Em Seattle, nos EUA, a Câmara de Conexão ajudará quem chega a se adaptar mais facilmente O ano de 2025 também reserva boas surpresas que mostram que podemos ter fé na humanidade. Na gélida Seattle, perto da fronteira com o Canadá, está sendo implantada a Câmara de Conexão (US Chamber of Connection), cujo objetivo é ajudar novos moradores a se adaptar à cidade. A organização por trás da iniciativa pretende replicar o modelo no maior número possível de lugares com mais de um milhão de habitantes. O que motiva a entidade? Nos Estados Unidos, estima-se que 44 milhões de pessoas convivem com um grau significativo de solidão e 26 milhões relatam não ter amigos.
Multidão em cruzamento para pedestres: em Seattle, a Câmara de Conexão vai ajudar quem chega a se adaptar mais facilmente
B_Me para Pixabay
É a chamada crise da conexão: na era das redes sociais, o ser humano se encontra mais solitário do que nunca. O isolamento também custa caro para o governo e as organizações. Calcula-se que o sistema de saúde norte-americano gaste, por ano, 466 dólares por pessoa sofrendo com seus efeitos adversos, como ansiedade e depressão, enquanto as empresas têm perdas anuais de 4.200 dólares por empregado devido ao impacto na produtividade.
Há dez anos, Aaron Hurst, fundador e CEO da US Chamber of Connection, trocou Nova York por Seattle, que funciona como um polo de atração para profissionais de tecnologia. “Quando ficou claro que eu e minha mulher permaneceríamos na cidade definitivamente, vi que tinha que trabalhar para expandir meu círculo de amigos. Passamos a reunir grupos de seis a oito pessoas, duas vezes por mês, para falar de suas experiências. Colecionamos histórias de gente que levou cinco anos sem se relacionar com ninguém, o que me ajudou a entender o tamanho do desafio”, ele conta.
Com um histórico de empreendedor, Hurst saiu em busca de parcerias, com empresas e universidades, para montar “comitês de boas-vindas” que possibilitem que profissionais de diferentes áreas se conheçam. Com o apoio da prefeitura, a Câmara começa a funcionar em fevereiro, com um evento mensal para auxiliar os recém-chegados a ter mais intimidade com Seattle. A expectativa é estar presente em 50 cidades em dez anos.
A organização criou os “Seis pontos de conexão” para fortalecer laços de convivência, que incluem interações sociais semanais e a importância de engajamento em trabalhos voluntários. “Enfrentamos duas ameaças existenciais: as mudanças climáticas e o declínio das conexões sociais. E sem conexões sociais, não teremos como lidar com as mudanças climáticas”, sintetiza Hurst. Segue a lista com os “mandamentos” da entidade:
Ter um contato para emergências na vizinhança.
Participar de algum movimento ou comunidade com o qual tenha afinidade.
Fazer contato com um amigo ou familiar pelo menos duas vezes por semana.
Achar seu “terceiro lugar” na comunidade, ou seja, não se limitar à casa e ao trabalho.
Participar de uma atividade comunitária.
Tornar-se voluntário.