26 de dezembro de 2024

Pesquisadores fazem registros inéditos de tubarões caçando peixes de água doce em Noronha; VÍDEO

Imagens foram produzidas por Mariano Correa, do Projeto Tubarões e Raias de Noronha na Baía do Sueste após ‘estouro’ do mangue. Tubarão perde peixe de água doce na Baía do Sueste
Pesquisadores do projeto Tubarões e Raias de Fernando de Noronha fizeram registros inéditos de tubarões-limão caçando filhotes de peixes de água doce na região do Sueste. Com um drone, o estudioso Mariano Correa filmou os animais se alimentando de jaguares, cujo nome científico é Parachromis managuensis (veja vídeo acima).
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“Para nossa pesquisa, os registros são muito importantes, porque nós descobrimos um novo nicho ecológico para os tubarões. A predação de um peixe de água doce, que tem nutrientes completamente diferente do que os tubarões-limão estão acostumados a encontrar no oceano, nos possibilita dados interessantes. Nossas pesquisas tentam entender o papel ecológico dos tubarões e a condição nutricional desses animais”, afirmou a coordenadora do Projeto Tubarões, Bianca Rangel.
A coordenadora do projeto, que também é pesquisadora a Universidade de São Paulo (USP), afirmou que, com os registros, ao analisar o sangue dos tubarões, será mais fácil identificar os nutrientes de difetentes ambientes marinhos. Isso reforça a importância da Baía do Sueste.
“Isso mostra como a Baía do Sueste é especial, diferenciada em nutrientes e em transferência energética comparada a outros lugares do mundo, inclusive”, analisou Bianca Rangel.
Tubarões predam espécie de água doce no Sueste
Mariano Correa/Projeto Tubarões e Raias de Noronha
Mangue
A chuva dos últimos dias na ilha possibilitou que o Mangue do Sueste “estourasse”. Isso significa que o manguezal transbordou e a água seguiu para o mar, junto com o jaguar, que é uma espécie introduzida. Apesar de ser um peixe de água doce, o jaguar também sobrevive à água salobra.
“Com a abertura do mangue saíram vários peixes e eles ficaram meio bobões. A diferença de salinidade é muito grande. A água do mar estava muita mais salgada que a água que eles estavam. Os tubarões se aproveitaram disso”, relatou a pesquisadora da USP.
A estudiosa detalhou a predação. “Nós contabilizamos quatro tubarões-limão adultos, que ficaram próximos da saída do mangue para se alimentar dos peixes jaguar. Eram muitos peixes e, no dia seguinte, não tinha peixes na baía. Isso significa que os tubarões comeram todos os jaguares”, falou a pesquisadora.
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A coordenadora disse, ainda, que no segundo dia de estouro do mangue, não foram identificados peixes da espécie jaguar adultos, mas os peixinhos foram vistos e predados pelos tubarões adultos e até por filhotes de tubarões-limão.
“Os registros ratificam o papel dos tubarões tanto em predar animais que não são naturais do ambiente, como para controlar uma espécie invasora”, analisou a coordenadora do Projeto Tubarões.
O Mangue do Sueste tem 1,5 hectare e é o único em ilhas oceânicas do Atlântico Sul. O manguezal está bem próximo à Baía do Sueste e é localizado na área do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, região protegida pelo Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio).
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