27 de dezembro de 2024

PMs são presos por suspeita de tortura contra soldado em curso de formação do Batalhão de Choque, no DF

Segundo soldado Danilo Martins, ele foi agredido e humilhado para que desistisse do curso. Comandante do Patrulhamento Tático foi afastado e celulares foram apreendidos; TV Globo tenta contato com PMDF. Imagem mostra hematomas no corpo do soldado Danilo
Reprodução
O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) cumpriu, na manhã desta segunda-feira (29), 13 mandados de prisão temporária contra policiais suspeitos de praticar tortura contra um colega de farda do Batalhão de Choque da Polícia Militar do DF (PMDF).
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Segundo o soldado Danilo Martins, ele foi agredido e humilhado para que desistisse do curso de formação do patrulhamento tático móvel do Batalhão de Choque (BPChoque). Danilo ficou internado no hospital por seis dias, após 8h dentro do batalhão sendo torturado. Segundo ele, as agressões só pararam quando ele assinou o termo de desistência do curso (veja detalhes mais abaixo).
Segundo o MP, foram apreendidos celulares dos militares supostamente envolvidos e a suspensão do curso até o encerramento das investigações. Também foi determinado o afastamento do comandante do Patrulhamento Tático Móvel do Batalhão de Choque (BPChoque) até o encerramento das apurações. A TV Globo tenta contato com a PMDF.
Mais cedo, a corporação informou que a corregedoria abriu um inquérito para apurar o caso e informou que o tenente apontado como o responsável por liderar as agressões se desligou da coordenação voluntariamente, enquanto o caso é investigado. Mas, em nota, negou que o policial tenha sido forçado a assinar a desistência e disse que “não há que se falar em tortura”.
Agressões
Soldado conta que sofreu tortura dentro de batalhão da PMDF
Na denúncia feita ao Ministério Público, o policial conta que teve gás lacrimogênio e gás de espuma jogados em seu rosto, que foi obrigado a tomar café com sal e pimenta, e que foi agredido com pauladas, chutes no joelho, no rosto e no estômago.
“Eles colocaram gás nos meus olhos, depois pediram para eu correr ao redor do batalhão cantando uma música vexatória. E depois disso me colocaram para fazer flexão de punho cerrado no asfalto, me deram pauladas na cabeça, no estômago”, conta Danilo (veja vídeo acima).
Danilo diz que, no hospital, ele foi diagnosticado com insuficiência renal, rabdomiólise – ruptura do músculo esquelético, ruptura no menisco, hérnia de disco e lesões lombar e cerebral.
Forçado a assinar desistência
Danilo conta que se inscreveu no curso de patrulhamento tático móvel de 2024. No dia 22 de abril, haveria a apresentação, onde são tratadas questões documentais, de alojamento, cerimonial e toda a logística do curso.
“Eu me apresentei às 8h15, juntamente com o turno, e o coordenador já me retirou do turno e disse que se eu não assinasse o requerimento [de desistência] que já estava preenchido, ele iria me tirar, seja por lesão ou trairagem”, lembra Danilo.
O soldado conta que se recusou assinar a desistência, por várias vezes. E foi quando, segundo ele, o tenente coordenador do curso de patrulhamento tático móvel iniciou as agressões contra ele, junto de outros policiais.
Danilo é escritor e atleta, e já venceu uma competição internacional de futebol dentro da corporação. Ele também costuma compartilhar a rotina nas redes sociais. Segundo ele, isso pode ter motivado as agressões.
“Ele [tenente] disse que muitas pessoas pediram para ele fazer aquilo e que ele não iria embora sem me desligar”, afirma Danilo.
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