24 de dezembro de 2024

Piracicaba pede prevenção contra dengue no inverno e adesão à vacina disponível: ‘procura menor’

Cidade vive a pior epidemia da doença em 24 anos e soma 25.559 casos positivos casos, com oito mortes.
Aedes aegypti
Reprodução
Piracicaba (SP) alcança 25.559 casos positivos de dengue e oito mortes, segundo boletim mais recente, divulgado pela prefeitura nesta sexta (28). A chegada de frentes frias e estiagem, com tempo mais seco, deve diminuir o número de confirmações da doença.
A Secretaria de Saúde, no entanto, afirma que é difícil traçar um prognóstico exato devido às mudanças climatológicas, com tendência de um inverno mais quente, como na primeira semana da estação na cidade, e reforça a importância dos cuidados da população, eliminação de criadouros e adesão à vacina disponível para crianças e adolescentes. – 👉Leia mais, ao final da reportagem.
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A dengue, conforme explica a enfermeira e coordenadora do Centro de Vigilância em Saúde (Cevisa) de Piracicaba, Karina Corrêa Contiero, é uma doença sazonal.
“Por isso, a dengue ocorre com muito mais intensidade entre meses mais quentes e mais úmidos, que geralmente começa em novembro, com pico em abril. Quando chegam maio e junho, costuma-se ver um decréscimo nos casos”, pontua.
Atividades no combate da dengue são realizadas continuamente em Piracicaba.
Prefeitura de Piracicaba
Epidemia
O total de confirmações da doença entre janeiro e junho deste ano é mais de quatro vezes maior que o verificado em 2007, quando se teve pior epidemia registrada na cidade até então, com 5.681 casos naquele ano.
“Tivemos um número de casos muito maior do que já tivemos registrado na série histórica, muito além do que se esperava. Por isso, é difícil prever o que pode ocorrer daqui para frente diante desse aumento substancial, pensando até no cenário nacional, não só no município, especialmente pelas mudanças climáticas”, comenta.
Coordenadora do Cevisa em Piracicaba, Karina Corrêa Contiero.
Isabela Borghese/CCS/Piracicaba
Criadouros do mosquito
A enfermeira ressalta que, como o cenário futuro ainda é incerto, a conscientização da população para manter os locais livres de criadouros do mosquito transmissor da dengue torna-se ainda mais essencial.
“O foco do mosquito está dentro dos domicílios na maioria das vezes. É preciso eliminar todos os possíveis criadouros do aedes”, alerta.
Ainda segundo a responsável pelo Cevisa, a procura por atendimento por sintomas de dengue nas unidades de saúde da rede municipal começa a diminuir com a entrada de frentes frias e de estiagem, com tempo mais seco, torna o ambiente menos favorável para o mosquito Aedes aegypti, vetor da doença.
“Apesar de termos tido um fim de outono e início de inverno mais quentes, já começamos a perceber uma diminuição de casos, das confirmações das notificações. Notamos essa queda nas últimas semanas epidemiológicas, no final de junho, inclusive com impacto na diminuição na assistência com a redução da procura por atendimento nas UPAs e hospitais”, observa.
Piracicaba já teve circulação de quatro sorotipos da dengue.
Getty Images via BBC
Sorotipos
A identificação do sorotipo da doença é feita por amostragem pelo Instituto Adolfo Lutz. Atualmente, em Piracicaba, a predominância é do sorotipo 1 da dengue, com um registro de caso do tipo 2 no município.
“Na cidade, já tivemos a circulação dos quatro tipos de sorotipos da dengue. Nos últimos anos, os sorotipos 1 e 2 foram mais prevalentes. É importante lembrar que qualquer um deles pode gerar tanto formas leves, assintomáticas ou graves da doença, inclusive óbito”, ressalta.
Quando se contrai um determinado tipo de vírus da dengue, explica a profissional, o organismo gera a imunidade. “E, quando se tem uma segunda infecção, independente da ordem do sorotipo, ela tende a ser mais grave que a primeira”, ressalta.
Arrastão da dengue recolhe materiais inservíveis em Piracicaba
Divulgação/CCS
Vacina
Sobre a procura pela vacina contra dengue, com doses disponíveis na cidade para crianças e adolescentes com idades entre 10 e 14 anos, a enfermeira coordenadora do Cevisa explica que a adesão ainda não atingiu patamar desejado.
“As pessoas têm procurado a vacina, mas a vacinação ainda está aquém do que gostaríamos”, ressalta.
A cidade recebeu 6.224 doses da vacina contra a dengue no dia 12 de junho. O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas.
