Primeiras avaliações da chancelaria de Lula também apontam Israel mais forte e Ucrânia mais isolada. O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente do Brasil, Lula, em montagem feita pelo g1
Carlos Barria/Reuters e TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Passadas as primeiras horas desde a oficialização da vitória de Donald Trump na disputa pela presidência dos Estados Unidos, a chancelaria de Luiz Inácio Lula da Silva faz cálculos sobre os impactos desta nova gestão para o Brasil e o mundo.
Trump volta à Casa Branca com mais poder e mais musculatura, admite um conselheiro do presidente brasileiro. “Ao contrário de 2016, ele agora teve também a maioria do voto popular. Deve fazer a maioria na Câmara, já tem a do Senado e, mesmo antes de sair, tinha moldado uma suprema corte conservadora.”
O que isso significa? Para os especialistas que Trump encontrará, em seu segundo mandato, um sistema de freios e contrapesos muito menos equipado para freá-lo, com pouca resistência a seus arroubos.
O presidente eleito fez campanha avisando que promoveria uma revanche contra adversários políticos e que promoverá políticas de deportação em massa. “Algumas propostas precisam de maioria absoluta no congresso americano, mas sem dúvida ele terá mais espaço para manobra”, avalia o conselheiro de Lula.
Uma maioria republicana no congresso americano deve trazer implicações ao Brasil. A exemplo do que ocorreu no primeiro semestre deste ano, comissões da Câmara e do Senado podem ser usadas para dar holofotes a questionamentos à democracia brasileira, à atuação do Supremo Tribunal Federal e à inelegibilidade de Jair Bolsonaro — Eduardo, filho 03 do ex-presidente, acompanhou a apuração com Trump.
Para as duas maiores crises globais, a chancelaria vê hoje uma Ucrânia mais isolada — “Trump deve tratar o caso como um problema dos europeus”– e um Benjamin Netanyahu mais empoderado.
O principal flanco de oposição geopolítica no novo mandato deve mesmo ser a China, calculam os aliados de Lula. Trump já avisou que dará vazão a políticas protecionistas, afetando a economia global. “Nesse cenário, Brics e Mercosul precisam ser analisados como mercados estratégicos para o Brasil”, conclui o analista de Lula.