30 de setembro de 2024

PM apontado como autor do tiro que atingiu e matou menina Hillary passa por audiência no litoral de SP

Hillary Souza Valadares foi vítima de bala perdida em 2019. Audiência de instrução foi realizada e colheu depoimentos de testemunhas e do réu. Hillary Valadares, de dois anos, foi atingida na cabeça
Arquivo Pessoal
O policial militar Luis de Farias Pacheco, denunciado pelo Ministério Público (MP) por ser o autor do disparo que acertou e matou a menina Hillary Souza Valadares, de dois anos, participou de audiência no Fórum de Peruíbe, no litoral de São Paulo. Além do réu, oito testemunhas foram ouvidas.
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Hillary morreu após ser atingida na cabeça durante uma perseguição policial em fevereiro de 2019. No ano seguinte, o processo chegou a ser arquivado pelo MP pela não identificação de um dos suspeitos. A família pagou um perito particular para reconstituir o caso, apontando que o disparo partiu da arma do PM, e o processo foi desarquivado.
A audiência do caso ocorreu na terça-feira (24). Segundo apurado pela TV Tribuna, afiliada da Globo, foram colhidos os depoimentos de oito testemunhas, indicadas tanto pela acusação do caso quanto pela defesa, além do interrogatório do próprio réu.
Perícia reconstitui morte de menina de 2 anos atingida por bala perdida
A partir dos depoimentos, as partes (acusação e defesa) deverão se manifestar sobre o caso dentro do prazo de 15 dias, bem como o Ministério Público. Em seguida, o juiz Guilherme Pinho Ribeiro deve definir se o caso será levado à júri popular.
O réu e uma testemunha de acusação foram ouvidos de forma virtual, por meio de videoconferência. O policial se encontra preso no presídio militar Romão Gomes, desde maio de 2023, devido ao desdobramento de outro processo.
Ainda conforme apuração da TV Tribuna, um mandado de prisão foi expedido em desfavor do agente pela 1ª Vara do Foro de Miracatu, após diversas armas e explosivos terem sido encontrados em um sítio dele no Vale do Ribeira.
Família de Hillary
Ao g1, o advogado que representa a família de Hillary, Ricardo Ponzetto, explicou que a acusação irá se manifestar pela “pronúncia” do réu, ou seja, para que ele vá a julgamento perante ao tribunal do júri.
Ponzetto destacou que o entendimento da acusação é de que o réu, como policial militar, agiu contra os regramentos da própria corporação ao disparar contra um veículo em movimento durante perseguição, colocando a vida de inocentes em risco.
Ele acredita, ainda, que a alegação de legítima defesa não se aplica neste caso. “Não se pode admitir que alguém que está perseguindo outrem alegue legítima defesa. Uma coisa é você ser perseguido, aí sim você pode repelir essa injusta perseguição”.
Audiência do caso da Hillary, que morreu após ser atingida por bala perdida, é realizado
Defesa do PM
O advogado Émerson Tauyl, que defende o PM, disse que a defesa entende que não há como comprovar o autor dos disparos, uma vez que não houve confirmação por perícia técnica.
“Foram três perícias realizadas e nenhuma delas atesta a capacidade de identificar o projétil que foi encontrado no corpo da menina para saber qual seria o calibre, a arma, e detalhes que pudessem contribuir para que chegasse a autoria [do tiro]”, disse.
Ele ainda ressalta que o policial contou ter feito disparos após escutar tiros vindo de um carro, que estaria apoiando os autores do crime e estava atrás do veículo do réu. Mesmo após a análise da perícia apresentada pela família, realizada por um profissional contratado, Tauyl defende que não há a comprovação dos fatos. “Não há como dizer, numa logística, quem verdadeiramente acabou atingindo a menina. Essa tese é absoluta”
Caso Hillary
O caso ocorreu durante uma perseguição policial após um assalto, na noite do dia 12 de fevereiro de 2019. Pelo menos dois homens abordaram uma mulher na porta de uma residência em Peruíbe. Eles fugiram com o carro da vítima e, em seguida, o marido dela pegou a moto e foi atrás dos bandidos.
Criança de dois anos foi atingida por bala perdida durante perseguição em Peruíbe (SP)
Arquivo Pessoal
No caminho, o marido da vítima pediu ajuda ao motorista de um carro que, por coincidência, era um policial militar à paisana. Ele saiu com o próprio veículo atrás dos bandidos e, no cruzamento das ruas Marília e Padre Vitalino, foi iniciada uma troca de tiros.
A família de Hillary tinha acabado de fazer compras em um supermercado e, segundo o delegado de Peruíbe, Edmilson Mota, o pai parou o carro na rua para fazer algumas anotações, sem perceber que estava próximo ao local onde ocorria a troca de tiros.
Imagens mostram momento em que menina de dois anos é atingida por bala perdida em SP
Uma das balas entrou pelo para-brisa do carro da família, perfurou o banco dianteiro e atingiu a cabeça da criança, que estava no banco traseiro com a mãe. O pai socorreu a menina e a levou para a UPA da cidade.
O veículo roubado caiu em uma vala, e um dos bandidos conseguiu fugir por uma região de mata. O outro, de 19 anos, foi atingido por um dos disparos e morreu. A menina foi transferida para a Santa Casa de Santos e chegou a ser internada, mas morreu no dia 15 de fevereiro.
Família sofre com descaso na investigação do caso da menina Hillary
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