Para receber o imunizante é necessário apresentar documento de identificação com foto, Cartão Pira Cidadão ou Cartão Nacional do SUS.
Durante a semana, vacinação acontece em todas as unidades de saúde da cidade: UBSs das 8h às 15h (exceto UBS Paulista – antigo Crab), e USFs (Unidades de Saúde da Família), das 8h às 16h.
Vacina contra a dengue
Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Regiões
As regiões Norte e Lesta de Piracicaba são as que mais concentram mais moradores com dengue em Piracicaba, conforme boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde.
A região Norte em Piracicaba (SP) tem mais casos de dengue em junho. De janeiro a maio de 2024, a localidade com mais registros da doença no município era a região Leste. Em março, os bairros chegaram a concentrar mais de 50% do total de confirmações de toda cidade.⚠️ Veja, aqui, um mapa interativo com os casos por região.
O boletim divulgado pela Saúde, nesta sexta (28), aponta que os bairros dessa região são os que tem mais casos confirmados de dengue. Juntas, as duas regiões têm metade de todos os casos da cidade.
Segundo o Instituto de Pesquisas e Planejamentos de Piracicaba (Ipplap), a região Leste é composta pelos bairros: Agronomia, Cecap, Conceição, Dois Córregos, Jardim Abaeté, Jardim São Francisco, Monte Alegre, Morumbi, Piracicamirim, Pompéia, Santa Cecília, Santa Rita, Taquaral, Unileste, Vila Independência, Vila Monteiro e adjacências.
Já a região Norte inclui: Algodoal, Água Santa, Areião, Bosques do Lenheiro, Capim Fino, Guamium, Jardim Primavera, Mário Dedini, Parque Residencial Piracicaba, Santa Rosa, Santa Terezinha, Vale do Sol, Vila Fátima, Vila Industrial, Vila Sônia e adjacências.
Óbitos em Piracicaba
19/03: Mulher, faixa etária entre 70 e 79 anos
20/03: Homem, faixa etária entre 60 e 69 anos
04/04: Homem, faixa etária entre 80 e 89 anos
05/04: Homem, faixa etária entre 80 e 89 anos
19/04: Mulher, faixa etária entre 80 e 89 anos
29/04: Mulher, faixa etária entre 30 e 39 anos
06/06: Homem, faixa etária entre 80 e 89 anos
25/06: Mulher, faixa etária entre 60 e 69 anos
📉Tendência de queda: Segundo a Saúde, historicamente o comportamento da dengue é marcado pela sazonalidade. “Se caracteriza por surtos maiores nos meses mais quentes do ano e tendência a queda no segundo semestre”, informou.
Com isso, há essa expectativa de seguir a tendência, com redução de casos nos próximos meses. A pasta informou que segue acompanhando a incidência de novos casos diariamente e realiza ações de controle do vetor.
Atendimento 🏥
Quando buscar atendimento? Na metrópole, a orientação da Secretaria de Saúde é que todo morador que apresentar febre alta (39ºC a 40ºC) de início repentino e tiver pelo menos dois dos demais sintomas, deve procurar imediatamente um serviço de saúde.
Os principais sintomas, além da febre, são: dor de cabeça, prostração (fraqueza, abatimento, moleza), dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos.
Onde? Em Piracicaba são mais de 70 unidades abertas com equipes preparadas para atender e acompanhar os casos suspeitos e confirmados da doença.
A cidade também começa a atender casos de dengue ou sintomas de gripe em uma unidade temporária no Tiro de Guerra, a partir do dia 9 de junho.
Piracicaba monta unidade temporária para atender casos de dengue e sintomas gripais no Tiro de Guerra
Divulgação/CCS
Como evitar a dengue 🦟
Veja algumas das orientações da Saúde para evitar a dengue:
Utilizar repelente, principalmente em lugares fechados;
Eliminar focos de água parada;
Manter os pratos de vasos de flores e plantas com areia até a borda;
Guardar garrafas com a boca virada para baixo;
Limpar sempre as calhas dos canos;
Não jogar lixo em terrenos baldios;
Colocar o lixo sempre em sacos fechados;
Manter baldes e caixa d’água devidamente tampados e piscinas com colocação de cloro;
Não deixar acumular água em pneus;
Furar latas de alumínio antes de serem descartadas para não acumular água;
Lavar bebedouros de aves e animais pelo menos uma vez por semana;
Em caso de suspeita da doença, entrar em contato imediatamente com a unidade de saúde mais próxima da residência e jamais utilizar medicação por conta própria.
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