18 de novembro de 2024

Pesquisa identifica saúde menstrual como causa de evasão escolar em cidade no litoral de SP; entenda


Levantamento feito em Itanhaém (SP) mostra que estudantes costumam faltar quando sentem dores, pela falta de absorvente e medo de situações constrangedoras. A prefeitura desenvolveu um projeto piloto para contornar a situação. Muitas adolescentes faltam nas aulas por falta de absorvente
Alice Sousa/G1
A Prefeitura de Itanhaém, no litoral de São Paulo, realiza um projeto piloto de combate à evasão escolar, destacando que o período menstrual é um dos principais responsáveis pela ausência de estudantes. O objetivo do trabalho é garantir o bem-estar físico, mental e social de adolescentes, proporcionando educação de qualidade para todos.
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O projeto “Promoção da Saúde no Combate à Evasão Escolar” foi desenvolvido após uma pesquisa da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes para entender as causas da evasão.
O resultado da apuração em 18 escolas foi que a maior parte dos estudantes ausentes eram meninas que cursavam do 5º ao 8º ano.
De acordo com a Prefeitura de Itanhaém, a pesquisa ouviu 3.560 meninas. Deste total, 2.532 delas menstruam e responderam que nesse período:
Faltam com frequência: 1.570 (62%)
Faltam às vezes: 1.370 (54,10%)
Não vão à escola: 200 (5,6%)
A justificativa para as ausências varia entre as alunas. A pesquisa apontou que 1.150 meninas sentem fortes dores, 284 temem por situações constrangedoras e 136 sofrem com a falta de absorventes.
Mobilização
Após a pesquisa, a secretaria selecionou 500 meninas de escolas municipais que registraram maior evasão escolar e de programas sociais para realizarem exames, conforme adesão das famílias responsáveis.
“Nós tínhamos a necessidade, mapeamos a necessidade, e aí, nesse mapeamento, fizemos um convencimento junto com a gestão escolar e as mães”, explicou a diretora de Educação Social, Viviane de Paula,.
De acordo com a secretária de Educação, Cultura e Esportes, Maria Cecília Cardoso Tecedor, o objetivo é mitigar o impacto das dores menstruais na frequência escolar.
“É essencial desenvolver e implementar políticas públicas e programas de apoio que garantam atendimento médico adequado e suporte contínuo para as adolescentes. Estas medidas são fundamentais para assegurar que todas as alunas tenham condições de frequentar a escola”, explicou Maria Cecília, em nota divulgada pela prefeitura.
Medidas
Até o momento, 300 adolescentes já realizaram exames de imagem, como ultrassonografia pélvica, abdominal e transvaginal. As garotas que apresentaram alteração nos resultados foram encaminhadas para consultas nas Unidades de Saúde da Família (USFs).
A segunda fase do projeto piloto abordará os exames laboratoriais, como hemograma completo, triglicérides, ferro, ferritina, coagulograma, colesterol total, colesterol HDL, colesterol LDL, colesterol VLDL, hemoglobina glicada (HbA1c), glicose e insulina para cada adolescente.
”Assim que foi detectado que o problema da evasão escolar estava relacionado com a saúde, tentamos contribuir de alguma forma. Prevenir sempre é o melhor caminho”, disse o secretário de Saúde, Marcelo Gonçalves Jesus, que pretende expandir o projeto para mais adolescentes.
Prefeitura de Itanhaém (SP) realiza projeto de combate à evasão escolar
Divulgação/Prefeitura de Itanhaém
Futuro
O trabalho, financiado por meio de uma emenda parlamentar, passou a ser um Projeto Incentivado com o certificado do Governo do Estado de São Paulo. Por conta disso, agora pode captar recursos de empresas particulares, contribuindo para a realização de uma segunda etapa atendendo alunas de outras regiões da cidade.
Ao final desta etapa, a pesquisa será publicada em uma revista científica. A gestora do projeto, Viviane de Paula, buscará captar recursos para que a prática se consolide no ano que vem e, em 2026, se torne um projeto de política pública municipal.
“Já temos a busca ativa escolar. Então, nós temos uma outra vertente, um outro desafio, que é garantir a promoção da saúde dessas meninas para que elas não faltem. São vários desafios em torno da evasão escolar. Nós estamos atacando em várias frentes”, afirmou Viviane ao g1.
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