Homem de 36 anos disse à polícia ter agredido e enforcado a vítima, de 41, até que ela desmaiasse. Mulher foi achada morta em um hotel, no Centro de Santos (SP). Pintor é preso e confessa à polícia ter matado garota de programa após briga por valor
Um pintor, de 36 anos, foi preso nesta quarta-feira (5) suspeito de matar uma garota de programa em um hotel em Santos, no litoral de São Paulo. O homem foi detido no Morro São Bento, também na cidade, e confessou à polícia ter agredido e enforcado a vítima até que ela desmaiasse. A motivação do crime, segundo ele, foi o valor do serviço sexual pedido por ela.
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Raquel da Costa Santos, de 41 anos, foi encontrada morta em um quarto de hotel na Rua Bittencourt, no Centro, em 21 de maio. Ela havia entrado no cômodo junto com o homem, que deixou o local após cometer o crime. Imagens obtidas pelo g1 mostram a vítima e o suspeito no comércio (assista acima).
Segundo o delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos, o suspeito continuará detido até o final das investigações. Ainda de acordo com o agente, a Polícia Civil vai pedir a conversão da prisão do pintor de temporária para preventiva.
Pintor foi preso e confessou à polícia ter matado garota de programa após ela cobrar valor maior pelo serviço, em Santos (SP)
Reprodução
Confessou o crime
Ao g1, o delegado da 3ª Delegacia de Homicídios, Thiago Bonametti, disse que o suspeito confessou que teve relações sexuais com a mulher, mas ressaltou à corporação que ela pediu um ‘valor a mais’ pelo serviço.
Bonametti explicou que, apesar de inicialmente não terem sido encontrados sinais de violência no corpo da vítima, o médico legista identificou hematomas superficiais no pescoço dela, que confirmam a versão de enforcamento dada pelo suspeito à polícia.
O pintor disse à corporação estar arrependido e afirmou que não teve intenção de matar a vítima. De acordo com Bonametti, o suspeito não tem passagens criminais, mas faz uso de drogas e, inclusive, teria usado um entorpecente – não especificado – na noite do crime.
“Ao que parece, cometeu esse ato de crueldade com a vítima por motivo banal”, complementou o delegado.
Imagens obtidas pelo g1 mostram que o homem e a vítima foram a outro hotel antes de entrarem no estabelecimento onde ela foi achada morta. Segundo o delegado, a mudança aconteceu porque ele queria um lugar ‘mais reservado’.
Prisão
O suspeito permanecerá detido temporariamente por 30 dias enquanto a Polícia Civil aguarda a conclusão dos laudos periciais para o encerramento do inquérito. “O laudo ainda é preliminar, porém, o médico legista nos confirmou que há sinais de asfixia”, afirmou Bonametti.
O pintor será indiciado pelo crime de feminicídio, que segundo o delegado é considerado como um homicídio qualificado. “Essa é a linha de apuração, como havia uma relação entre eles e como ela é mulher, mais vulnerável diante dele, a tendência é essa”, explicou.
Investigação
Por fim, Bonametti afirmou que foi possível esclarecer a autoria do crime apenas dois dias depois dos fatos, com a investigação baseada em informações de testemunhas, câmeras de monitoramento e também impressões digitais do suspeito encontradas no local.
“A gente monitorou ele com equipamentos de inteligência. Esteve em Guarujá e retornou para Santos até que hoje foi preso escondido na casa de um familiar”, finalizou o delegado.
Áudio sobre o cliente
Áudio de garota de programa encontrada morta em hotel detalha dia antes da morte
Segundo apurado pelo g1 com a família, Raquel atendeu o homem em 20 de maio e enviou um áudio para uma amiga, que também trabalha com prostituição. Ela relatou que iria reencontrá-lo na tarde daquele mesmo dia (ouça acima).
“Veio um homem e perguntou se eu ia no motel com ele. Eu falei: ‘olha, eu não costumo ir, mas, qual motel é?’. Eu senti que ele é bem tranquilo, entendeu?”, afirmou Raquel.
Na mesma mensagem, ela contou que o homem apontou um hotel perto de onde estavam e ela topou ir com ele. “Pagou uma hora, me deu R$ 200 e R$ 60 para a casa [onde ela trabalhava]. E aí a gente foi andando”, disse.
“Meu, pensa num cara tranquilo, tranquilo. Só cheira, cheira e fuma, e super educado. Aí eu falei assim: ‘nossa, me desculpe, eu não gosto muito desse cheiro de cigarro’. Ele falou: ‘não, esse vai ser o último’. Eu falei: ‘ah, obrigada’. Aí ficamos uma hora, aí depois ele queria mais”.
Ainda de acordo com o áudio, ela combinou com o homem se reencontrarem no período da tarde, pois era quando ele poderia pagar mais tempo de programa.
Um funcionário do hotel, onde Raquel foi encontrada morta, relatou que um homem deu entrada no local na noite de 20 de maio e, momentos depois, ela também foi para o mesmo quarto. Mais tarde, o homem foi embora e a mulher ficou. No entanto, ele pagou em dinheiro e não deixou identificação.
Corpo encontrado
Raquel da Costa Souza, de 41 anos, foi encontrada morta em hotel no Centro de Santos (SP)
Redes sociais e Abner Reis/TV Tribuna
O corpo foi encontrado após uma desconfiança do filho da vítima. Sem conseguir contato com a mãe, ele acionou uma amiga dela, que informou o hotel onde Raquel poderia estar. O jovem, de 23 anos, se foi até o local e pediu para que os funcionários abrissem a porta, quando se deparou com a mãe morta na cama.
A PM e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados e, no local, os profissionais de saúde confirmaram a morte. A polícia informou que atua para identificar e ouvir o homem com quem ela estava, que foi registrado em câmeras de monitoramento.
Cena do crime
Raquel da Costa Santos, de 41 anos, mandou áudio para amiga antes de morrer em Santos (SP)
Arquivo Pessoal, Abner Reis/TV Tribuna e Reprodução
À TV Tribuna, afiliada da Globo, o delegado Bonametti falou sobre a cena do crime. “A princípio não foi verificado nenhum sinal muito evidente de violência, apesar de ter um pouco de sangue no local. É uma secreção [sangue] comum ali e pode ocorrer de diversas formas. Não havia nenhum ferimento que chamasse atenção nos exames iniciais”, disse o delegado.
De acordo com Bonametti, a investigação ainda depende do resultado dos exames. Ele contou que a perícia realizou um exame perinecroscópico inicial [averiguação visual do perito sobre o corpo], mas não apontou nada que pudesse indicar, inicialmente, o que levou Raquel à morte.
“Nós vamos ter que aguardar o exame de corpo de delito, o exame necroscópico do perito legista para dizer qual a causa efetivamente da morte dela e eventualmente algum outro desdobramento”, ressaltou ele. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Praia Grande.
O g1 apurou que objetos seriam pinos de cocaína, da droga consumida pelo homem que estava com a vítima, que não era usuária de entorpecentes, de acordo com uma pessoa próxima.
O Hotel Brasul, onde Raquel foi encontrada morta, foi procurado pela equipe de reportagem, mas não atendeu as ligações.
VÍDEO: g1 em 1 Minuto Santos