26 de dezembro de 2024

Pesquisa científica quer usar Inteligência Artificial para identificar Parkinson ainda em estágio inicial

Estudo, realizado pela UFPR e pela universidade britânica Bradford, é considerado inédito e deve ajudar médicos a escolherem tratamento e medicamento de forma mais assertiva. UFPR faz estudo para mapear estágio do mal de parkinson em pacientes
Uma pesquisa científica, realizada em parceira entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a universidade britânica Bradfor, visa usar a inteligência artificial para estabelecer parâmetros e, assim, conseguir identificar o Parkinson ainda em estágio inicial.
Atualmente, o diagnóstico é clínico e, normalmente, quando o paciente chega ao consultório médico, está em um estágio avançado da doença.
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Além de facilitar o diagnóstico, a pesquisa quer também mapear precocemente a condição, ou seja, fazer com que aquele paciente que tem uma tendência ao Parkinson faça o tratamento o quanto antes.
“Se a gente conseguir fazer essa identificação dos diferentes estágios, e também conseguir fazer o mapeamento dos estágios que precedem a doença, talvez seja uma grande possibilidade de a gente fazer um diagnóstico precoce, o que seria extremamente importante para todos envolvidos com o Parkinson, para que eu tenha condições de dar ferramentas para que uma intervenção, uma ação medicamentosa ou de tratamento comece a ser efetuada muito mais precocemente”, afirma o pesquisador, explicou o professor André Rodacki, doutor em exercício e ciências do esporte da UFPR.
O Parkinson é uma condição neurológica resultado da degeneração das células no cérebro que produzem a dopamina. Como consequência, os movimentos do corpo são afetados, causando tremores, rigidez muscular e dificuldade na fala, por exemplo.
Parkinson afeta a produção de dopamina
Artes/RPC Curitiba
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo, atrás apenas do Alzheimer. Cerca de 4 milhões de pessoas no mundo vivem com a doença, sendo aproximadamente 200 mil no Brasil. De acordo com a Secretaria de Saúde do Paraná, são 20 mil pessoas com a condição no estado.
O Parkinson não tem cura, e o tratamento serve para amenizar os sintomas.
Com a evolução das análises, o estudo deve ajudar médicos a escolherem tratamentos e medicamentos de forma mais precisa, o que deve melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Há doze anos, a Sandra Salomão Cury Riechi percebeu que os tremores nas mãos se tornaram frequentes. Além disso, o equilíbrio faltava e os movimentos ficaram mais rígidos.
“Comecei a tremer mais do que era visível. Daí uma amiga minha falou: ‘Sandra, você está tremendo muito’. Eu fui no meu médico, um psiquiatra, que recomendou que eu fosse a um neuro”, lembra.
Ao procurar um médico, o diagnóstico: Parkinson. Hoje, ela é presidente da Associação Parkinson Paraná e é uma das pacientes voluntárias do estudo da UFPR.
O avanço é silencioso e, quando o paciente chega ao consultório, normalmente está em fase avançada. Esse foi um dos motivos que levaram os pesquisadores da UFPR a começarem os estudos.
No Centro de Estudos do Comportamento Motor são feitos testes com os pacientes voluntário. São avaliados movimentos como o da pinça.
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Estudo analisa movimentos clínicos e gera dados que podem ajudar os pesquisadores
RPC Curitiba
Em outro teste, um celular é colocado na perna e um sensor avalia a frequência do movimento de subir e descer o calcanhar. Os gestos são captados pelas câmeras e transmitidos para um aplicativo de computador, que transforma em dados para análise.
O professor André Rodacki, doutor em exercícios e ciências do esporte, é um dos pesquisadores do Departamento de Educação Física da UFPR que atua no estudo. Ele explica que as análises dos comportamentos dos pacientes podem ajudar muito os médicos a estabelecerem as dosagens.
“Se a gente conseguir fazer essa identificação dos diferentes estágios, e também conseguir fazer o mapeamento dos estágios que precedem a doença, talvez seja uma grande possibilidade de a gente fazer um diagnóstico precoce, o que seria extremamente importante para todos envolvidos com o Parkinson, para que eu tenha condições de dar ferramentas para que uma intervenção, uma ação medicamentosa ou de tratamento comece a ser efetuada muito mais precocemente”, afirma o pesquisador.
Ramzi Jaber, aluno de pós- doutorado da Universidade de Bradford, é um dos pesquisadores que participam do estudo e esteve em Curitiba para coletar amostras, que agora vão ser analisadas por médicos.
“Nossa colaboração com a Universidade Federal do Paraná é desenvolver um sistema usando visão computacional e técnicas de inteligência artificial para quantificar os distúrbios do movimento associados ao Parkinson. […] Nosso foco principal é extrair parâmetros clínicos significativos a partir de gravações de vídeos de tarefas simples de ckinicos como o ‘tocar de dedo'”, disse.
Inteligência Artificial ajudará diagnóstico da condição
Divulgação
Tecnologia pode ajudar a mapear mudanças sutis no quadro do paciente
O pesquisador André Rodacki explica que, no caso do Parkinson, muitas vezes é difícil identificar pequenas melhorias ou pequenas deteriorações do movimento.
Os testes em desenvolvimento no estudo podem ajudar a mapear essas alterações de forma mais acurada e identificar se o tratamento está surtindo efeito.
Além de facilitar o diagnóstico do estágio do Parkinson, a pesquisa quer também mapear precocemente a condição, ou seja, fazer com que aquele paciente que tem uma tendência ao Parkinson faça o tratamento o quanto antes.
“Uma das ideias é que a gente consiga fazer com que essas análises, esses movimentos que a gente está capturando, eles consigam ser feitos através de aplicativo, através do celular, de uma maneira, bastante popular, bastante acessível, com baixo custo que consiga ser inclusive aplicada pelo próprio paciente no sentido de diagnóstico, pelos médicos, para que a gente consiga ter uma ideia desse progresso, da evolução e do monitoramento do controle da doença”, afirma Rodacki.
Como participar da pesquisa
Para quem tem Parkinson e quer participar da pesquisa precisa entrar em contato com Associação Paranaense de Parkinson. Em parceria com a UFPR, eles fazem a triagem de pacientes e encaminhamento ao estudo.
A associação não tem fins lucrativos e auxilia os pacientes com Parkinson oferecendo diversos serviços, entre eles a entrega de medicamentos via SUS.
Serviço:
Associação Paranaense dos Portadores de Parkinsonismo
Av. Silva Jardim, 3180 – Água Verde – CEP 80.240-021 – Curitiba – PR.
Contatos: (41) 3014-5617 / Farmácia: (41) 3042-1217
projetos.parkinson@gmail.co
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