O papa Francisco recebe grupo de crianças em audiência semanal do Vaticano, em 20 de novembro de 2024.
Gregorio Borgia/AP
O papa Francisco aprovou nesta quarta-feira (20) uma reforma dos ritos funerários papais que flexibilizarão e simplificarão cerimônias do tipo para pontífices.
A mudança passará a permitir também que o sepultamento de corpos aconteçam fora do Vaticano, o que não era permitido até agora.
A mudança está livro litúrgico atualizado que Francisco aprovou em 29 de abril e que substitui a edição anterior, publicada pela última vez em 2000. O jornal do Vaticano L’Osservatore Romano publicou nesta quarta detalhes nova edição.
Embora os papas frequentemente mexam nas regras do Vaticano, uma revisão dos ritos funerários papais se tornou necessária após a morte do papa Emérito Bento XVI, em 31 de dezembro de 2022.
Na ocasião, o Vaticano teve de elaborar um funeral para o primeiro papa aposentado em 600 anos. Meses depois, Francisco revelou que estava trabalhando com o mestre de cerimônias litúrgicas do Vaticano, Monsenhor Diego Ravelli, para revisar os ritos funerários papais e simplificá-los.
Ravelli disse ao L’Osservatore Romano que a nova reforma simplifica os ritos funerários, incluindo a eliminação da exigência de que o papa seja colocado em um caixão elevado na Basílica de São Pedro para exibição pública.
Francisco já revelou que decidiu que seria enterrado na basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, não nas grutas sob a Basílica de São Pedro, onde a maioria dos papas está enterrada.
Francisco completa 88 anos em dezembro e, apesar de alguns problemas de saúde e mobilidade, está em boa forma, segundo médicos. Nesta manhã, ele presidiu uma animada audiência geral que contou com crianças que correram espontaneamente para o palco (veja imagem acima).
Em vez disso, ele estará em exibição em um caixão simples, e o enterro não requer mais os três caixões tradicionais de chipre, chumbo e carvalho.
A simplificação, Ravelli disse ao jornal, visa “enfatizar ainda mais que o funeral do Romano Pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não de um homem poderoso deste mundo”.
Desde sua eleição em 2013, Francisco evitou a pompa frequentemente associada ao papado para enfatizar seu papel como bispo de Roma e servo da “igreja dos pobres”. O jesuíta argentino mora no hotel do Vaticano, não no Palácio Apostólico, e viaja em pequenos Fords ou Fiats, não em utilitários esportivos sofisticados.
Seu desejo de ser enterrado em Santa Maria Maggiore reflete sua veneração por um ícone da Virgem Maria que está localizado lá, o Salus populi Romani (Salvação do povo de Roma).
Após cada viagem, Francisco vai à basílica para rezar diante da pintura de estilo bizantino que apresenta uma imagem de Maria, envolta em um manto azul, segurando o menino Jesus que, por sua vez, segura um livro dourado com joias.
“É minha grande devoção”, disse Francisco à N+ ao revelar seus planos futuros de sepultamento. “O lugar já está preparado.”