Reservatórios apresentam os melhores níveis de janeiro desde 2018. Período chuvoso enche reservatórios que viveram momentos críticos com a seca em Poços
O ano começou com bastante chuva, o que é bom para os reservatórios do Sul de Minas. Em Poços de Caldas (MG), o período foi crítico no último trimestre de 2024 e a expectativa é de mais chuvas ao longo de 2025 para que o abastecimento de água não seja comprometido.
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A Represa Saturnino de Brito, utilizada para abastecer principalmente a Zona Leste de Poços de Caldas, opera hoje com 1,60 m acima do nível mínimo. Realidade bem diferente da que foi registrada no ano passado, quando o departamento de água precisou até mesmo bombear água para conseguir manter o abastecimento.
A Represa Bortolan, que não é usada para o abastecimento, mas para a geração de energia elétrica, também já sente os reflexos desse período chuvoso e hoje opera com mais de 100% da capacidade. Já a represa do Cipó, que é o maior reservatório aqui de Poços de Caldas, atualmente opera com quase 95% da capacidade. Esse é o melhor volume para o início de janeiro desde 2018, quando o departamento de eletricidade passou a divulgar esses dados.
Período chuvoso enche reservatórios que viveram momentos críticos com a seca em Poços de Caldas
Reprodução EPTV
O diretor da DME Energética destaca que o volume de chuva de 2024 foi acima da média dos anos anteriores, porém, se concentrou apenas nos meses do início e do fim do ano.
“Uma quantidade de chuva muito grande nos três primeiros meses, depois dos outros seis meses, segundo o terceiro trimestre, com pouca chuva, muito reduzida a quantidade de chuva, e no último trimestre, a partir de outubro, uma quantidade muito grande. Então, nós acabamos fechando o ano de 2024 com valores acima da média, porém com problema na distribuição”, disse o diretor da DME Energética, Marcelo Dias Loichate.
Paulo é supervisor do Departamento de Água. Ele destaca que, embora os reservatórios estejam cheios agora, é preciso que a cidade tenha chuvas, mesmo após esse período, para manter as represas também cheias.
“Não adianta nada nós temos uma precipitação concentrada nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março, tá certo? Se depois, até outubro, nós não tivermos também chuva, porque senão esses volumes eles acabam sendo pequenos para fazer frente à demanda que o município impõe. Então seria até melhor que tivesse precipitações menores, nesses três meses, mas que essas precipitações fossem assim, contínuas, certo? Que chovesse em junho, julho, agosto”, disse o supervisor do DMAE, Paulo Fernandes Silveira.
Período chuvoso enche reservatórios que viveram momentos críticos com a seca em Poços de Caldas
Reprodução EPTV
O geógrafo Rildo Borges Duarte, professor do Instituto Federal do Sul de Minas, destaca que a estiagem entre abril e outubro do ano passado foi considerada um evento extremo
“É considerado inclusive pelo Cemaden, a maior seca da história, desde que começou a fazer as medições no Brasil. Somado ao segundo semestre de 2023 influenciado pelo El Niño, com aquelas ondas de calor, enfim, fizeram com que as empresas adentrassem em 2024 já num nível não muito adequado, né? Somado a esse evento climático extremo do meio de 2024, a gente teve aquela necessidade de fazer racionamento e muitas cidades apresentaram problemas de abastecimento de água”, disse o geógrafo.
Rildo afirma ainda que agora em 2025 a região deve sofrer menos impactos do El Niño e La Ninã e a tendência é que eventos extremos não se repitam, mas alerta que todas as cidades não podem depender apenas das chuvas e precisam se planejar para garantir a médio e a longo prazo que o abastecimento seja garantido.
“O planejamento urbano, o planejamento das cidades, deve levar em conta, entre outras coisas, a garantia de áreas que possibilitem a recarga dos mananciais, a recarga dos aquíferos, como por exemplo, a gente sabe que áreas vegetadas garantem uma maior infiltração de água no solo e garantem, entre outras coisas, que essa água possa ir aos poucos abastecendo os mananciais, principalmente nos períodos mais secos. Se a gente tem áreas desmatadas, porque a gente tem uma água da chuva que vem e escorra rapidamente, o que dificulta o abastecimento desses mananciais, principalmente nos períodos mais secos”, disse Rildo Borges.
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