1 de abril de 2025

PF cumpre mandados contra suspeitos de efetuar disparos contra indígenas em área de conflito no PR; uma das vítimas perdeu movimentos do corpo


Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Guaíra, em casas na região da Vila Eletrosul, próxima a área onde vivem os indígenas e local dos disparos. Nomes dos suspeitos não foram divulgados. PF cumpre mandados contra suspeitos de efetuar disparos contra indígenas em área de conflito no PR
PF Paraná/Guaíra
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A Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã desta quinta-feira (27) 11 mandados de busca e apreensão contra suspeitos de atirar em indígenas Ava-Guarani em Guaíra, no oeste do Paraná. A região, sem demarcação, é palco de conflitos fundiários entre indígenas e fazendeiros há décadas. Leia mais abaixo.
O ataque à comunidade que resultou na operação, ocorreu em 3 de janeiro deste ano. Homens encapuzados entraram na aldeia Yvy Okaju e dispararam contra os indígenas. Uma das vítimas baleadas, Doroteu Martines Jara, de 25 anos, perdeu os movimentos do peito para baixo.
Além dele, outras três pessoas ficaram feridas, entre elas uma criança de 7 anos e um adolescente de 14 anos.
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Os mandados da Operação “Mbarete” foram cumpridos em residências situadas nas proximidades da Vila Eletrosul, bairro próximo de onde vivem atualmente os indígenas. Os nomes dos suspeitos investigados não foram divulgados pela PF.
“A investigação foi capaz de demonstrar que existe uma organização criminosa que age aviada no sentimento de intimidação dos indígenas por meio de ameaças violências”, afirmou o delegado da PF, Lawrence Guimarães Cunha e Silva.
“A PF está agindo com rapidez a qualquer violência praticada contra indigenas, população constitucionalmente protegida e em atual estado de vulnerabilidade”, destacou o agente de segurança.
A operação contou com a participação da Polícia Civil e da Força Nacional. A PF informou que diversos celulares foram apreendidos e que passam por extração para a coleta de informações que devem ajudar no prosseguimento da apuração.
Conflitos em Guaíra
STF valida acordo histórico que destina R$ 240 milhões para compra de áreas indígenas
O início do conflito remete à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, entre os anos de 1973 e 1982.
Na escolha do local para a construção da usina, houve a retirada de indígenas dos locais de interesse e a hidrelétrica inundou milhares de hectares de terras cultivadas e terras originariamente ocupadas por indígenas, segundo o relatório final da Comissão Estadual da Verdade do Paraná.
Além de serem retirados dos locais onde viviam, espaços sagrados, como cemitérios, as casas de reza e o maior conjunto de cachoeiras do mundo em volume de água, o Salto de Sete Quedas, foram submergidos por conta da construção.
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Muitos dos indígenas que viviam no local inundado foram reassentados Guaíra. Tanto indígenas quanto fazendeiros reivindicam as áreas.
Na última segunda-feira (24), o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou um acordo emergencial para a compra de 3 mil hectares de terra para os indígenas Avá-Guarani. A compra, no valor de R$ 240 milhões, será feita com recursos da Itaipu Binacional como forma de reparação pela formação do reservatório da usina, na década de 1980.
Segundo Itaipu, as novas áreas serão destinadas a 31 comunidades situadas nas terras indígenas Tekoha Guasu Guavirá e Tekoha Guasu Okoy Jakutinga, distribuídas em São Miguel do Iguaçu, Itaipulândia, Santa Helena, Terra Roxa e Guaíra onde vivem aproximadamente 5,8 mil pessoas.
O acordo prevê, entre seus principais pontos, que Itaipu, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e União publiquem pedido público de desculpas ao Avá-Guarani, “pelos danos causados na construção da usina, reconhecendo as responsabilidades da empresa.
Leia mais sobre o acordo histórico clicando aqui
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