Na pesquisa, camundongos sob estresse agiam no ‘piloto automático’, e comeram muito além da saciedade. Estudo indica que o estresse desencadeia mudanças nas células cerebrais. Pesquisa mostra que estresse muda mecanismo no cérebro e pode prejudicar a tomada de decisão
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Uma pesquisa publicada na revista Nature descobriu que o estresse crônico desencadeia mudanças nas células cerebrais que influenciam a forma como tomamos decisões.
➡️ O estresse crônico é a sensação contínua de irritação, sobrecarga ou pressão. Já se sabe que ele pode causar diversas consequências físicas, como cansaço, dores de cabeça, dificuldade de concentração e insônia. Agora, os pesquisadores descobriram que ele também altera mecanismos no cérebro.
No estudo, conduzido por neurocientistas nos Estados Unidos, os cientistas observaram que o estresse reduz a atividade do centro responsável por escolhas ponderadas no cérebro e, ao mesmo tempo, aumenta a ativação da região associada à formação de hábitos, tornando mais difícil romper com comportamentos automáticos.
Embora a pesquisa tenha sido realizada em ratos e ainda exija mais análises para confirmar se o padrão se repete em humanos, os cientistas destacam que os mecanismos de tomada de decisão em ambos são bastante semelhantes.
Essas descobertas podem contribuir para o desenvolvimento de tratamentos para condições psiquiátricas relacionadas à criação de hábitos no cérebro.
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Como foi feito o estudo
➡️ A pesquisa foi conduzida com camundongos divididos em dois grupos:
Um deles foi exposto a condições estressantes, como dormir em camas molhadas e permanecer em um ambiente com ruídos contínuos.
O outro grupo não foi submetido a esses fatores.
No ambiente de teste, havia uma alavanca que, ao ser pressionada, liberava um petisco. Os animais sob estresse passaram a puxar a alavanca repetidamente, mesmo quando já estavam saciados. Já os camundongos do outro grupo apenas acionavam a alavanca até satisfazerem a fome.
Os pesquisadores concluíram que o estresse reduziu a capacidade dos ratos de pensar criticamente, fazendo com que adotassem comportamentos repetitivos e automáticos.
➡️ A equipe identificou duas vias cerebrais responsáveis por esse comportamento. Ambas se originam na amígdala, a região do cérebro que controla o medo, e se conectam ao estriado dorsomedial, área envolvida na formação de hábitos e na tomada de decisões.
Uma dessas vias estava ativa em camundongos sem estresse, mas inativa nos camundongos estressados. Já a segunda via apresentou o comportamento oposto, sugerindo que ela favorece a dependência de hábitos após a exposição ao estresse.
Os pesquisadores destacam que os humanos possuem circuitos cerebrais muito semelhantes, tornando “muito plausível que esse mecanismo também se aplique aos seres humanos”.