27 de dezembro de 2024

Perícia conclui que laudos encontrados em consultório de médica investigada por falsos diagnósticos de câncer de pele foram adulterados, diz polícia

Número de vítimas que denunciam Carolina Fernandes Biscaia Carminatti subiu para 31. Após ouvir todos os denunciantes, médica também será interrogada. Defesa da médica diz que não vai “comentar sobre especulações que podem interferir na investigação”. Médica Carolina Fernandes Biscaia Carminatti, de Pato Branco
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A perícia do Instituto de Criminalística do Paraná concluiu que laudos atestando câncer de pele apreendidos no consultório da médica Carolina Fernandes Biscaia Carminatti de Pato Branco, no sudoeste do Paraná, foram adulterados, disse o delegado de Polícia Civil Helder Lauria ao g1 Paraná nesta sexta-feira (29).
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Ele afirmou que a conclusão dá materialidade ao que a polícia suspeitava no princípio, de que era feita a sobreposição de laudos falsos sobre os verdadeiros e era usada uma máquina copiadora para emissão dos diagnósticos falsos de câncer de pele no consultório da médica.
“[Perícia] chegou à conclusão de que houve falsificação de laudos de pacientes onde haveria sobreposição de um diagnóstico falso em cima do laudo verdadeiro”, disse Lauria.
“Até existia uma folha com vários diagnósticos falsos prontos só para serem cortados e botados em cima do diagnóstico verdadeiro. Aí ela ia e tirava xerox. Ela botava o falso, em parte, por cima do diagnóstico verdadeiro e tirava xérox”, explicou o delegado.
Os itens foram apreendidos em 23 de fevereiro deste ano após a polícia receber denúncias de seis pacientes contra a médica. O número de vítimas agora subiu para 31, segundo o delegado Lauria.
À esquerda, laudo laboratorial, à direita, laudo apresentado pela médica para paciente
Arquivo pessoal
A investigação, até o momento, apurou que nas consultas a médica examinava pintas e manchas dos pacientes e afirmava que algumas delas poderiam ser cancerígenas. Na sequência, ela fazia retirada de material e encaminhava para um laboratório.
Na reconsulta, segundo a investigação, ela apresentava ao paciente um laudo falso com diagnóstico de câncer de pele e realizava a ampliação de margem – procedimento em que é retirado pedaço da pele na área suspeita de haver células cancerígenas. Os procedimentos custavam até R$ 13 mil.
O g1 contatou a defesa da médica sobre a conclusão da perícia do Instituto de Criminalística do Paraná. A defesa afirmou que vai aguardar as conclusões e não vai “comentar sobre especulações que podem interferir na investigação. Ressaltamos que o caso continua em sigilo judicial”, diz nota.
Criminalmente, se forem comprovadas as fraudes, a médica pode responder por crimes como estelionato e lesões corporais. Somadas as penas podem chegar a mais de seis anos de prisão.
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Laudos adulterados
Conforme o delegado Helder, que investiga o caso, os laudos falsos foram encontrados tanto no meio dos prontuários, quanto nas gavetas do consultório. Em meio aos itens adulterados, também foram encontrados os laudos originais.
“O perito constatou que os laudos são aqueles que os pacientes mostraram (para a polícia) e que tinham retirado ou recebido da clínica (da médica). Nós conseguimos vários desses laudos impressos no dia da busca e apreensão”, afirmou o delegado.
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Médica apresentava especialidades como oncologia e dermatologia no perfil
Redes sociais/Reprodução
Lauria afirmou ainda que a perícia constatou que algumas folhas tinham diversos diagnósticos diferentes de câncer, que seriam recortados para colar em cima dos diagnósticos originais.
“A nossa suspeita era isso da sobreposição de diagnóstico falso em cima do original e a perícia realmente comprovou o que imaginávamos”, afirmou Lauria.
Com a comprovação de falsificação dos laudos, agora o delegado diz que ouvirá as últimas quatro supostas vítimas para permitir que na sequência a médica possa ser ouvida também.
O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) disse que abriu uma sindicância para apurar a denúncia de possível desvio ético pela médica.
Segundo a organização, o Código de Processo Ético-Profissional determina que o processo tramite sob sigilo, garantindo o contraditório e ampla defesa.
Médica sem especialidade
Registro da profissional no Conselho Federal de Medicina
CRM
Nas redes sociais, Carolina se apresenta como dermatologista, especialidade que não possui, segundo o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR).
Por anunciar uma especialidade que não possui, ela foi punida com censura pública pelo conselho.
Agora o CRM investiga, em outro processo, a suspeita de emissão de laudos falsos.
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