Pescadores da região e técnicos decidiram reduzir população da espécie, para evitar reação em cadeia que poderia gerar mortandade. Pescadores e técnicos implementam pesca da savelha para evitar mortandade de peixes na Lagoa
Técnicos da Águas do Rio e pescadores estão implementando um novo método para manter o equilibrio ambiental na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio, além de evitar a poluição e o despejo de esgoto.
Eles apostam no controle um certo tipo de peixe, a savelha. O plano envolve parceria entre pescadores da colônia que atua na Lagoa, profissionais da Águas do Rio e tecnologia para monitorar as condições das águas e dos animais.
A espécie de peixe é particularmente sensível ao calor e a redução da disponibilidade de oxigênio na água. Nestas situações, a savelha é uma das primeiras a morrer, podendo dar início a uma cadeia de problemas que colocam em risco todo o ecossistema local, como observa o pescador Alexandre de Oliveira.
“A savelha é o peixe mais frágil e com isso o oxigênio diluído ele indo a zero ou um ela é o primeiro peixe a sentir e morrer só que savelha morrendo, ela solta um óleo que ela impermeabiliza, ela deixa uma camada de óleo na superfície e isso prejudica também os outros peixes. Então, vai uma reação em cadeia: vem os peixes de fundo, começam a virar tona, e não conseguem respirar”, diz outro pescador,” Antonio Cláudio Maia Paiva
A consequência pode ser a mortandade de peixes na lagoa, como a que ocorreu às vésperas dos jogos olímpicos de 2016.
Para evitar que isso aconteça de novo, parâmetros técnicos estão sendo monitorados diariamente e experiência dos pescadores também tem sido levada em conta.
Boias que monitoram as condições da Lagoa
Reprodução/RJ2
Verão teve momentos de baixa de oxigênio
O plano envolve também o uso de bóias que recolhem informações sobre a qualidade da água da Lagoa e acendem um alerta quando a quantidade de oxigênio está muito baixa e a temperatura da água muito alta. Isso aconteceu também neste verão.
“Hoje em dia, a pauta ambiental ela tem que ser super integrada ao saber popular né então nós tivemos nesse último verão dois dias em que acendeu um alerta vermelho pra gente sobre a vida que existe na Lagoa. Nós tivemos dois dias em que o oxigênio dissolvido da Lagoa começou a reduzir e isso começou a preocupar muito a toda a Águas do Rio porque nós fizemos inúmeras ações pra impedir que o esgoto chegasse na Lagoa”, explica Caroline Lopes Santos, gerente de Meio Ambiente da Águas do Rio.
“Então o que nós fizemos, nós procuramos os donos da lagoa quem entendem quem vive aqui da pesca pra entender com eles o que a gente está olhando através daquele dado”, acrescentou.
Os pescadores da lagoa tinham uma explicação sobre os fatores ajudaram a evitar o problema este ano. Eles explicam que o vento ajudou a água do mar a entrar na lagoa, contribuindo para não ocorrer a mortandade.
“São vários fatores que contribuem pra isso, entra a questão do fundo entra a questão da circulação de água na lagoa entra a temperatura da água entra a temperatura do meio ambiente do próprio ar então se essas condições todas convergirem pra causar uma mortandade ela pode acontecer mesmo com todo trabalho que a gente fez”, acrescenta Sinval Andrade, diretor institucional da águas do rio
Antes que as condições desfavoráveis se apresentem, pescadores já começaram a retirada extraordinária das savelhas da Lagoa, a chamada “despesca”.
Para aproveitar a savelha pescada – peixe sem valor comercial, com muita espinha e gosto forte – foi firmada uma parceria com uma empresa e os peixes vão virar ração animal.
“É justamente isso que a gente vem tentando fazer manter esse equilíbrio porque se houver uma mortalidade o desequilíbrio vai ser maior então a gente tenta retirar um pouco pra que não aconteça mortandade pra não acontecer desequilíbrio maior”, conclui Cláudio.