18 de novembro de 2024

Polícia identifica mais três suspeitos de envolvimento em estupro coletivo contra menina de 13 anos; entenda

Homem de 18 anos foi preso pelo crime de estupro de vulnerável. Outros sete menores de idade foram identificados pelo ato infracional. Adolescente estuprada por 10 homens conheceu o ‘suposto’ namorado pelas redes sociais
dlxmedia.hu/Pexels e Divulgação/Governo de SP
A Polícia Civil identificou mais três suspeitos de participarem do estupro coletivo da menina de 13 anos durante um encontro com o “suposto” namorado, de 15, em Praia Grande (SP). Antes da família descobrir sobre o crime, por meio da mãe de uma colega da adolescente, ela havia ficado dois dias sem dar notícias e o desaparecimento foi levado à polícia.
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No período em que esteve desaparecida, em julho, a menina foi estuprada por pelo menos 10 homens em três locais diferentes, no bairro Vila Sônia. Um homem de 18 anos foi preso e está à disposição da Justiça no 5° Distrito Policial (DP) de Santos. Outros quatro adolescentes já haviam sido identificados.
Conforme apurado pela reportagem do g1 e da TV Tribuna, afiliada da Globo, dos três novos identificados, dois deles são adolescentes, um de 15 anos e o outro de 16. O outro suspeito ainda não se apresentou na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da cidade.
A identificação desses suspeitos foi possível após a Polícia Civil obter um novo vídeo que registrou o crime. As imagens, conforme apurado pelo g1, teria sido gravadas no terceiro local em que a vítima foi levada e estuprada.
O que diz a SSP-SP?
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso é investigado por meio de inquérito policial instaurado pela DDM da cidade.
De acordo com a pasta, a autoridade policial continua realizando diligências para identificar e prender todos os suspeitos envolvidos.
A SSP-SP disse que detalhes adicionais sobre a ocorrência serão preservados em razão da natureza do caso e por envolver menor de idade.
O g1 questionou a pasta sobre as novas provas, que auxiliaram na investigação e identificação de mais suspeitos envolvidos e sobre a quantidade de identificados, mas não obteve resposta da SSP-SP.
Três suspeitos de participação no estupro coletivo de adolescente são identificados
Encontro marcado com ‘suposto’ namorado
De acordo com a delegada Lyvia Cristina Bonella, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da cidade, o “suposto” namorado da adolescente a convidou para um encontro e encaminhou um mototáxi para buscá-la e levá-la até a Vila Sônia, onde o crime ocorreu em três locais diferentes.
“Tinha um rapaz com quem ela tinha, ou achava que tinha, um relacionamento, também menor de idade. Esse rapaz marcou um encontro com ela para ficarem juntos em uma casa emprestada. Só que, quando ela chegou, não tinha só esse rapaz”, disse a delegada.
De acordo com relatos da adolescente, o “suposto” namorado queria que ela fizesse sexo com ele e o outro rapaz. A proposta foi negada, mas acabou sendo ignorada.
A delegada Lyvia contou que a adolescente afirma ter mantido relação com um deles, ingerido bebida alcoólica e, depois, segundo a menor, outros meninos apareceram e a levaram para outra casa, onde contou ter sido estuprada por oito pessoas.
Menina de 13 anos é vítima de estupro coletivo em Praia Grande
O grupo e a vítima ainda foram para outro imóvel, onde ela teria sido abusada por três pessoas. A delegada não tem precisão de quantos criminosos estariam envolvidos no estupro, mas estima que sejam de 10 a 12 pessoas.
“Ela havia ingerido bastante bebida alcoólica. Tenho o relato da escuta especializada, que eu também não posso falar muito, [mas] ela confirma as violações que sofreu. Era a única menina no local em um grupo de meninos”, disse Lyvia.
A delegada contou que ainda não sabe se a vítima permaneceu em cárcere ou se ela ficou no local por espontânea vontade. “Nem que ela quisesse ir embora, não poderia. Eram vários rapazes contra ela e foram dando bebida alcoólica. Uma situação extremamente delicada mesmo”.
Crime filmado
A testemunha que contou sobre o estupro aos pais da vítima descobriu a situação ao assistir um vídeo da adolescente sendo violentada. “Foi filmado, mas não dá para ver o rosto dos agressores”. As imagens permitiram à polícia identificar cinco dos envolvidos.
De acordo com a delegada, quatro dos identificados são menores de idade e o outro é maior. “Ele foi preso temporariamente para que a gente consiga investigar”. Em relação aos demais, a polícia encaminhou um procedimento ao Ministério Público (MP) por tratar-se de ato infracional.
Durante a prisão, o criminoso não quis prestar depoimento. “Consegui identificá-lo porque ela mantinha conversa com eles pelo Instagram e os pais autorizaram que eu verificasse, inclusive, foi para perícia para ver se descobrem mais alguma coisa”.
“Envolve uma menor que, por ter 13 anos, é considerado estupro [de vulnerável], por mais que ela tivesse consentido”, enfatizou a delegada.
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Alerta aos pais
Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo, a delegada alertou sobre a importância de pais e responsáveis fiscalizarem os celulares dos filhos. De acordo com Lyvia, tendo em vista a gravidade do crime, é importante que pais e responsáveis fiscalizem os celulares de crianças e adolescentes, e tomem conhecimento das pessoas com quem eles estão interagindo.
“Não deixe o adolescente muito tempo sozinho com o celular. Restrinjam também o uso do aparelho, o uso de certos aplicativos”. A delegada Lyvia entende ser muito difícil impedir a utilização dos celulares, mas reforçou: “A fiscalização e restrição, acho essencial”.
Além de vigiar as redes sociais dos filhos, a delegada recomendou que os pais prestem atenção na rotina dos menores. “Prestar atenção em alguma mudança de comportamento, saber com quem esse adolescente convive, que tipo de amizades tem, estar presente na vida dele”.
Segundo ela, o crime sofrido pela adolescente se encaixa como estupro coletivo e estupro de vulnerável porque, aos 13 anos, ela não tem capacidade de consentir o ato sexual. A delegada explicou que, mesmo que a menor quisesse manter relação sexual, isso seria considerado crime.
“Quando ela se viu naquele local com vários rapazes, ela não tinha condições de esboçar nenhuma reação ou fuga pela desproporcionalidade numérica. Então, por si só, já seria um estupro de vulnerável”, disse.
Delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Praia Grande, Lyvia Cristina Bonella
Brenda Bento/g1
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