Registro considerado inusitado na região ocorreu no dia 12 de junho. As fotos foram feitas por um professor no campus da Universidade Federal de Itajubá (MG). Avistamento de ave rara é registrado na Universidade Federal de Itajubá
Fotos de um pipira-da-taoca, pássaro comum em regiões de Cerrado, foram capturadas em Itajubá, no Sul de Minas. Considerado um registro raro, esta seria a primeira foto da espécie em uma área da Serra da Mantiqueira.
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As imagens foram feitas pelo professor universitário Cléber Gonçalves Júnior, que fotografava no campus de expansão da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). As fotografias foram registradas em um banco de dados com observadores de aves de todo país.
Pipira-da-taoca fotografado na Serra da Mantiqueira, em Itajubá, no Sul de Minas
Cléber Gonçalves Júnior
“Eu estava tocando o canto de uma ave que eu queria fotografar, que é o Tangará […] E começaram a aparecer outras aves, começaram a aparecer um bando de outras aves. E quando eu olhei, chegou essa ave. Eu olhei, falei: ‘eu nunca vi’ e fiz a foto. Inclusive ela continuou ali, eu fiz foto de outras que estavam na árvore também”, relatou.
A fotografia foi feita e enviada posteriormente ao biólogo especialista em aves, também professor da Unifei, Tiago Vernache, que identificou a espécie como pipira-da-taoca.
“Depois eu descobri que a ave era rara na nossa região. Não é uma ave rara, mas aquela nunca tinha sido fotografada na Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas”, explicou Cléber.
A espécie
Pipira-da-taoca (Eucometis penicillata) é um pássaro que mede entre 16 e 17 centímetros de comprimento e pesa entre 22,5 e 35 gramas.
É uma espécie típica de vegetação rasteira, que sempre se encontra na vegetação de baixas altitudes e quase nunca sai de casa.
Quando ela canta apressadamente e com notas agudas, arrepia o topete e costuma manter a cauda entreaberta. Pipira-da-taoca se alimenta de formigas, frutos e insetos.
Essa ave habita cerrados, cerradões, manguezais, matas de galeria e florestas secas na Amazônia, Centro-Oeste e Sudeste; neste último, geralmente no estado de São Paulo.
Na Serra da Mantiqueira
Conforme o professor e biólogo especialista em aves, Tiago Vernache, a maioria das aves são fiéis aos ambientes em que ocorrem e são consideradas boas indicadoras das condições ambientais da região.
“Se eventualmente, em um caso como esse, a gente encontra uma espécie em um lugar onde não esperava encontrar, isso pode mostrar muita coisa para gente. Pode ser um indivíduo que está perdido, que é vagante, por exemplo; pode ser um indivíduo que estava só se deslocando de um lugar para o outro, mas pode ser também que essa espécie esteja se estabelecendo na nossa região, isso pode indicar que o ambiente está mudando um pouco”.
De acordo com Vernache, por ser uma espécie conhecida por habitar florestas mais secas da Mata Atlântica, o encontro da ave na Serra da Mantiqueira pode significar que as matas já estejam apresentando condições similares àquelas em que as aves são comuns.
“Só com o tempo que a gente vai saber o que exatamente esse registro representa. É um registro excepcional, muito interessante que a gente tem que acompanhar”, completou.