18 de outubro de 2024

Pesquisadora indígena Sandra Benites realiza aula aberta na Pinacoteca do Ceará

O evento com a antropóloga, pesquisadora e curadora indígena será no dia 18 de outubro, às 18h, no auditório do museu. Pesquisadora indígena Sandra Benites realiza aula aberta na Pinacoteca do Ceará.
Rodrigo Avelar/Divulgação
A antropóloga, pesquisadora e curadora indígena Sandra Benites realiza aula aberta e gratuita, nesta sexta-feira (18), na Pinacoteca do Ceará. O evento “Para o futuro” acontece às 18h, no auditório do museu.
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Sandra Benites, Guarani Nhandewa, é pesquisadora, curadora e figura central no chamado feminismo indígena. Sustenta as questões que tratam do território, do ativismo político, da língua guarani, da saúde, do modo guarani de conceber o mundo.
Ela é formada na licenciatura intercultural indígenas do Sul da mata atlântica pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestre em Antropologia Social pelo Museu Nacional e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional. Atualmente está como diretora de artes visuais na Funarte.
Segundo a antropóloga, a memória e cosmovisão dos povos indígenas são base fundamental para a resistência histórica contra a destruição dos territórios. Ela defende a ideia de “acordar a memória”, uma expressão dos parentes de diferentes etnias em referência à ativação cotidiana de saberes e rituais ancestrais, passados de geração em geração.
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Para Benites, “acordar a memória” é também uma forma de refletir e se opor aos processos de silenciamento e apagamentos históricos dos saberes e vozes indígenas, inclusive no campo das artes.
A antropóloga e curadora deve abordar a contribuição das cosmovisões de diferentes povos indígenas sobre os processos de elaboração artística e, em especial, à memória enquanto catalisador de mudanças.
Memória e futuro
Para Benites, “acordar a memória” é também uma forma de refletir e se opor aos processos de silenciamento e apagamentos históricos dos saberes e vozes indígenas.
Alex
A memória tem uma relação com a forma de ver o mundo, como ele surgiu segundo as crenças de cada comunidade. E são essas construções coletivas que podem levar a humanidade a um futuro melhor, trilhando outros caminhos com base nos saberes ancestrais, transmitidos de geração em geração por meio da oralidade, da vivência e da vida cotidiana.
O próprio processo de criação artística dos povos indígenas possui particularidades intrínsecas às cosmovisões de cada território. Para que um artista da etnia guarani possa produzir uma escultura, por exemplo, é necessário antes realizar a coleta da matéria-prima por meio rituais.
É preciso pedir permissão aos espíritos da floresta e estar alinhado com a fase lunar ideal e no tempo ideal. Diferente da visão ocidental, o povo guarani compreende que a arte está no processo e não apenas no objeto produzido.
Nos últimos anos, Sandra Benites tem atuado para levar a cosmovisão dos povos originários ao mundo dos museus, diversificando suas vozes. Nascida na aldeia Porto Lindo/Jacare’y, no Mato Grosso do Sul, Sandra defende que o passado é também uma caminhada e, por isso, as memórias precisam seguir um fluxo.
Esse movimento de acordar a memória, e que reverbera no campo das artes, é um chamado para que os povos tenham uma visão integral do planeta. Caminhar com as memórias é também garantir o futuro dos seres vivos, das florestas, corpos de água, possibilitando a manutenção de territórios saudáveis e seguros para o bem-estar futuro.
A aula aberta “Para o futuro” é gratuita, tem classificação indicativa livre, interpretação em Libras e conta com 100 vagas disponíveis a serem ocupadas por ordem de chegada. A Pinacoteca integra a Rede de Equipamentos e Espaços Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT-CE) e é gerido em parceria com o Instituto Mirante.
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