29 de setembro de 2024

Pesquisadores do AP identificam resíduos de plástico e alumínio em arraias do Rio Amazonas

Projeto ‘Raias Tucujus’ da Ueap mapeia as quatro espécies com amostras coletadas no Canal do Jandiá, das Pedrinhas, da Mendonça Júnior e Trapiche Eliezer Levy, em Macapá.  Projeto ‘Raias Tucujus’ da Ueap mapeia as quatro espécies
Raias Tucujus/Divulgação
Pesquisadores do projeto ‘Raias Tucujus’ da Universidade do Estado do Amapá (Ueap) identificaram resíduos de plásticos e alumínios em espécies de arraias existentes no Rio Amazonas, em Macapá. 
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Ao todo, são mapeadas quatro espécies da família Potamotrygonidae com amostras coletadas no Rio Amazonas, na orla da capital. Os pesquisadores passaram também pelo Canal do Jandiá, das Pedrinhas, da Mendonça Júnior e Trapiche Eliezer Levy.
Os animais coletados foram classificados de acordo com seus hábitos alimentares e período de reprodução. Dados do projeto apontam que entre os anos de 2021 e 2023 foi o pico de reprodução. 
Quem são os Potamotrygonidae? essa família tem hábito alimentar de carnívoras com tendência a detritívora – isto é, se alimentam de restos orgânicos contribuindo para remoção de matéria orgânica deixada na natureza por outros organismos -. Além disso, essa família é restrita as água doce da América do Sul.
Pesquisadores são do colegiado de engenharia de pesca
Raias Tucujus/Divulgação
A pesquisadora Dra.ª Neuciane Dias Barbosa, responsável pelo Raias Tucujus, explica que, a princípio, o objetivo do projeto era a análise do comportamento e da estrutura corporal desses animais. 
“O foco nem era a questão da poluição, era mais a análise da ecologia ambiental dessas ‘raias’. E durante isso tudo foi encontrado esses materiais, foi algo inusitado. Destacamos esse ponto, porque isso já é um sinal de alerta de que esses animais serão impactados futuramente”, disse Neuciane. 
Com corpo achatado, nadadeiras em abas e rabo fino e comprido, as arraias são espécies de peixes comuns na Amazônia. Além disso, a pesca e consumo em comunidades ribeirinhas é outro fator recorrente da espécie.
A pesquisadora destaca também que o encontro dos resíduos causou espanto nos membros do projeto. Apesar de serem resíduos microplásticos, a análise acende o alerta para o aumento da poluição do Rio Amazonas. 
“A gente pretende aprofundar essa análise do trato intestinal desses animais porque provavelmente deve ter microplásticos presentes. Esses animais ficam bem mais suscetíveis, já que eles são do topo da cadeia. A problemática chamou nossa atenção, já que o foco não era esse, mas esse impacto que eles já vêm sofrendo”, afirmou. 
Os resíduos de contaminação foram encontrados na espécie Potamotrygon Scobina, uma das únicas que tem como habitat natural exclusivo os rios de água doce. 
Projeto da Ueap realizou coletas em diversos pontos da capital
Raias Tucujus/Divulgação
Em um vídeo registrado na semana passada na Rampa do Açaí, na área sul de Macapá, mais uma dessas arraias foi capturada por pescadores. Dessa vez, foi a espécie conhecida popularmente como ‘raia de fogo’, pesando cerca de 17 quilos (veja vídeo abaixo).
Vídeo foi registrado na semana passada na orla de Macapá
Raias Tucujus 
O projeto de extensão da Universidade do Estado do Amapá (Ueap) é composto por quatro alunos do colegiado de engenharia de pesca, que por meio de suas pesquisas buscam orientar a sociedade civil sobre o consumo e cuidados com esse peixe de grande porte. 
O projeto está mapeando também o índice de poluição dos rios. A ideia é provocar na população a consciência ambiental. Para isso, um panfleto educativo foi desenvolvido. 
Quatro alunos participam do projeto
Raias Tucujus/Divulgação
“Queremos orientar a sociedade e levar informação de qualidade para essas pessoas, como, por exemplo, no nosso panfleto, onde explicamos como proceder em casos de ferroadas desses animais, que acaba sendo comum em regiões de balneários”, destacou Zanaria Barbosa, acadêmica do curso de engenharia de pesca.
Esses peixes vivem nas profundezas dos rios e na incidência de ‘maré baixa’ costumam ficar camuflados na lama existente nessas águas.
Durante a ferroada, as arraias soltam um toxina pelo esporão.
Raias Tucujus/Divulgação
A ferroada de arraia é causada pelos espinhos venenosos localizados na cauda do animal e pode causar lesões graves.
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