29 de dezembro de 2024

Planalto recebe 24 propostas em licitação para ‘batalha digital’ com bolsonarismo

Contratos de quase R$ 200 milhões por ano envolvem atuação nas redes sociais para, entre outras coisas, moderação de conteúdo e de perfis oficiais. A Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) do governo Lula 3 recebeu 24 propostas de empresas de comunicação para assumir contratos de quase R$ 200 milhões por ano para a batalha digital nas redes sociais. A licitação foi aberta em janeiro e deve ser concluída entre abril e maio deste ano.
O Planalto corre contra o tempo para fechar os contratos porque avalia que, sem essas empresas, não tem estrutura, nem servidores suficientes para implementar uma estratégia de comunicação eficiente que faça frente ao bolsonarismo.
Serão contratadas quatro empresas de comunicação digital, a um custo de R$ 197 milhões no primeiro ano, para fazer o acompanhamento das redes de modo a identificar com agilidade e precisão quais são os influenciadores pró e contrários ao governo.
Outro objetivo é criar conteúdo a quente, com as pautas de cada dia, para abastecer as redes e influenciadores parceiros do governo. Por fim, os contratos visam ainda estabelecer uma comunicação mais “nichada”, direcionada a segmentos, grupos e regiões específicas.
Segundo o edital da licitação, o objeto dos contatos são:
Prospecção, planejamento, desenvolvimento, implementação de soluções de comunicação digital;
A moderação de conteúdo e de perfis em redes sociais, análise de sentimentos e o desenvolvimento de proposta de estratégia de comunicação nos canais digitais com base na inteligência dos dados colhidos;
A criação e execução técnica de projetos, ações ou produtos de comunicação digital;
O desenvolvimento e implementação de formas inovadoras de comunicação, destinadas a expandir os efeitos da ação de comunicação digital do SICOM, em consonância com novas tecnologias.
A avaliação de conselheiros de Lula (PT) é que a queda de popularidade do presidente tem relação direta com as dificuldades que o governo tem de fazer a disputa com a extrema-direita nas redes ou mesmo de comunicar as ações de governo.
Essa defasagem ficou mais evidente nas últimas semanas em função da repercussão das falas de Lula sobre Israel e Venezuela, exploradas por perfis conservadores. Para fontes do Planalto, o governo não teve capacidade de identificar e responder com agilidade e intensidade a essas críticas.
O cenário para o governo se agravou, na avaliação de fontes do Planalto, após a saída de Flávio Dino do Ministério da Justiça. Dino tinha uma atuação tida como midiática, ocupando espaço na mídia e nas redes sociais, com capacidade de estabelecer interlocução com setores mais conservadores. A saída dele, portanto, deixou um vácuo na disputa política com o campo da direita.

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