16 de janeiro de 2025

Policial que ficou ilhada com mãe e filho em teto de casa alagada no PI relembra aflição antes de resgate: ‘Não sabia o poder que a água tinha’


Luiza Barros teve a casa invadida por forte correnteza durante temporal que atinge Picos, no Piauí, desde segunda (13). Ela pediu socorro pelas redes sociais e foi resgatada, ao lado dos familiares, após três horas de desespero. Policial que ficou ilhada em teto com mãe e filho relembra aflição antes de resgate
Reprodução/Redes Sociais
A policial militar Luiza Barros viveu momentos de aflição e terror ao lado da mãe e do filho de três anos na madrugada de terça-feira (14) em Picos, no Piauí. Eles ficaram ilhados no teto de casa, por cerca de três horas (veja acima), enquanto a residência era invadida por uma forte correnteza de água provocada pelo temporal que atinge a cidade desde segunda-feira (13).
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Luiza recorreu às redes sociais para pedir socorro, gravando a situação de sua família. O desespero logo deu lugar ao alívio e à gratidão assim que os três foram resgatados pelo Exército e o Corpo de Bombeiros. Além deles, dois dos três cachorros que conviviam com eles em casa foram salvos – o outro continua desaparecido.
“Eu não sabia o poder que a água tinha. Eu via pelas redes sociais, na televisão, só que você não sabe realmente o quanto aquilo é perigoso. É água correndo, que te leva num piscar de olhos”, afirmou ao Jornal Nacional na quarta-feira (15).
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Desespero inicial
Em entrevista à TV Clube na quarta, a policial lotada no Maranhão explicou como conseguiu salvar a mãe e o filho e contou como a força da água devastou sua casa e os forçou a buscar refúgio no teto.
“Acordei com minha mãe gritando que estava entrando [água] na casa. Ela se desesperava, era um grito muito diferente. Tentei acalmar ela, fechei logo a porta e fui colocando os cachorros para dentro. Achava que ia ficar só naquele nível, só que a água não parava de subir”, relatou Luiza.
Como a servidora pública tinha fechado a porta de vidro da frente, ela e seus familiares ficaram presos dentro da casa. As outras portas e janelas sentiam a pressão da água, e uma intensa correnteza já começava a passar pela rua da residência. Dessa forma, não havia como sair pela frente.
Plano do telhado
Policial que ficou ilhada em teto com mãe e filho relembra aflição antes de resgate
Reprodução/Redes Sociais
A dona da casa concluiu que eles precisavam ir para um lugar mais alto – o telhado. Inicialmente, ela tentou ir para a caixa d’água, mas não conseguiria e nem teria tempo para quebrar os madeirites que a separavam do teto. Luiza então quebrou a porta de vidro e saiu sozinha; nesse momento, a correnteza invadiu sua casa.
“A primeira coisa que aconteceu foi cair o portão. Eu só via a água passando com grande velocidade e força. Minha vira-lata me seguiu para eu ver o perímetro e ela foi carregada dentro de casa pela correnteza”, lamentou.
Luiza voltou e levou a mãe e o filho para o telhado por meio de um portão lateral. Sob chuva intensa, ela percebeu que precisaria encontrar algum material que não estivesse molhado para proteger os dois do frio.
A policial entrou no escritório e sofreu um choque elétrico fino. Apesar do susto, ela continuou e pegou o plástico de uma cortina para cobrir os familiares. Depois, resgatou os outros dois cães, que estavam em cima de um colchão no quarto dela. Ao chegar ao cômodo, levou outro choque e teve de desligar a caixa de eletricidade.
“Peguei a primeira cachorra, a mais maneira (leve) e consegui levar ela para cima, minha mãe pegou. Quando foi na hora do [Pit] Monster, muito pesado e grande, ele começou a se debater e a correnteza nos levou. Tive que soltar ele, senão ia nós dois. Me segurei e fui para o telhado, ali a gente ficou”, lembrou.
Resgate da família
Policial que ficou ilhada em teto com mãe e filho relembra aflição antes de resgate
Reprodução/Redes Sociais
Assim que a água entrou em sua casa, Luiza ligou para a Polícia Militar e pediu ajuda. Após quase três horas em cima do telhado, equipes do Exército e do Corpo de Bombeiros chegaram e esperaram o nível da água baixar para resgatar a família.
Ela apontou que os socorristas tentaram chegar até eles andando e trazendo um barco, mas a correnteza que passava pela residência não permitia a travessia a pé. Por isso, fizeram o trajeto em um jet ski de moradores da região.
Outro vídeo gravado por Luiza e publicado em suas redes sociais mostra ela, a mãe e o filho acompanhando militares do Exército em meio a uma rua alagada, com a água cobrindo boa parte de suas pernas.
Horas de aflição: família ficou em cima de teto esperando por resgate
Enquanto aguardavam o resgate, os familiares também contaram com o apoio emocional de amigos da irmã da policial, que lhes fizeram companhia durante toda a madrugada.
“E se eu não tivesse ali para salvar eles? O material depois a gente vai atrás. Tem muitas pessoas nos ajudando e fazendo campanha, amigos, família, a PM. Está faltando só um cachorro, mas com fé em Deus ele vai aparecer igual à outra que ficou mais de 15 horas desaparecida”, completou Luiza.
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Chuvas no Piauí
Ao todo, 151 cidades do Piauí estão em alerta laranja (ou seja, de perigo) de chuvas intensas, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O aviso começa na manhã desta quinta-feira (16) e é válido até a manhã de sexta-feira (17).
A previsão do Inmet é de que as chuvas registrem entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia. Os ventos devem ser intensos e atingir de 60 a 100 km/h. Há risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e descargas elétricas.
Além disso, a Defesa Civil do Piauí alertou sobre o impacto das chuvas que podem cair no litoral do estado, que abrange os municípios de Cajueiro da Praia, Ilha Grande, Luís Correia e Parnaíba. Entre os possíveis problemas estão alagamentos e enxurradas.
Enchente provoca destruição e prejudica famílias em Picos
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