11 de janeiro de 2025

Período chuvoso favorece o aparecimento de caramujos africanos em AL; espécie não tem predador natural e é transmissora de doenças

Clima chuvoso favorece o aparecimento de caramujos em Maceió
Durante o período chuvoso é comum notar a presença de caramujos africanos em várias regiões de Alagoas. Esses animais representam um risco para a população, já que são transmissores de doenças como a meningoencefalite.
Os caramujos africanos foram trazidos da África para o Brasil ilegalmente no início da década de 1980 para serem servidos como escargot, mas não tiveram boa aceitação e foram descartados.
O biólogo Carlos Fernando, da Unidade de Vigilância e Zoonoses de Maceió (UVZ), explica que, no verão, esses animais colocam ovos embaixo da terra. Quando chove, esses ovos eclodem, os caramujos começam a evoluir na terra e, depois, saem para acasalar.
O caramujo africano foi introduzido ilegalmente no Brasil na década de 1980 com o intuito de substituir o escargot
Reprodução/TV Mirante
Por se reproduzirem rapidamente e não possuírem predadores naturais, os caramujos africanos são uma praga de difícil controle.
“[O caramujo africano] é considerado uma das 100 piores pragas do mundo pela OMS. Causa problemas econômicos, problemas ambientais e, principalmente, problemas de saúde pública”.
No bairro da Jatiúca, em Maceió, os moradores estão assustados com a quantidade de caramujos que começara a aparecer nas ruas no final de maio.
“A gente já não sabe mais o que fazer. Ontem eu já matei de 15 a 20 caramujos e hoje já estão subindo nas paredes, estão no chão”, conta o morador Josival de Oliveira.
Os caramujos costumam ficar em áreas rurais e de transição, como próximo ao Jardim Botânico, e Especialistas e autoridades indicam que os animais trazem risco e o manuseio deles deve ser cuidadoso (veja orientações abaixo).
O biólogo Felipe Bianchi afirma que, no calor, os caramujos se entocam e se reproduzem. “Eles botam 400 ovos por ano, são hermafroditas, e fazem autofecundação. Não tem como saber a quantidade de indivíduos”, explica.
Já em dias chuvosos e com temperatura mais baixa, os bichos aparecem porque o clima facilita a locomoção deles.
Cuidados
Um dos principais riscos trazidos pelos animais é que, assim como no caso dos caracóis, eles podem carregar o parasita que causa a meningoencefalite, doença que provoca febre, náuseas, confusão mental e pode levar a inflamações no cérebro.
A espécie também pode transmitir a estrongiloidíase, doença que causa sintomas como tosse seca, dispneia ou broncoespasmo, edema pulmonar, diarreia e dor abdominal. A infecção em humanos ocorre por meio da ingestão do muco (gosma) que o caramujo libera para facilitar o deslizamento.
Por isso, é preciso tomar muito cuidado ao lidar com os animais. Além de não haver predadores para eles, a espécie é resistente a venenos.
Veja algumas orientações para o combate à praga:
Não pegar os caramujos sem proteger as mãos com luvas ou sacos plásticos;
Não deixar que crianças brinquem com eles;
Lavar bem as hortaliças e deixar de molho por 30 minutos em um litro de água misturado com uma colher de sopa de água sanitária, antes de serem consumidas;
Não comer o caramujo africano encontrado livre no ambiente.
Ao detectar o caramujo, as pessoas devem catar os animais e os ovos, com as mãos protegidas por sacos plásticos ou luvas. Coloque em sacos plásticos fechados, depois quebre a concha deles para evitar que tenham ovos, façam um buraco no solo e tampem com cal. Se acharem apenas os ovos, devem fazer o mesmo procedimento.

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