15 de novembro de 2024

Polícia investiga três denúncias de crime sexual contra fisioterapeuta em Piracicaba


Ao g1, uma das pacientes afirmou que foi manipulada de forma libidinosa durante um atendimento. Clínica informou que afastou o profissional. Inquérito foi instaurado na DDM. Caso é investigado pela DDM de Piracicaba
Divulgação/ GCM de Piracicaba
A Polícia Civil investiga um fisioterapeuta de Piracicaba (SP) denunciado por três mulheres por crime sexual. Ao g1, a primeira denunciante relatou que o caso ocorreu enquanto passava por atendimento com o profissional, detalhando que foi manipulada de forma libidinosa, na última sexta-feira (8).
ALERTA DE GATILHO: Este texto contém descrição de violência sexual
A paciente, que também é fisioterapeuta relatou que, no dia 7 de novembro, passou por consulta com um ortopedista para tratamento de uma lesão no glúteo, e ele a orientou a receber uma eletroterapia , indicando um fisioterapeuta.
Na sexta (8) pela manhã, ela contatou o fisioterapeuta indicado e, às 10h, iniciou um atendimento com ele.
“Do meio para o fim [do atendimento], ele começou a deslizar a mão dele dessa lesão, e eu falava para ele: ‘não é aí a lesão, é mais para cima’. Eu pedi duas ou três vezes para ele, porque com o dedão ele mexia na minha lesão e, com os outros quatro dedos da mão, ele caminhava para o meio das minhas pernas. E eu pedia para que ele subisse”, detalha.
Segundo a paciente, a investida foi escalonando. “Do meio das minhas pernas ele tentou mexer na minha vagina e eu comecei a me mexer, pedi para ele parar […] Quando eu tentei me levantar, ele puxou o meu quadril e eu sentei em cima dos meus tornozelos, tentando me levantar. Ele já veio com uma investida muito mais forte, afastou a minha calcinha e foi colocando a mão para dentro da minha vagina. Eu me levantei rapidamente, pedi para que ele parasse […] Deu para ver que ele estava excitado ali”, acrescenta.
Ela disse que o fisioterapeuta ainda fez comentários após isso. “Ele olhou para mim, bem perto do meu rosto, e falou que eu era muito gata. E eu olhei para ele e disse assim: ‘Nossa o que você está falando?’. Ele fez assim: ‘não dá, não dá para mim, você é gata demais'”.
A denunciante conta que correu para sua casa e pediu ajuda ao marido. Eles retornaram à clínica, onde ela denunciou o caso ao gerente. Segundo ela, o fisioterapeuta que a atendeu admitiu ocorrido.
“Dado um determinado momento, ele assumiu que ele tinha feito isso, na minha frente, na frente do meu marido e na frente do [gerente da clínica]. E disse que ele tinha se arrependido desse elogio que ele fez pra mim, mas que eu estava exagerando, que não era pra tudo isso”, relatou.
A fisioterapeuta afirmou que formalizou uma denúncia no conselho de fisioterapia, na Polícia Civil e acionou a Justiça. E afirmou que, após o ocorrido, houve uma confraternização na clínica, conforme posts feitos por funcionários da empresa em redes sociais.
“Eu não sei aonde a equipe achou que estava tudo bem, fazer uma comemoração com uma pizzada e um karaokê e postar isso em rede social. A minha vida virou um inferno, porque enquanto eles estavam comendo pizza, eu estava dentro de uma delegacia e fazendo exame corporal, porque o rapaz me machucou, entendeu?”, lamentou.
Olívia Fonseca, delegada da DDM de Piracicaba
Caroline Giantomaso/g1
Casos são investigados pela DDM
A Polícia Civil aponta existência de três boletins de ocorrência envolvendo o suspeito. As investigações seguem por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Piracicaba (DDM).
“A autoridade policial realiza oitivas e demais diligências visando o total esclarecimento dos fatos. Detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial”, informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo em nota enviada ao g1 nesta quinta-feira (14).
Segundo a delegada Olívia Fonseca, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Piracicaba, após a primeira denúncia ter sido divulgada na imprensa, outras duas mulheres também se pronunciaram.
“Ao tomar conhecimento da primeira denúncia, vieram até esta especializada e relataram fato similar contra o mesmo profissional. As declarações das três mulheres são coesas. O crime que está sendo apurado é o de violação sexual mediante fraude”, disse.
Fisioterapeuta é afastado
A clínica onde o fisioterapeuta trabalha publicou um comunicado oficial no Instagram, no último sábado (9).
“Os relatos recebidos retratam uma situação inaceitável e que requer imediata averiguação. Informamos que logo após tomarmos ciência, o profissional envolvido foi afastado de suas funções e assim permanecerá até que as apurações se encerrem, quando prontamente adotaremos medidas adequadas”, apontou.
A empresa acrescentou que “lamenta profundamente” e se solidariza com a paciente.
“Porquanto, reafirmaremos nosso compromisso com a transparência e, acima de tudo, a ética e o respeito em todas as nossas atividades, inclusive na condução da presente questão”, finalizou.
O que diz a defesa
Advogado do fisioterapeuta, Willey Sucasas também emitiu uma nota a respeito do caso.
“A legislação brasileira proíbe a divulgação de fatos e dados atinentes a investigações dessa natureza, especialmente quando isso consta expressamente em documentos oficiais. Portanto, em respeito a lei, bem como ao bom nome e honra das pessoas envolvidas, os advogados por enquanto não comentarão nada a respeito dos fatos. Enfatizam, todavia, terem a mais plena certeza e absoluta convicção de que no local e momento oportuno, nos autos da investigação, tudo será cabalmente esclarecido”, disse.
O que diz a clínica
Em nota enviada ao g1, a empresa afirma que “repudia veementemente qualquer forma de assédio e está acompanhando com total atenção e seriedade o caso relatado pela paciente, aguardando o desdobramento da investigação para que todas as medidas cabíveis possam ser tomadas”.
“Ressaltamos nosso compromisso contínuo com a ética e o respeito, promovendo ações e treinamentos frequentes para toda a equipe. Nossa prioridade é garantir que nossos profissionais estejam sempre alinhados aos mais altos padrões de conduta e respeito ao paciente”, acrescentou.
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