9 de janeiro de 2025

Piscinões, diques holandeses e macrodrenagem de rios: Paes lista medidas para conter alagamentos em áreas do Rio


A poucos dias de iniciar seu 4º mandato, prefeito do Rio foi entrevistado pelo jornalista André Trigueiro. O prefeito não descartou a necessidade de remoções de moradores em situações que soluções de geotecnia não forem viáveis. Piscinões, diques holandeses e macrodrenagem: Paes lista planos para conter alagamentos
O prefeito Eduardo Paes (PSD) falou sobre as obras de infraestrutura que serão implementadas no seu 4º mandato à frente do Rio para mitigar os riscos de alagamentos durante a temporada de chuvas. As ações, segundo ele, serão empregadas em áreas específicas da cidade.
Entre elas, estão a construção de piscinões em Realengo — como feito na Praça da Bandeira há mais de 10 anos — e de diques holandeses em Guaratiba, na Zona Oeste, e macrodrenagem de rio em Acari, na Zona Norte (veja a lista das ações mais abaixo).
“Em Realengo, vamos ter ali um trabalho grande na bacia do Rio Sarapuí e outros rios que têm ali. Nós vamos fazer piscinões. No Jardim Maravilha, em Guaratiba, que é uma ocupação irregular, uma área de alagamento, de baixada. Vamos criar ali diques holandeses quase. A região de Acari, que na minha opinião é ainda a mais complexa de todas, também (existe) um projeto grande de macrodrenagem e realocação dessas pessoas que moram em beira de rio”, disse o prefeito em entrevista ao jornalista André Trigueiro.
Eduardo Paes é entrevistado pelo jornalista André Trigueiro, da GloboNews
Reprodução/TV Globo
“Ele não descartou também que eventuais realocações e remoções de moradores poderão ser feitas. “Tem um risco que você resolve de uma obra de geotecnia, e aí eu quero afirmar algo aqui, a Georio, […] não há economia de recursos para que essas obras de geotecnia aconteçam. Então, às vezes você pode mitigar o risco, acabar com o risco, com uma obra de geotecnia. E às vezes você tem que literalmente fazer a realocação, remoção, enfim, dessas pessoas que estão morando em determinadas áreas da cidade”, disse Paes.
O programa Cidades e Soluções, da GloboNews, foi ao ar neste sábado (28) (assista a íntegra no vídeo acima).
Na entrevista, o prefeito também falou sobre o protocolo que alerta a população sobre altas temperaturas, criado após a morte de Ana Clara Benevides no show da cantora Taylor Swift. A universitária morreu de exaustão térmica causada pelo calor.
“A morte daquela menina no show da Taylor Swift nos chama atenção para dizer ‘ó, essa menina morreu literalmente de calor’. O ambiente em que ela estava, a temperatura que chegou ali, é algo inaceitável para qualquer ser humano sobreviver. Então, a gente cria esses protocolos também como uma forma de buscar enfrentar”.
Próximas obras
Em novembro, a prefeitura já havia anunciado as próximas obras na cidade:
Bacia do Canal do Mangue, na Grande Tijuca: construção de um túnel para desviar as águas excedentes do Rio Maracanã, que será conectado ao Rio Joana, e o desvio do Rio Trapicheiros por galeria e melhorias na microdrenagem de ruas do Baixo Tijuca e da Rua Morais e Silva.
Jardim Maravilha: Drenagem e saneamento em 27 ruas e intervenções inspiradas nos diques holandeses para conter as cheias do Rio Cabuçu-Piraquê.
Piscinão de Realengo: vai combater enchentes para as regiões dos rios Piraquara e Catarino. O reservatório terá tamanho equivalente ao da Praça da Bandeira.
Rio Acari: Recuperação do muro de contenção e dragagem e obras em 3,8 km da calha a fim de mitigar os históricos alagamentos. São 79 mil pessoas atendidas.
Reciclagem de lixo
Paes admitiu que o percentual de lixo reciclado no Rio ainda é baixo (10%). Ele afirmou que por particularidades do país, dificilmente haverá na cidade “coleta seletiva padrão europeu”. Afirmou, entretanto, que há como avançar no tratamento do lixo, principalmente em possibilidade de compostagem.
“Eu não acho que vamos conseguir trazer um padrão europeu para cá, de separação em casa, colaboração da população… A gente vai ter que olhar um pouco pra nossa realidade e eventualmente a gente pode disparar esse número, né? Se você tem um monte de gente gerando renda, de maneira inadequada hoje, que acaba sendo um problema para a cidade, se a gente consegue canalizar isso para uma solução inteligente é o esforço que a gente tá fazendo nesse momento”, disse o prefeito.
Ele citou iniciativas como uso de motos pela Comlurb para acessar pontos mais difíceis de comunidades para a coleta, mas afirmou que o avanço na questão da separação tem que envolver soluções para dialogar com pessoas que já usam a reciclagem para ajudar na subsistência.
Plano diretor e potencial construtivo
Questionado se o novo Plano Diretor do Rio prevê a preocupação com a questão ambiental, Paes afirmou que transferência de potencial construtivo para áreas consolidadas – como o Porto – na cidade é a “verdadeira revolução ambiental” que está em curso. Ele admitiu que no passado houve erros em outras gestões suas de buscar uma expansão para áreas “frágeis”.
Poluição sonora
Paes falou sobre a dificuldade de controlar o problema da poluição sonora na cidade. “Eu vejo essas pessoas indo pras cidades europeias e achando o máximo as calçadas tomadas de mesas em Paris, da Itália, da França e da Espanha e da Inglaterra, e chega aqui e não querem na casa deles, né? Eu acho que isso tem muito a ver com o conflito da cidade”.
O prefeito disse que tenta conciliar e evitar excessos, como “boates dentro de bar” e regular horários. “A cidade tem barulho, a cidade tem pessoas na rua (e é bom que tenha), cidade tem uma vida boêmia (e é bom que tenha)”, afirmou.
“O que me parece é que a política mais adequada é proibir esse excesso. Tentar negociar. A gente agora vive ali [em eventos] no Jockey Club, como os do Pretinho da Serrinha, que encerram às 10 horas. [Perguntaram:] “Não dá para ser 10:10?”, “Não, termina às 10h”.  Então a gente tá conseguindo manejar isso com muito mais competência e é isso”.
“Para mim é muito mais interessante, para a administração, ter o trabalho preventivo do que o corretivo, né? Mas às vezes a gente precisa, chega lá no disque denuncia, barulho, vai lá e o secretariado fecha e caça o alvará do comércio”, acrescentou.

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