17 de outubro de 2024

Polícia inclui homicídio em investigação de incêndio em indústria química em SP; donos prestam depoimento

Apuração de novo crime ocorre após morte do funcionário Estevão Campanini, de 27 anos, na madrugada desta quarta (16). Relatórios da perícia e Cetesb devem sair nos próximos dias. A Polícia Civil incluiu o crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, na investigação do incêndio na indústria de produtos químicos em Sertãozinho (SP) na última sexta-feira (11). A inclusão ocorre após a confirmação, nesta quarta (16), da morte do jovem de 27 anos Estevão Felisberto Campanini, um dos funcionários da empresa.
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Segundo o delegado Eric Germano, responsável pelas investigações, além do homicídio, a polícia também apura os crimes de lesão corporal e incêndio.
“A natureza dos crimes iniciais permanece. A gente vai dar mais essa natureza, investigação de homicídio culposo, para ver se realmente teve alguma culpa de alguém. As investigações já iniciaram. A gente vai apurar as causas, o que motivou, quais condutas que foram praticadas que resultaram nessa explosão, os danos que foram observados, as lesões nas vítimas e agora a morte de uma vítima, infelizmente”, disse.
Delegado Eric Germano, da Polícia Civil de Sertãozinho
Reprodução/EPTV
Estevão Campanini era um dos funcionários que faziam o transbordo do caminhão carregado com produtos químicos que estava estacionado em frente à fábrica e também pegou fogo. A vítima estava internada no Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto (SP), mas não resistiu.
Há, ainda, outras três vítimas do incêndio internadas, sendo duas no HC e uma, no Hospital São Lucas Ribeirânia, também em Ribeirão Preto. O estado de saúde delas não foi divulgado.
À EPTV, afiliada da TV Globo, a Innove Química informou que presta apoio aos familiares do jovem morto.
Estevão Felisberto Campanini, de 27 anos, morreu atingido por incêndio em fábrica de produtos químicos de Sertãozinho
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Donos prestam depoimento
Na manhã desta quarta-feira, donos e diretores da empresa prestaram depoimento à Polícia Civil. O delegado não passou detalhes sobre o que eles disseram, mas explicou que a oitiva é importante para as investigações apontarem eventual culpabilidade.
“Diretores e proprietários da empresa foram ouvidos sobre os produtos que são fabricados pela empresa, os materiais utilizados, a forma de armazenamento, se seguem todas as medidas administrativas dos órgãos fiscalizadores e qual era a atividade que eles tinham que realizar naquele momento para não produzir esse resultado. O transbordo estava sendo realizado da maneira correta? Os funcionários tinham algum treinamento específico? Tudo isso vai fazer parte para a gente concluir se houve culpa de alguém”, cita.
Ao término do depoimento, os responsáveis pela fábrica não quiseram gravar entrevista.
Além das oitivas, a polícia também aguarda relatórios da perícia e da Companhia Ambiental do Estado (Cetesb), que devem ficar prontos nos próximos dias, para dar sequência às investigações.
Donos e diretores de fábrica de produtos químicos que pegou fogo em Sertãozinho prestaram depoimento à Polícia Civil
Reprodução/EPTV
Sem autorização para depósito
A indústria atingida pelo fogo não tinha autorização para ser um depósito, afirmou o gerente regional da Companhia Ambiental do Estado (Cetesb), Otávio Okano. Esse é um dos motivos que, segundo ele, vão levar o órgão a autuar a empresa.
“Com certeza, a empresa será autuada pelos danos ambientais causados, não só ao meio ambiente, inclusive para as pessoas que se queimaram no processo da explosão que houve na empresa, além de que ela ter o agravante que aquele depósito que ela tinha não tinha licença ambiental da Cetesb”, disse à EPTV.
Procurada pela produção, a Innove Química negou que a unidade que pegou fogo tenha sido utilizada como depósito, mas sim como um ponto de transbordo de materiais, e que essa informação foi passada à Cetesb. Além disso, confirmou que a indústria tem licenças não só com a Cetesb como com a Prefeitura e o Corpo de Bombeiros.
O valor da multa a ser aplicada ainda não foi definido.
“É um relatório que a gente faz daquilo que a gente observou das consequências que teve o acidente, não é um laudo pericial como faz a Polícia Civil. (…) Nos restringimos às questões ambientais, ao licenciamento, aos danos que possam ter causado para as pessoas e para a população do entorno, além de a gente verificar toda a documentação, se a empresa está legal ou não perante a Cetesb”, disse Okano.
Imagem feita por drone na área da empresa de produtos químicos atingida por incêndio em Sertãozinho, SP
Cacá Trovó/EPTV
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Explosões, feridos e desalojados
O incêndio aconteceu no começo da tarde de sexta-feira, na Vila Industrial, após diversas explosões em um caminhão estacionado na rua em frente à empresa, e também na parte interna dela. O veículo estava carregado com clorito de sódio e a fábrica tinha ureia e ácido fosfórico, principalmente. Uma das suspeitas é de que houve contato entre essas substâncias, o que teria causado a explosão.
Um vídeo de câmera de segurança obtido pela EPTV mostra o momento em que acontece a explosão que antecedeu o incêndio na fábrica (veja abaixo).
Vídeo mostra momento em que caminhão com produtos químicos explode em Sertãozinho
O fogo se alastrou pelos imóveis vizinhos e comprometeu as estruturas. Moradores no bairro tiveram ao menos 12 casas interditadas no sábado (12) pelas autoridades por causa de danos causados.
De acordo com a Prefeitura, ao menos 30 pessoas, 11 delas com queimaduras, foram atendidas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Quatro irmãos com idades de 2 a 10 anos e a mãe deles ficaram feridos.
Até esta terça-feira (15), 30 pessoas seguiam fora de suas casas, abrigadas provisoriamente em um hotel, aguardando liberação da Defesa Civil.
Bombeiros suspeitam que galões com clorito de sódio podem ter explodido em empresa em Sertãozinho, SP
Cacá Trovó/EPTV
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