado de amor ao próximo. Vídeo mostra queda de parapentes em Guarujá
O pai do tatuador Lucas Ribeiro Macedo, morto após sofrer um acidente durante um voo de parapente em Guarujá, no litoral de São Paulo, afirma que o filho “fez valer cada minuto” dos 32 anos que viveu. A vítima pilotava o equipamento quando colidiu com o pai de um amigo, que também voava, caindo em cima de um edifício e depois despencando no chão (assista acima).
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Lucas comemorava o aniversário do amigo e instrutor de parapente Henrique Vargas Silva, que testemunhou o caso. O tatuador publicou um vídeo minutos antes de morrer relatando medo de voar, apesar de ter licença para pilotar. No outro equipamento estava o pai do colega, Fabio Donizete Da Silva, de 55 anos, que ficou ferido mas recebeu alta hospitalar.
Ricardo Macedo, de 54 anos, é pai da vítima. Ao g1, ele afirmou que interpreta que o filho “morreu como um passarinho”. Segundo ele, Lucas deixou a esposa e uma filha de sete anos, além de um legado que afeta as pessoas que o escolhiam para tatuar os próprios corpos.
“Queria ter um pouquinho mais de tempo, de ter aprendido mais com ele. Era um ser humano que só tinha amor, só tinha amor ao próximo”, lamentou o pai. “Ele fez valer cada minuto do existir dele”.
Lucas Ribeiro Macedo com o pai, Ricardo, na foto à esquerda
Arquivo pessoal e Reprodução
Ensinamentos
Com vocação para a carreira de tatuador, Lucas sempre gostou de desenhar. Para alcançar o sonho profissional, ainda de acordo com o pai, o santista abandonou a faculdade de engenharia e passou a empreender na área.
Ricardo afirmou que, apesar da diferença de idade, o próprio filho o ensinou a “paternar”, ou seja, exercer a paternidade.
“Ele era um paizão”, disse Ricardo. “Estou com 54 [anos], fui criado naquele ferro e fogo de ‘sim, sim’, ‘não, não’. E o Lucas sempre teve, mesmo na hora de corrigir, a forma certa de falar, mostrando o caminho de Deus, o como proceder, o como lidar”.
Lucas Ribeiro Macedo quando criança (à esq.) e adulto (à dir.)
Arquivo pessoal
Ricardo destacou que o filho era cristão e sempre orava por quem necessitava de ajuda, transformando sessões de tatuagem em “consultas psicológicas”. O profissional era considerado um “apaziguador”, uma vez que não arrumava briga e rejeitava a ideia de julgar os outros.
“Pelo que eu consegui interpretar, ele morreu como um passarinho. Na verdade, a gente costuma dizer aqui que ele não morreu, ele viveu. Ele seguiu os passos do Pai, cumpriu as suas obrigações”, afirmou Macedo.
‘Fatalidade’
Vídeo mostra piloto de parapente que morreu após colisão dizer que estava com medo de voar
Lucas gravou um vídeo minutos antes do acidente. Nas imagens, a vítima relatou que estava com medo porque não voava há quase um ano (assista acima).
“Já estou como? Todo me cagando, faz ‘mó’ tempo que não voo, barriga assim ó [mexendo], coração disparadíssimo, mas bora”, disse Lucas, no vídeo. Nas redes sociais, ele também compartilhou com os seguidores que acordou com “frio na barriga”, mas estava ansioso para praticar o esporte novamente.
Ao g1, Ricardo explicou que muitas pessoas especularam na internet sobre a publicação de Lucas, mas reforçou que o filho se expressava assim quando estava animado com algo. Ele estava afastado dos parapentes devido a responsabilidades familiares e o custo do esporte, que é elevado.
“Quando ele fez aquele vídeo, [foi] demonstrando a emoção, a felicidade. Não que ‘ai, eu estou com medo’, ‘eu vou morrer’. Não. Ele compartilhava a felicidade, o prazer dele era ver a pessoa feliz. Então ele compartilhava todos os vídeos dele”, afirmou.
Ainda de acordo com Ricardo, o acidente se tratou de uma fatalidade, então a família não busca responsabilizar um culpado. Ele acredita que a hora de Lucas tenha chegado e, apesar da tristeza, disse que a felicidade deixada pelo filho compensa o sentimento negativo. “Eu sei que ele está lá e logo eu vou me encontrar com ele”.
O caso
Segundo o boletim de ocorrência (BO), Lucas colidiu no céu com Fabio Donizete Da Silva, de 55, que é pai de Henrique. Os três voavam em equipamentos diferentes quando aconteceu o acidente.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, após a colisão entre os parapentes, Lucas Ribeiro e Fabio caíram em cima de um prédio no Centro de Guarujá (SP). O tatuador despencou para o térreo do edifício, enquanto o outro ficou “enroscado” nos equipamentos no topo, ainda segundo a corporação.
Acidente entre parapentes ocorreu em Guarujá (SP)
Redes sociais
Em depoimento à Polícia Civil, Henrique afirmou ter testemunhado o acidente entre o pai e o amigo. O instrutor de parapente acrescentou que, em determinado momento, viu Lucas fazendo uma curva próxima a Fábio.
O corpo de Lucas ficou enroscado nas linhas do parapente de Fabio, ainda segundo o depoimento. Henrique também disse à Polícia Civil que gritou para que o amigo lançasse o equipamento reserva, mas ele não atendeu o pedido e seguiu em direção ao prédio.
Henrique afirmou que o pai dele caiu dentro da cobertura, sendo arrastado pela construção até parar em um guarda-corpo onde ficou preso. Apesar disso, ele comentou que Lucas foi “arremessado” para fora do edifício e, quando as linhas do parapente se romperam, o amigo caiu do prédio.
Henrique afirmou, por fim, que tanto Lucas quanto Fabio eram habilitados para voar de parapente, uma vez que o tatuador era piloto formado e o pai dele fazia o curso de formação.
Homem foi resgatado após cair de paraglider próximo ao Morro do Maluf, em Guarujá (SP)
Matheus Croce/TV Tribuna
Sobrevivente
A Santa Casa de Santos informou, por meio de nota, que Fabio teve alta na noite de terça-feira (8), após exames, e que não tem autorização para prestar mais informações sobre o caso.
“Meu pai teve alta do hospital e já está em casa. Graças a Deus saiu dessa praticamente ileso. Nenhuma fratura, só deslocou um obro, que já foi colocado no lugar”, disse Henrique em publicação nas redes sociais.
Ainda no post, Henrique disse que a situação seguia causando dor, mas que é grato a Deus pelo caso não ter sido ainda mais doloroso. “Como o Lucas vivia dizendo: “Não cai uma folha da árvore sem que Deus permita! Que você esteja na santa paz, meu irmão. Te amarei para sempre”, escreveu ele.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos

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