Maria Eduarda Fardelone de Carvalho, de 25 anos, morreu após ser baleada por uma amiga, de 24, que mexia em uma pistola emprestada por um PM de folga em Guarujá (SP). Maria Eduarda morreu com tiro disparado por uma amiga em Guarujá (SP)
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A Polícia Civil não vai investigar a morte de Maria Eduarda Fardelone de Carvalho, de 25 anos, que foi baleada por uma amiga, de 24, em Guarujá, no litoral de São Paulo. Segundo o delegado titular do DP Sede, Antônio Sucupira Neto, os envolvidos foram ouvidos na data da ocorrência, com o flagrante sendo feito em seguida. A corporação concluiu que o tiro foi “acidental” e encaminhou o caso à Justiça.
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O disparo aconteceu em um apartamento alugado por um grupo de amigos composto por homens e mulheres na Rua Allan Kardec, no bairro da Enseada, na noite de 20 de outubro. No local, uma das mulheres pegou o armamento de um policial militar, de 28 anos, que estava de folga e era amigo dela.
Conforme apurado pelo g1, Maria Eduarda morreu no local. O PM e a autora do disparo chegaram a ser presos. No entanto, o homem teve a liberdade provisória concedida e a mulher pagou fiança de R$ 1,5 mil, respondendo pelo crime em liberdade.
“Todo mundo [foi] ouvido no dia e mandado para o Fórum. Não [vai ter investigação] porque é autoria conhecida: a menina que atirou [e o] PM, que era dono da arma”, explicou o delegado. “[Foi] feito flagrante e [o caso foi] encaminhado à Justiça”.
Conforme registrado no boletim de ocorrência (BO), obtido pelo g1, a autora do disparo disse em interrogatório que o PM entregou a mão na arma dela. Maria Eduarda pediu para ver, momento em que a amiga fez menção de entregar o objeto e atirou acidentalmente, ainda segundo o relato.
O PM, por sua vez, disse em depoimento que a amiga pegou a arma do sofá enquanto ele calçava o tênis. Logo em seguida, ouviu o barulho do tiro, de acordo com o registro policial.
Maria Eduarda morreu com tiro disparado por amiga em Guarujá (SP)
Arquivo Pessoal
Tiro acidental
Segundo o delegado, cabe à Justiça decidir os próximos passos e conduzir o caso. “Como a gente diz, estavam todos os personagens presentes. O que vai faltar é o laudo da arma e do Instituto Médico Legal (IML) da vítima”, disse.
Para Sucupira, com base no registro da ocorrência feito por outro delegado, não há possibilidade do tiro não ter sido acidental. Ele também comentou sobre a declaração da mãe da vítima ao g1, na qual ela afirmou não acreditar que o disparo tenha sido feito sem intenção.
“A gente respeita porque é uma mãe que perdeu uma filha de 25 anos, mas se houver a dúvida ou por parte do juiz ou do Ministério Público, eles vão pedir para que a gente investigue”, ressaltou o delegado.
O agente disse que chegou a questionar envolvidos e testemunhas se alguma briga ocorreu no dia e também se havia desavença entre as amigas. A resposta, de acordo com Sucupira, foi negativa. “Você vai descartando essa fala da mãe, essa possibilidade [de não ter sido acidental]”, afirmou.
TJ e MP-SP
Procurado pelo g1, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) informou que o PM teve a liberdade provisória concedida durante audiência de custódia em 21 de outubro.
No entanto, ainda segundo o TJ-SP, o homem deve comparecer bimestralmente em juízo para informar e justificar as próprias atividades, além de ser proibido de deixar a comarca ou se mudar de domicílio sem autorização do juízo.
O g1 também procurou o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), em busca de mais informações sobre o andamento do caso, mas não recebeu um retorno até a última atualização desta reportagem.
Mãe pede justiça
Maria Eduarda morreu com tiro disparado por amiga em Guarujá (SP)
Redes sociais e Marcela Pierotti/TV Tribuna
A mãe da vítima Rose Fardelone pede para que o caso seja investigado pelas autoridades. Ela disse não acreditar que o disparo foi feito sem intenção.
“Meu coração de mãe não sente que foi acidental […]. Precisamos de justiça ou realmente da verdade”, disse a microempresária e mãe da vítima, Rose Fardelone, de 51 anos.
A mulher contou que foi informada sobre a morte da filha pela cunhada. “[Foi] muito doloroso, perdemos o chão”, desabafou ela. Rose considerou que “muitas coisas” em relação ao caso ainda “precisam ser esclarecidas”. Ela também questionou a possibilidade da autora do disparo responder em liberdade após pagar a fiança.
“Pelo que sabemos, ela não estava em condições financeiras para [pagar] esse montante na hora”, disse Rose, que considerou como “o mínimo” a detenção do PM. Ela acrescentou que não conhecia pessoalmente a amiga que efetuou o disparo. A mulher, segundo a mãe, também não procurou a família da vítima.
Maria Eduarda
A vítima foi definida pela mãe como uma mulher “alegre, espontânea, divertida e descontraída”, que gostava de viajar, amava festas e reprovava qualquer tipo de preconceito.
A jovem que estudava gastronomia deixou um filho que completará 2 anos em dezembro. “[Ele era] a paixão dela”, complementou a mãe.
O que disse a amiga?
Polícia Militar e Samu compareceram ao condomínio, em Guarujá (SP)
Reprodução/TV Tribuna
De acordo com informações do boletim de ocorrência, a jovem que efetuou o disparo disse em interrogatório que estava na sala com Maria Eduarda e o policial militar. Ela não sabia que o rapaz estava armado, mas o viu colocando a pistola na cintura e ficou curiosa. A jovem pediu a arma ao policial, para manusear, e ele teria alegado ser perigoso, já que ela não tinha experiência.
Apesar disso, o PM teria tirado a arma da cintura, retirado as munições e entregado na mão da mulher. Ela contou à corporação que Maria Eduarda pediu para ver a pistola também, então fez um movimento com o braço direito com menção de entregá-la à amiga.
Segundo a jovem, ela não sabia que havia um projétil na câmara de disparo e tampouco conhecia o mecanismo de funcionamento da arma. Ela acreditava que, ao tirar o ‘pente’ de projéteis da arma, o amigo havia retirado toda a munição.
O que disse o PM?
O PM, por outro lado, disse que não entregou a arma à amiga. Ele afirmou que manteve a pistola guardada e, que pouco antes do disparo, a colocou em cima do sofá enquanto calçava o tênis.
Ele escutou as duas jovens comentando sobre a arma e, em seguida, ouviu o disparo. Logo na sequência, viu Maria Eduarda caída no chão e a outra mulher jogar a arma no sofá.
Maria Eduarda Fardelone de Carvalho morreu após ser atingida por arma de PM disparada pela amiga no Guarujá
Reprodução/Grupo Mariano
A Prefeitura de Guarujá informou que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) foi acionado para atender a ocorrência. No local, a equipe encontrou a mulher, de 25 anos, que apresentava ferimento na face, causado por arma de fogo. O óbito foi constatado em seguida.
O caso foi apresentado na Delegacia Sede de Guarujá, onde um boletim de ocorrência foi registrado como homicídio culposo – quando não há intenção de matar – e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. A arma do PM foi apreendida.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou à época que a Polícia Civil investigava a morte da mulher de 25 anos. Tanto a autora do disparo quanto o PM foram presos em flagrante. A mulher pagou fiança de R$ 1.500 e, com isso, responderá em liberdade. Já o policial foi encaminhado ao Presídio Romão Gomes.
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