20 de outubro de 2024

Paul McCartney faz show nostálgico, chama fãs de ‘manezinhos’ e se diverte em Florianópolis

Ex-beatle conduziu estádio lotado em Florianópolis, neste sábado, e encerrou passagem pelo Brasil. Última visita do artista a Santa Catarina tinha ocorrido há 12 anos. Paul McCartney em Florianópolis
Lucas Amorelli/ NSC
Tudo bem que Paul McCartney esteve no Brasil em 2023. Mas, em Florianópolis, o clima da noite de sábado (19) foi de reencontro de um amigo não visto há mais de uma década.
No caso, 12 anos separavam o ex-beatle dos manezinhos da Ilha de Santa Catarina, como ele mesmo chamou o público de 33 mil pessoas que lotou o estádio da Ressacada. E, pela reação dos fãs, eles estavam com saudades.
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O multi-instrumentista de 82 anos começou o último show da rodada de três únicas apresentações no Brasil pontualmente às 21h30 – o atraso de meia hora, segundo a organização, foi programado por causa dos incêndios que bloquearam vias da Grande Florianópolis horas antes.
Paul seguiu a lógica das últimas apresentações no país e não economizou no português. Com colinha, é verdade, interagiu com o público usando termos regionais, respondeu a declarações de amor e mostrou que sabe conduzir um estádio lotado como poucos artistas.
“E aí, manezinhos? Boa noite, Floripa!”, saudou.
A noite foi nostálgica: foi na mesma Ressacada que o ex-beatle tocou em 2012 – na época embaixo de muita chuva e com tecnologias de palco menos refinadas.
Mas mais do que isso: ao longo de pouco mais de 2h30, o sir apresentou clássicos de uma vida inteira – intercalando instrumentos (baixo, guitarra, piano, ukulele…) e fases dos Beatles, Wings e da carreira solo, para deleite dos saudosistas.
Paul McCartney compensa show repetido com emoção, sucessos e vitalidade em São Paulo
Como já havia sido observado nos últimos espetáculos em São Paulo, o setlist mudou pouco em relação aos oito shows de 2023 no país, que já faziam parte da mesma turnê “Got Back” de agora. Uma novidade em meio a seis décadas de clássicos foi a emotiva “Now and then”, canção inédita dos Beatles lançada no último mês de novembro.
Noite de nostalgia
Paul tem variado a música de abertura dos últimos shows e, em Florianópolis, escolheu “Can’t Buy Me Love” para cumprimentar o público, que respondeu extasiado ao clássico do quarteto de Liverpool.
“Vamos ter alguma diversão essa noite”, brincou.
Aproveitando o entusiasmo inicial, logo revisou a época dos Wings, com Junior’s Farm e Letting Go, que engajou a plateia principalmente pelo naipe de sopro, que tocavam saxofone, trompe e trombone enquanto desciam a arquibancada da Ressacada, dançando ao lado das cadeiras ocupadas e ganhando destaque nos telões.
Assim que terminou, Paul ensaiou uma frase em português, mas foi interrompido pelo público.
“Esta noite…”, começou Paul. A plateia, então, volta a solfejar o refrão da música. E Paul toca mais um verso.
Depois, ele tenta de novo:
“Esta noite vou falar um pouquinho de português, mas um pouquinho de inglês também… tá ligado?”
Na sequência, ele passeou por eras dos Beatles, com a dançante “Drive My Car”, de 1965, e seguiu para “Got to Get You Into My Life”, do sétimo álbum dos Beatles, Revolver, de 1966.
Paul McCartney em Florianópolis
Lucas Amorelli/ NSC
Há muitas homenagens no show de Paul. “My Valentine”, escrita em homenagem à esposa, Nancy Shevell, foi uma das canções que mais fez o público suspirar, mesmo recente, de 2012.
“Escrevi essa canção para minha gata Nany, e ela está aqui hoje”, disse, fazendo um coração com os braços.
Ao longo de uma música e outra, Paul brincou e conversou com a plateia e perguntou como todos estavam se sentindo.
As palmas após Nineteen Hundred And Eighty Five, por exemplo, deram ritmo para dancinhas do frontman, que emendou uma improvisação no piano.
Volta ao tempo
