1 de janeiro de 2025

PF fecha laboratório clandestino que produzia matéria-prima de cigarros eletrônicos em MG

Desde 2009, a Anvisa proíbe a fabricação e comercialização do cigarro eletrônico no Brasil. Apesar disso, número de apreensões no país só aumenta: foram mais de 1,3 milhão em 2023. Polícia Federal fecha laboratório clandestino que produzia matéria-prima de cigarros eletrônicos em Minas Gerais
A Polícia Federal fechou um laboratório clandestino que produzia matéria-prima de cigarros eletrônicos em Minas Gerais.
Dentro de um apartamento na região centro-sul de Belo Horizonte, um dos endereços mais valorizados da cidade, a Polícia Federal encontrou centenas de refis para o cigarro eletrônico, e garrafas cheias com um líquido que é inserido nos chamados “vapes”. Uma fabricação clandestina capaz de deixar o produto ainda mais perigoso para a saúde das pessoas.
“Por ele ser produzido de forma clandestina, não existe nenhum tipo de fiscalização sobre ele, o que pode levar à introdução de elementos desconhecidos. Muitas vezes podendo ter quantidades maiores de nicotina, podendo ter outras substâncias que, ao serem aquecidas ali, vão entrar para os pulmões dos usuários”, diz o perito criminal federal Marcelo Lasmar.
Parte do material foi encaminhada para perícia da Polícia Federal. Em um galão, havia nicotina. No outro, pirazina, um composto orgânico usado para amenizar a irritação causada pela nicotina. Em outras garrafas, aromatizantes – alguns com cheiro de balinha de frutas. Tudo isso vinha sendo misturado sem qualquer critério pela pessoa que foi presa no laboratório clandestino em BH.
“Ele simplesmente achou uma receita na internet, misturou e estava vendendo. Ele não tinha noção do que que isso pode trazer para saúde”, conta o perito criminal federal Bruno Ottaviani.
A Polícia Federal também encontrou US$ 3 mil no apartamento do suspeito, que foi liberado e vai responder em liberdade pelo crime de contrabando. A ação aconteceu depois de uma denúncia recebida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“O objetivo da investigação é identificar a origem do produto, as pessoas que participaram dessa cadeia, e também a distribuição desses produtos: para onde ele era, qual o desfecho final do produto nocivo à saúde”, afirma o delegado Fabrício Diogo Braga.
Apreensões de cigarros eletrônicos no Brasil
JN
Desde 2009, a Anvisa proíbe a fabricação e comercialização do cigarro eletrônico no Brasil. Apesar disso, o número de apreensões no país só aumenta. Em 2020, a Receita Federal apreendeu mais de 30 mil cigarros eletrônicos. Em 2023, esse número saltou para mais de 1,3 milhão.
A médica pneumologista Michele Moura reforça que o uso do cigarro eletrônico pode ser ainda mais prejudicial que um cigarro convencional.
“Um cigarro eletrônico tem o equivalente em miligramas de nicotina – ao invés de ter 1 miligrama, que é o que a gente tem com cigarro convencional -, ele tem 60 miligramas, que equivale a três maços de cigarro. Então, em uma noite, facilmente, a pessoa consome aí 60 miligramas de nicotina, ou seja, três maços de cigarro convencional. Ele libera substâncias que são cancerígenas, relacionadas, principalmente, ao câncer de boca”, explica.
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