19 de outubro de 2024

PF indicia primeira-dama de João Pessoa e filha do prefeito por integrar organização criminosa para influenciar eleição

Além de Lauremília, a vereadora Raíssa Lacerda, a ex-secretária executiva de saúde, Janine Lucena, e outras nove pessoas também foram indiciadas pela Polícia Federal. Polícia Federal prende Lauremília Lucena, primeira-dama de João Pessoa
Reprodução
A primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, foi indiciada pela Polícia Federal por suspeita de integrar uma organização criminosa para influenciar as eleições. Outras onze pessoas também foram indiciadas, entre elas a vereadora Raíssa Lacerda e a ex-secretária executiva de saúde, Janine Lucena, filha do prefeito Cícero Lucena.
O relatório foi assinado no dia 10 de outubro pelo delegado Davi Silva Sampaio. O g1 teve acesso ao documento nesta quinta-feira (17). (Veja a lista dos indiciados no fim da reportagem)
A defesa da Lauremília de Lucena, Tereza Cristina e Janine de Lucena informou, em nota, que “as acusações não correspondem à realidade dos fatos e que as indiciadas não possuem qualquer envolvimento com as práticas criminosas que lhes são atribuídas”. Sobre Tereza Cristina, a defesa destacou que ela “nunca ocupou posição ou exerceu qualquer função que lhe conferisse poder de decisão ou nomeação de cargos”.
Quem é quem na investigação que prendeu primeira-dama e vereadora de João Pessoa
Pelo menos oito pessoas indiciadas, entre elas Lauremília, Tereza Cristina e Raíssa, foram alvos da Operação “Território Livre”, que visa combater o crime de aliciamento violento de eleitores. Outras três pessoas, a exemplo de Janine Lucena, figuraram nas investigações da Operação Mandare, que apura relação entre grupo criminoso e órgãos públicos de João Pessoa, com a obtenção de vantagens, como cargos públicos, em órgãos como as secretarias municipais.
Janine Lucena, secretária executiva de Saúde de João Pessoa e filha do prefeito Cícero Lucena
Sérgio Lucena/Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa/Arquivo
De acordo com o relatório da Polícia Federal, os indiciamentos são por:
Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa;
Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita;
Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos;
Peculato (Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio);
Constrangimento ilegal (Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda);
Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
Agora, o Ministério Público Eleitoral (MPE) vai analisar o relatório para aceitar ou não o indiciamento.
Raíssa Lacerda, Kaline Neres do Nascimento, Pollyanna Monteiro Dantas dos Santos e Taciana Batista do Nascimento tiveram prisões mantidas
Reprodução/TV Cabo Branco
Quem são os indiciados pela Polícia Federal?
Maria Lauremília Assis de Lucena, esposa de Cícero Lucena e primeira-dama de João Pessoa;
Tereza Cristina Barbosa Albuquerque, secretária de Lauremília;
Raíssa Lacerda, vereadora de João Pessoa e suspeita de liderar o esquema;
Kaline Neres do Nascimento Rodrigues, articuladora de Raíssa Lacerda no Alto do Mateus; suspeita de ter ligação com facções do bairro;
David Sena de Oliveira (conhecido como Cabeça), suspeito de chefiar uma facção criminosa no bairro São José, e está foragido;
Pollyanna Monteiro Dantas dos Santos, suspeita de pressionar moradores do bairro São José para determinar em quem eles devem votar;
Keny Rogeus Gomes da Silva, marido de Pollyanna e apontado como chefe da facção Nova Okaida; já estava preso no PB1;
Taciana Batista do Nascimento, usada por Pollyana para exercer influência na comunidade. É ligada ao centro comunitário Ateliê da Vida;
Maria Janine Assis de Lucena Barros, ex-secretária executiva de saúde de João Pessoa e filha de Cícero Lucena;
Jonathan Dário da Silva, servidor da prefeitura de João Pessoa e suspeito de mandar extorquir Lauremília Lucena;
Jossienio Silva dos Santos, conhecido como Ênio Chinês, é apontado pela PF como chefe da facção criminosa Nova Okaida;
Patrícia Silva dos Santos, esposa de Jossienio.
No dia 8 de outubro, o prefeito Cícero Lucena já havia aceitado os pedidos de exoneração apresentados pela filha, Janine Lucena, secretária executiva de saúde; e pelos secretários Diego Tavares (Gestão Governamental) e João Bosco (Adjunto de Desenvolvimento). Na época, a assessoria do prefeito informou que eles iriam se dedicar às atividades da campanha eleitoral do segundo turno.
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