Depois da sequência “Maybe I’m Amazed” e I’ve just Seen a Face”, Paul disse que faria uma volta ao tempo. O público que veio para ouvir as músicas de Beatles gostou quando o artista anunciou “In Spite of All The Danger”, a primeira gravada por John Lennon, Paul McCartney e George Harrison juntos.
Com versos simples e cativantes, “Love Me Do”, logo em seguida, também agradou os amantes da fase inicial do quarteto de Liverpool.
As músicas pós-Beatles, em geral, não engajaram da mesma forma. Mas, em “Dance Tonight”, do trabalho solo de Paul, o baterista Abe Laboriel Jr. chamou os olhares para si e arrancou sorrisos ao fazer dancinhas bem humoradas fora da bateria. Foi aplaudido.
Bloco de violão
Do alto de uma plataforma, Paul surgiu sozinho com seu violão. Tocou “Blackbird”, um dos clássicos dos Beatles, e revelou uma fase mais acústica do show.
No mesmo lugar, anunciou a emocionante “Here Today”, uma homenagem ao amigo John Lennon.
Os tributos aos ex-colegas de banda seguiram com “Now and then”, conhecida como “a última música dos Beatles”, e executada enquanto fotos e vídeos dos bastidores do quarteto eram projetados nos telões. A música foi tocada pela primeira vez no Brasil na terça-feira (15), no Allianz Parque, em São Paulo (SP).
Paul McCartney em Florianópolis
Lucas Amorelli/ NSC
A vibração mudou com “New”, quando as telas em preto e branco deram lugar a projeções coloridas. A aura seguiu com a dançante e rock and roll “Lady Madonna”.
Paul ainda arriscou gírias típicas de Florianópolis:
“Flórida…Floripa! Dax um banho”, brinca. A expressão quer dizer algo como “você arrasa”.
Com suas linhas de baixo marcantes, sir Paul McCartney deu vez ao psicodelismo do Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, e a atmosfera de fantasia se instaurou no estádio com “Being for the Benefit of Mr. Kite!”, já passando da metade do show.
Mais uma homenagem veio em seguida. Dessa vez ao “amigo George”, como ele mesmo disse em português. Com ukulele, começou “Something”, do Abbey Road, em uma versão praiana que combinou com Florianópolis – embora a interpretação não seja uma novidade em seus shows. A leveza logo deu lugar à imponência da banda completa, lembrando o sucesso original de 1969.
Seguindo o caminho mais ensolarado, interagiu com o público, dançou e emendou “Ob-La-Di, Ob-La-Da”.
Simpático, interativo
As últimas músicas antes do bis foram as que mais engajaram o público, que seguia vidrado no espetáculo apresentado por McCartney – simpático, interativo e expressivo.
Sentado no piano, suspira e chama por Floripa, serenamente. Sem continuar a frase, começa Let It Be. Se for considerar a reação do público, a balada melódica foi um dos pontos altos do show, seguida da energizante “Live and Let Die”, clássico dos Wings que depositou a maior parte da pirotecnia do show.
Os acordes iniciais da emocional “Hey Jude”, ainda no piano, fizeram o público gritar. Assim como um repeteco do show de 2012, na mesma Ressacada, os fãs cantaram “na na”s em uníssono.
Paul ainda dividiu o coro:

“Só os homens!”
“Só as queridas!”
“Toda a raça!”
Bis
O artista voltou para uma sequência de músicas extras anunciando que “o pai tá on”, bordão que passou a usar já nos shows de 2023 pelo país.
Ele passou por “I’ve Got a Feeling, Birthday, uma versão reduzida de Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band e a rock and roll Helter Skelter, uma das mais pesadas da apresentação, marcada pelas guitarras distorcidas e pelos vocais rasgados de McCartney.
Após dizer “hora de vazar”, a banda seguiu com o medley de “Golden slumbers”, “Carry that weight” e “The end”, que originalmente encerra o album Abbey Road. A sequência emocional deu gosto de quero mais.
Paul se despediu com “até a próxima”. Os manezinhos esperam que o encontro não leve mais 12 anos.
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