Mauro Manoel Bedin estava com a namorada Rosangela Maria de Oliveira no voo. Avião saiu de Cascavel (PR) e ia para Guarulhos (SP), mas caiu em Vinhedo. As 62 pessoas a bordo morreram. Mauro Manoel Bedin trabalhou por 33 anos na Sanepar; empresa lamentou a morte
Sanepar
Era com um assobio muito específico que Mauro Manoel Bedin chegava a casa de familiares para poder aproveitar os fins de semana jogando baralho, como contam Victoria Emilia Gomes Martins e Adriana Gomes Onuki, sobrinha e cunhada dele.
Som que ficará apenas na memória dos familiares e amigos. Mauro era uma das 62 pessoas que estavam a bordo do voo que saiu de Cascavel, no oeste do Paraná, e caiu em Vinhedo, em São Paulo. Ninguém sobreviveu.
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Mauro estava viajando para passear em Porto Seguro, na Bahia, com a atual namorada, Rosangela Maria de Oliveira. Ela também morreu.
Segundo Victoria, ainda está difícil acreditar que o tio, sempre sorridente e animado, é uma das vítimas.
“Para mim parece que ele está viajando e no fim de semana vai estar lá em casa contando as piadas dele”, conta.
Mauro deixa uma enteada, que criava como filha, e diversos amigos.
Veja lista de ocupantes do avião que saiu de Cascavel e caiu em Vinhedo
Mauro foi ‘adotado’ por família da ex-companheira
Mauro Manoel Bedin é uma das vítimas que estavam a bordo do avião que caiu em Vinhedo, São Paulo
Arquivo Familiar
Victoria conta que conheceu Mauro depois que ele começou a se relacionar com a tia dela, Silvia Mara Gomes Pereira Brischiliari, com quem esteve por 12 anos. Não levou muito desse tempo para que ele se tornasse verdadeiramente parte da família.
Parceiro para cantorias, jogos de baralho e churrascos, as confraternizações geralmente aconteciam na casa dele e de Silvia, em Guaíra, no oeste do Paraná.
Em 2021, a companheira faleceu vítima das complicações da Covid-19 e, por conta da dor do luto, os parentes dela evitavam ir até o local onde ela vivia. Isso não foi impedimento para Mauro, que percorria cerca de 30 quilômetros para visitar e festar com os familiares na cidade vizinha, em Terra Roxa.
Com isso, mesmo após a morte de Silvia, ele foi “adotado” pelos familiares da companheira.
“Ele não se afastou da nossa família, pelo contrário, se aproximou ainda mais. Estava junto todo fim de semana, feriado, aniversários, todas datas especiais ou comemorativas. Ele era nosso parceiro de baralho”, conta a sobrinha.
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‘Fazia todo mundo rir’
Familiares de Mauro Manoel Bedin lembram dele como uma pessoa animada e que gostava de cantar e tocar violão
Arquivo Familiar
Victoria e Adriana lembram de Mauro como uma pessoa alegre, agradecida e divertida.
“Ele sempre foi engraçado, fazia todo mundo rir. Os almoços de família ficaram animados depois que ele chegou. Sempre cantando e tocando violão. Ele sempre dizia que ele era um cara abençoado por Deus”, relata Victoria.
A habilidade de fazer os outros sorrir tinha um preço: Mauro se distraía e isso o tornava um péssimo churrasqueiro.
“Toda vez queimava a carne e era muito desastrado. Ele sempre estava cantando, tocando violão ou jogando baralho e a carne ficava com Deus”, brinca Victoria.
No entanto, as boas risadas compensavam as carnes queimadas.
Legado se manterá
Junto com as boas memórias que Mauro deixa com os familiares, fica também um legado de dedicação e perseverança.
“São várias coisas que eu acho que não tem como esquecer. Ele sempre me incentivava a estudar, desde o dia que passei na faculdade. Hoje eu faço mestrado e estou me inscrevendo para o doutorado e o Mauro sempre me incentivou. Falava que eu estava no caminho certo”, afirma a sobrinha.
“É, meu amigo, quem diria que você partiria dessa maneira, né? Mas, felizmente, eu tenho bastante memórias boas com você, com a minha irmã. Terei bastante recordações boas e você fará muita falta em nossas vidas. Vai com Deus, meu amigo, que Deus te receba de braços abertos”, lamenta Adriana.
A queda do avião
Tudo o que você precisa saber sobre a queda da aeronave em Vinhedo
Esse é o acidente aéreo com o maior número de vítimas desde a tragédia da TAM, em 2007 no Aeroporto de Congonhas, quando houve 199 mortos.
As vítimas estavam em um avião turboélice de passageiros, modelo ATR-72. Segundo a VOEPASS Linhas Aéreas, a aeronave decolou de Cascavel sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação, e todos os tripulantes com habilitação válida.
O avião saiu de Cascavel às 11h46 e pousaria em Guarulhos.
A aeronave voou por 1 hora e 35 minutos sem qualquer registro de ocorrências, até fazer uma curva brusca, despencar 4 mil metros em aproximadamente 1 minuto e sumir do radar, após explodir no terreno de uma casa em um condomínio residencial.
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
Avião que caiu em Vinhedo, SP, ficou destruído
Arquivo pessoal
A Voepass divulgou um telefone, disponível 24h, para prestar informações a familiares de vítimas, colaboradores e interessados: 0800 9419712.
Em nota, a companhia disse priorizar “prestar irrestrita assistência às famílias das vítimas” e que colabora com as autoridades para apuração das causas do acidente.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) lamentou o acidente e disse que vai monitorar “a prestação do atendimento às vítimas e seus familiares pela empresa, bem como adotando as providências necessárias para averiguação da situação da aeronave e dos tripulantes”.
A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar o acidente.
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Reprodução
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